a rotina

08-11-2013
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a rotina

É compreensível a desilusão aqui patente de Henrique Raposo, que resulta, todavia, de um equívoco: o CDS nunca foi, nem quis ser, um «partido de direita sem complexos», mas, apenas e só, um partido de direita com complexos. Teve complexos de esquerda com o fundador, o sempre «rigorosamente ao centro» Diogo Freitas do Amaral, com o ministro da cultura da segunda AD, Francisco Lucas Pires, que era incensado pelas trupes «culturais» da esquerda, por quem distribuira subsídios e benesses, com o ex-ministro de Salazar, Adriano Moreira, homem que ideologicamente se fazia sempre questão de situar, não fosse o diabo tecê-las, na «democracia-cristã» e na «doutrina social da Igreja», e com toda a matilha de «democratas-cristãos» e «centristas», de Rui Pena a Luís Beiroco, que cairam nos braços do Partido Socialista na primeira oportunidade que lhes foi dada. Quando o jornalista Paulo Portas inventou, no estertor do cavaquismo, o Partido Popular e Manuel Monteiro, parecia que, mais de duas décadas após o 25 de Abril, a direita popular, liberal e conservadora poderia ter finalmente um partido que a representasse. Novo engano: Monteiro assumiu a pior tradição da direita portuguesa anti-liberal, paternalista e caudilhista, enquanto o Dr. Portas anunciou, mal chegou à liderança, em 1998, que o PP seria enterrado e o CDS ressuscitado. Nada de novo, portanto, nas recentes afirmações «esquerdistas» de Paulo Portas. É só mais do mesmo e é pena, mas não foge à rotina dos últimos trinta e sete anos.

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É compreensível a desilusão aqui patente de Henrique Raposo, que resulta, todavia, de um equívoco: o CDS nunca foi, nem quis ser, um «partido de direita sem complexos», mas, apenas e só, um partido de direita com complexos. Teve complexos de esquerda com o fundador, o sempre «rigorosamente ao centro» Diogo Freitas do Amaral, com o ministro da cultura da segunda AD, Francisco Lucas Pires, que era incensado pelas trupes «culturais» da esquerda, por quem distribuira subsídios e benesses, com o ex-ministro de Salazar, Adriano Moreira, homem que ideologicamente se fazia sempre questão de situar, não fosse o diabo tecê-las, na «democracia-cristã» e na «doutrina social da Igreja», e com toda a matilha de «democratas-cristãos» e «centristas», de Rui Pena a Luís Beiroco, que cairam nos braços do Partido Socialista na primeira oportunidade que lhes foi dada. Quando o jornalista Paulo Portas inventou, no estertor do cavaquismo, o Partido Popular e Manuel Monteiro, parecia que, mais de duas décadas após o 25 de Abril, a direita popular, liberal e conservadora poderia ter finalmente um partido que a representasse. Novo engano: Monteiro assumiu a pior tradição da direita portuguesa anti-liberal, paternalista e caudilhista, enquanto o Dr. Portas anunciou, mal chegou à liderança, em 1998, que o PP seria enterrado e o CDS ressuscitado. Nada de novo, portanto, nas recentes afirmações «esquerdistas» de Paulo Portas. É só mais do mesmo e é pena, mas não foge à rotina dos últimos trinta e sete anos.

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