Quando a comunicação entre líderes de coligação se faz no horário nobre da Televisão

08-10-2015
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Mais uma vez, Paulo Portas deparou-se com a necessidade de justificar aos portugueses o apoio às medidas apresentadas pelo Primeiro-Ministro.

Esta comunicação serviu o propósito de se demarcar das últimas propostas mais radicais do Governo, o processo de rescisões por mútuo acordo na função pública, o aumento da idade da reforma e a "TSU dos Pensionistas", e de tentar mostrar serviço por via da procura de alternativas na redução da Despesa que permitam que estas medidas não sejam implementadas.

É evidente que o faz pelo impacto extremo que estas têm junto do seu eleitorado mais fiel, os pensionistas, mas também pelo efeito recessivo que implicam.

Paulo Portas está consciente de que seguindo este programa de políticas avulsas, sem uma verdadeira reforma do Estado que permita desenvolver políticas públicas que sirvam de estímulo à Economia e ao mercado de trabalho, não conseguiremos alcançar o objectivo de redução da dívida externa sem sacrificar a economia nacional, ou seja, sem que fiquemos todos muito mais pobres. E que o impacto de algumas destas políticas avulso terão um efeito, social e económico, irreversível.

Mas a mensagem subliminar desta comunicação é, para mim, a mais preocupante. Estou, cada vez mais, convencido de que esta é a única forma que Paulo Portas dispõe para "comunicar" com o restante Executivo. Se as suas ideias vingassem em sede de Conselho de Ministros muitos dos "recados" enviados não fazem sentido. A única razão para este ser o meio de os comunicar é porque o destinatário é mesmo o Primeiro-Ministro, que desta forma tem de ser publicamente confrontado com estas posições divergentes dos membros de coligação.

A mensagem é preocupante não porque represente o prenúncio de uma possível quebra da coligação. Já aqui o disse que será o CDS-PP a roer a corda da maioria mas tal só acontecerá se for obrigado a isso e ainda não chegámos a esse ponto. É preocupante porque, neste momento, com excepção de alguns membros do Governo do PPD-PSD que também partilham esta qualidade, o CDS-PP representa a réstia de bom senso e realismo político de muitos que elegeram este Executivo.

Sem este papel fundamental de Paulo Portas o Governo há muito que teria perdido a (pouca) credibilidade e legitimidade de que ainda dispõe, pelas sucessivas propostas de políticas avulsas que vêm a público, umas apresentadas formalmente e que, pela reacção negativa que suscitam, são abandonadas, outras pela forma de rumores que mais não são do que experiências do tipo "sondagem", precisamente, para aferir quanto à sua popularidade.

Quando o líder de um partido tem de comunicar com o líder de outro partido por via de um comunicado público no horário nobre da televisão, quase para garantir que é visto, e ambos pertencem à mesma coligação que governa o País, que só por acaso está a gerir a maior crise política e económica de que há memória, fico mesmo muito preocupado.

Quando, por cima disto, ouço este mesmo Governo afirmar que está aberto a discutir as reformas com a Oposição Democrática e com os Parceiros Sociais, não consigo deixar de ficar perplexo.

Como o pretendem fazer? Por carta? Como é possível que uma fonte do Gabinete do Primeiro-Ministro anuncie que o líder da Oposição Democrática foi informado previamente sobre o teor da comunicação do Primeiro-Ministro ao País e seja logo desmentida, no momento, por um elemento da estrutura do Partido da Oposição. Será que se esqueceram de enviar em correio registado com aviso de recepção?

Como estamos a comunicar com o Presidente da União Europeia, com a Sra. Angela Merkel e com a Sra. Christine Lagarde, por Fax? (Nesse caso recomendo que no Palácio de S. Bento verifiquem o número do destinatário, porque não me parece que a mensagem esteja a chegar ao outro lado).

Sinceramente eu exijo mais deste Governo, e se este não toma a iniciativa, exijo que o faça então a Oposição Democrática.

O País é que não pode ficar perdido na tradução!

Mais uma vez, Paulo Portas deparou-se com a necessidade de justificar aos portugueses o apoio às medidas apresentadas pelo Primeiro-Ministro.

Esta comunicação serviu o propósito de se demarcar das últimas propostas mais radicais do Governo, o processo de rescisões por mútuo acordo na função pública, o aumento da idade da reforma e a "TSU dos Pensionistas", e de tentar mostrar serviço por via da procura de alternativas na redução da Despesa que permitam que estas medidas não sejam implementadas.

É evidente que o faz pelo impacto extremo que estas têm junto do seu eleitorado mais fiel, os pensionistas, mas também pelo efeito recessivo que implicam.

Paulo Portas está consciente de que seguindo este programa de políticas avulsas, sem uma verdadeira reforma do Estado que permita desenvolver políticas públicas que sirvam de estímulo à Economia e ao mercado de trabalho, não conseguiremos alcançar o objectivo de redução da dívida externa sem sacrificar a economia nacional, ou seja, sem que fiquemos todos muito mais pobres. E que o impacto de algumas destas políticas avulso terão um efeito, social e económico, irreversível.

Mas a mensagem subliminar desta comunicação é, para mim, a mais preocupante. Estou, cada vez mais, convencido de que esta é a única forma que Paulo Portas dispõe para "comunicar" com o restante Executivo. Se as suas ideias vingassem em sede de Conselho de Ministros muitos dos "recados" enviados não fazem sentido. A única razão para este ser o meio de os comunicar é porque o destinatário é mesmo o Primeiro-Ministro, que desta forma tem de ser publicamente confrontado com estas posições divergentes dos membros de coligação.

A mensagem é preocupante não porque represente o prenúncio de uma possível quebra da coligação. Já aqui o disse que será o CDS-PP a roer a corda da maioria mas tal só acontecerá se for obrigado a isso e ainda não chegámos a esse ponto. É preocupante porque, neste momento, com excepção de alguns membros do Governo do PPD-PSD que também partilham esta qualidade, o CDS-PP representa a réstia de bom senso e realismo político de muitos que elegeram este Executivo.

Sem este papel fundamental de Paulo Portas o Governo há muito que teria perdido a (pouca) credibilidade e legitimidade de que ainda dispõe, pelas sucessivas propostas de políticas avulsas que vêm a público, umas apresentadas formalmente e que, pela reacção negativa que suscitam, são abandonadas, outras pela forma de rumores que mais não são do que experiências do tipo "sondagem", precisamente, para aferir quanto à sua popularidade.

Quando o líder de um partido tem de comunicar com o líder de outro partido por via de um comunicado público no horário nobre da televisão, quase para garantir que é visto, e ambos pertencem à mesma coligação que governa o País, que só por acaso está a gerir a maior crise política e económica de que há memória, fico mesmo muito preocupado.

Quando, por cima disto, ouço este mesmo Governo afirmar que está aberto a discutir as reformas com a Oposição Democrática e com os Parceiros Sociais, não consigo deixar de ficar perplexo.

Como o pretendem fazer? Por carta? Como é possível que uma fonte do Gabinete do Primeiro-Ministro anuncie que o líder da Oposição Democrática foi informado previamente sobre o teor da comunicação do Primeiro-Ministro ao País e seja logo desmentida, no momento, por um elemento da estrutura do Partido da Oposição. Será que se esqueceram de enviar em correio registado com aviso de recepção?

Como estamos a comunicar com o Presidente da União Europeia, com a Sra. Angela Merkel e com a Sra. Christine Lagarde, por Fax? (Nesse caso recomendo que no Palácio de S. Bento verifiquem o número do destinatário, porque não me parece que a mensagem esteja a chegar ao outro lado).

Sinceramente eu exijo mais deste Governo, e se este não toma a iniciativa, exijo que o faça então a Oposição Democrática.

O País é que não pode ficar perdido na tradução!

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