Acabou a conversa, agora é a sério para Paulo Portas

13-09-2013
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O Verão foi animado, nomeadamente por uma crise política que tinha tudo para deitar o Governo abaixo mas que acabou por fortalecer Pedro Passos Coelho e deixar o líder da oposição, António José Seguro, fora-de-jogo.

No seguimento da crise, o primeiro-ministro fez uma remodelação que melhorou a qualidade do Executivo e, sobretudo, conseguiu agarrar Paulo Portas ao Governo. Como se tem visto nos últimos dias, goste ou não, o líder do CDS e vice-primeiro-ministro está agora no centro da acção governativa. Viajou com Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças, para conhecer os líderes da ‘troika' e, no Parlamento, foi claro sobre o que quer dos próximos exames dos credores: uma revisão da meta do défice para 2014 que passará de 4% para 4,5%. No fundo, quer mais 800 milhões de euros.

O dedo de Paulo Portas já se nota. Mas ainda é cedo para saber se tem o toque de Midas. Ao contrário do estilo tecnocrata de Vítor Gaspar, Portas assume que as avaliações da ‘troika' são um assunto político. Para o antigo ministro das Finanças, tudo começava num excel e acabava em reuniões mais ou menos secretas. Nunca se sabia oficialmente quais eram as pretensões do Governo. Ficou sempre a ideia de que Gaspar não negociava, apenas aceitava e, principalmente, concordava com as medidas de austeridade que recebia da ‘troika'.

Já Paulo Portas vai tentar negociar. E quererá tirar dividendos políticos das negociações. No entanto, não terá vida fácil. Apesar dos sinais positivos de recuperação económica, os ventos não estão a favor de Portugal. A crise política de Julho manchou a imagem nacional junto dos investidores e das instituições internacionais. Por isso, não é de esperar que nos facilitem a vida. Pelo contrário, vão exigir provas de que Portugal consegue cumprir o que está assumido - a reforma do Estado,o corte de mais de quatro mil milhões e a redução do défice e da dívida pública.

Este não é um tempo de conversa. Esse já se esgotou. Este é um tempo de acção. Portugal devia estar nesta altura a testar os mercados com emissões de dívida a longo prazo para provar que é capaz de passar para o programa cautelar, escapando a um segundo resgate. Porém, desde a crise política, os juros da dívida pública fixaram-se acima dos 7%, o que transforma o regresso aos mercados numa missão impossível.

Paulo Portas pode estar confrontado com o pior dos cenários. Por um lado, a intransigência da ‘troika', não alargando o garrote da austeridade. Por outro lado, a incapacidade de garantir o prémio do programa cautelar. O vice-primeiro-ministro é um mestre das palavras. Mas agora é um tempo de medidas. E até ao fim do mês terá de provar o que vale. Pedro Passos Coelho afirmou que é desta vez que vamos conhecer o guião da reforma do Estado da autoria de Portas. E o objectivo para a oitava e nona avaliações, as primeiras do líder do CDS, está fixado. Se não conseguir passar o défice orçamental de 2014 para 4,5% do PIB, Paulo Portas começa com o pé esquerdo e saíra enfraquecido.

O Verão foi animado, nomeadamente por uma crise política que tinha tudo para deitar o Governo abaixo mas que acabou por fortalecer Pedro Passos Coelho e deixar o líder da oposição, António José Seguro, fora-de-jogo.

No seguimento da crise, o primeiro-ministro fez uma remodelação que melhorou a qualidade do Executivo e, sobretudo, conseguiu agarrar Paulo Portas ao Governo. Como se tem visto nos últimos dias, goste ou não, o líder do CDS e vice-primeiro-ministro está agora no centro da acção governativa. Viajou com Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças, para conhecer os líderes da ‘troika' e, no Parlamento, foi claro sobre o que quer dos próximos exames dos credores: uma revisão da meta do défice para 2014 que passará de 4% para 4,5%. No fundo, quer mais 800 milhões de euros.

O dedo de Paulo Portas já se nota. Mas ainda é cedo para saber se tem o toque de Midas. Ao contrário do estilo tecnocrata de Vítor Gaspar, Portas assume que as avaliações da ‘troika' são um assunto político. Para o antigo ministro das Finanças, tudo começava num excel e acabava em reuniões mais ou menos secretas. Nunca se sabia oficialmente quais eram as pretensões do Governo. Ficou sempre a ideia de que Gaspar não negociava, apenas aceitava e, principalmente, concordava com as medidas de austeridade que recebia da ‘troika'.

Já Paulo Portas vai tentar negociar. E quererá tirar dividendos políticos das negociações. No entanto, não terá vida fácil. Apesar dos sinais positivos de recuperação económica, os ventos não estão a favor de Portugal. A crise política de Julho manchou a imagem nacional junto dos investidores e das instituições internacionais. Por isso, não é de esperar que nos facilitem a vida. Pelo contrário, vão exigir provas de que Portugal consegue cumprir o que está assumido - a reforma do Estado,o corte de mais de quatro mil milhões e a redução do défice e da dívida pública.

Este não é um tempo de conversa. Esse já se esgotou. Este é um tempo de acção. Portugal devia estar nesta altura a testar os mercados com emissões de dívida a longo prazo para provar que é capaz de passar para o programa cautelar, escapando a um segundo resgate. Porém, desde a crise política, os juros da dívida pública fixaram-se acima dos 7%, o que transforma o regresso aos mercados numa missão impossível.

Paulo Portas pode estar confrontado com o pior dos cenários. Por um lado, a intransigência da ‘troika', não alargando o garrote da austeridade. Por outro lado, a incapacidade de garantir o prémio do programa cautelar. O vice-primeiro-ministro é um mestre das palavras. Mas agora é um tempo de medidas. E até ao fim do mês terá de provar o que vale. Pedro Passos Coelho afirmou que é desta vez que vamos conhecer o guião da reforma do Estado da autoria de Portas. E o objectivo para a oitava e nona avaliações, as primeiras do líder do CDS, está fixado. Se não conseguir passar o défice orçamental de 2014 para 4,5% do PIB, Paulo Portas começa com o pé esquerdo e saíra enfraquecido.

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