Paulo Portas quer reformar o Governo e sonha com eleições

01-11-2013
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Paulo Portas andou um ano a fugir da reforma do Estado mas na quarta-feira lá deu a cara pelo seu (suposto) guião. Percebeu-se que estava a fazer um frete.

Paulo Portas andou um ano a fugir da reforma do Estado mas na quarta-feira lá deu a cara pelo seu (suposto) guião. Percebeu-se que estava a fazer um frete. Pareceu uma criança obrigada a tomar óleo de fígado de bacalhau. Quis despachar o incómodo rapidamente para voltar à vidinha política que tanto gosta. Veremos se o guião não irá persegui-lo como um fantasma.

Este documento sobre a reforma do Estado tem a impressão digital de Paulo Portas. É um conjunto de chavões e frases feitas sobre diversos assuntos mas, na sua maioria, sem qualquer conteúdo. Portas é um político de salão, mexe-se com a leveza de um dançarino, não tem o peso de um tecnocrata que gosta de estudar os assuntos em profundidade. O seu guião reflecte isto em cada caracter. A proposta de reforma do Estado português, apresentada pelo FMI, foi na altura bombardeada com napalm mas comparada com o documento de Portas é uma enciclopédia que deve ser consultada e estudada, mesmo que seja para rejeitar as propostas. No seu documento, o FMI teve o cuidado de enquadrar cada problema com valores e gráficos comparativos com a realidade europeia e as medidas estavam devidamente quantificadas. As soluções de Paulo Portas são tão vagas que não se percebe porque demoraram tanto tempo a conhecer a luz do dia. Um ano para isto?

Ainda assim, há pontos que devem ser sublinhados. Primeiro, as medidas avançadas por Portas dividem-se em dois grupos.

Por um lado, temos um conjunto de soluções consensuais como a desburocratização e mais descentralização de competências do Estado que acrescentam pouco ao debate pois já há muito que deviam estar concretizadas ou em execução. O que andou o Governo a fazer desde que tomou posse em 2011? Por outro lado, há um segundo grupo de propostas com um cunho ideológico mais profundo, onde temos, por exemplo, o plafonamento na Segurança Social, o cheque-ensino e a "venda" de escolas a professores. São ideias defendidas pela direita há algum tempo mas que dificilmente vão para a frente porque nunca haverá o consenso com o PS. Paulo Portas sabe disto, tal como tem a noção que dificilmente conseguirá fazer a reforma constitucional. Portanto, incluiu estas medidas na "sua" reforma do Estado para agradar ao seu eleitorado tradicional.

E este é o ponto político mais importante do documento apresentado pelo vice-primeiro-ministro. Não é a reforma do Estado desejada pelo Governo de coligação PSD/CDS, é o programa eleitoral que Portas vai levar às legislativas de 2015. Ontem, no arranque do debate parlamentar do Orçamento do Estado para 2014, Pedro Passos Coelho foi ignorando o guião de Portas. O PSD preferiu não comentar. Paulo Portas apresentou um documento partidário, que em parte rejeita a acção do Governo nos últimos dois anos, nomeadamente quando diz que cortar despesa não é reformar. Com este guião para a reforma do Estado, Paulo Portas dá mais uma machadada na coligação governamental que

está presa por arames. Para já, percebe-se que só querem sobreviver até ao Verão de 2014 para se despedirem da ‘troika'.

Paulo Portas andou um ano a fugir da reforma do Estado mas na quarta-feira lá deu a cara pelo seu (suposto) guião. Percebeu-se que estava a fazer um frete.

Paulo Portas andou um ano a fugir da reforma do Estado mas na quarta-feira lá deu a cara pelo seu (suposto) guião. Percebeu-se que estava a fazer um frete. Pareceu uma criança obrigada a tomar óleo de fígado de bacalhau. Quis despachar o incómodo rapidamente para voltar à vidinha política que tanto gosta. Veremos se o guião não irá persegui-lo como um fantasma.

Este documento sobre a reforma do Estado tem a impressão digital de Paulo Portas. É um conjunto de chavões e frases feitas sobre diversos assuntos mas, na sua maioria, sem qualquer conteúdo. Portas é um político de salão, mexe-se com a leveza de um dançarino, não tem o peso de um tecnocrata que gosta de estudar os assuntos em profundidade. O seu guião reflecte isto em cada caracter. A proposta de reforma do Estado português, apresentada pelo FMI, foi na altura bombardeada com napalm mas comparada com o documento de Portas é uma enciclopédia que deve ser consultada e estudada, mesmo que seja para rejeitar as propostas. No seu documento, o FMI teve o cuidado de enquadrar cada problema com valores e gráficos comparativos com a realidade europeia e as medidas estavam devidamente quantificadas. As soluções de Paulo Portas são tão vagas que não se percebe porque demoraram tanto tempo a conhecer a luz do dia. Um ano para isto?

Ainda assim, há pontos que devem ser sublinhados. Primeiro, as medidas avançadas por Portas dividem-se em dois grupos.

Por um lado, temos um conjunto de soluções consensuais como a desburocratização e mais descentralização de competências do Estado que acrescentam pouco ao debate pois já há muito que deviam estar concretizadas ou em execução. O que andou o Governo a fazer desde que tomou posse em 2011? Por outro lado, há um segundo grupo de propostas com um cunho ideológico mais profundo, onde temos, por exemplo, o plafonamento na Segurança Social, o cheque-ensino e a "venda" de escolas a professores. São ideias defendidas pela direita há algum tempo mas que dificilmente vão para a frente porque nunca haverá o consenso com o PS. Paulo Portas sabe disto, tal como tem a noção que dificilmente conseguirá fazer a reforma constitucional. Portanto, incluiu estas medidas na "sua" reforma do Estado para agradar ao seu eleitorado tradicional.

E este é o ponto político mais importante do documento apresentado pelo vice-primeiro-ministro. Não é a reforma do Estado desejada pelo Governo de coligação PSD/CDS, é o programa eleitoral que Portas vai levar às legislativas de 2015. Ontem, no arranque do debate parlamentar do Orçamento do Estado para 2014, Pedro Passos Coelho foi ignorando o guião de Portas. O PSD preferiu não comentar. Paulo Portas apresentou um documento partidário, que em parte rejeita a acção do Governo nos últimos dois anos, nomeadamente quando diz que cortar despesa não é reformar. Com este guião para a reforma do Estado, Paulo Portas dá mais uma machadada na coligação governamental que

está presa por arames. Para já, percebe-se que só querem sobreviver até ao Verão de 2014 para se despedirem da ‘troika'.

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