o anão gigante: WikiLeaks

03-07-2011
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O Primeiro-Ministro José Sócrates e o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, autorizaram a utilização da base aérea das Lajes e o sobrevoo de território nacional, por aviões dos EUA, com prisioneiros repatriados da prisão de Guantánamo. 
Várias comunicações da Embaixada Americana em Lisboa, entre 2006 e 2009*, mostram as pressões de Washington e os "cuidados" que o Governo teve em autorizar os voos.
  
Sócrates concordou com o repatriamento de "combatentes inimigos" de Guantánamo através da base aérea das Lajes, "caso a caso", escreve o embaixador Alfred Hoffman, em 7 Setembro de 2007. 
O embaixador destaca que a autorização de Sócrates nunca foi tornada pública.
Quatro dias depois, outra comunicação, deixa claro que o ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado também autorizou o repatriamento de prisioneiros através das Lajes, nas mesmas condições: "caso a caso".

Cri! Cri! Cri! Faz o grilo - O compromisso de Luís Amado

A pressão de Washington é evidente em várias comunicações enviadas de Lisboa, entre 2006 e 2007. Numa delas, de Setembro de 2006, o Embaixador Hoffman relata um encontro com o Ministro dos Negócios Estrangeiros e a resposta que obteve. Luís Amado disse precisar da autorização do primeiro-ministro e que seria difícil convencê-lo. Compromete-se todavia, com o embaixador, a envidar todos os esforços para obter a cooperação do Governo, desde que haja total transparência dos EUA, "se não fazemos isto bem, pode ser um fracasso tremendo", rematou Amado.

Oops! - Quase uma centena de voos

A partir de uma denúncia do The Washington Post, a eurodeputada Ana Gomes, rastreou 94 voos que sobrevoaram Espanha e Portugal, entre outros países. Em Fevereiro de 2009, Ana Gomes disse ao El País  que, de acordo com informações a que teve acesso, existiram voos de transporte e repatriamento de, e para Guantánamo, desde 2002, até pelo menos Junho de 2006.

As declarações de Ana Gomes causaram agitação nas fileiras do PS. Noutra comunicação de Janeiro de 2007, dá-se conta de uma reunião na embaixada, com os dirigentes do PS José Lello e Paulo Pisco, em que se falou das acusações da eurodeputada. Lello mostrou uma aversão clara a Ana Gomes, mas, disse que expulsá-la, seria contraproducente para o partido. Lello garantiu ainda que Ana Gomes se encontrava isolada, tanto no PS, como no Parlamento Europeu.

Lello, assegurou ainda aos seus interlocutores, que os principais dirigentes do PS, incluindo o primeiro-ministro, "são claramente pró-americanos" e descartou a ala esquerda do partido, que descreveu como "alegristas", em referência a Manuel Alegre.

Ão ão! Ladra o cão - "pior do que um rottweiler"

Jorge Roza de Oliveira, conselheiro diplomático do primeiro-ministro, numa outra reunião na embaixada foi mais longe no enxovalho a Ana Gomes, que descreveu ao Embaixador Hoffman como "uma senhora muito excitada, pior do que um rottweiler à solta", como expresso noutra comunicação de Janeiro de 2007.

Nessa reunião, Roza de Oliveira, assumiu que alguns voos da CIA** sobrevoaram Portugal, o que "constitui o primeiro reconhecimento que nos foi feito até agora por um funcionário do governo Português ", nas palavras do diplomata.

A excelente reputação de Luís Amado na diplomacia dos EUA, está reflectida numa outra comunicação da embaixada de Lisboa, dirigido à então secretária de Estado Condoleezza Rice, poucos dias antes de uma reunião entre os dois.


A comunicação destaca a lealdade tradicional de Portugal "membro fundador da NATO", e lembra (ó desgraça), que apoiou desde o início, a intervenção dos EUA no Iraque e acolheu a Cimeira dos Açores (ó Barroso). Um aliado que "permitiu acesso praticamente irrestrito ao espaço aéreo e marítimo Português para voos de apoio às operações militares no Iraque e Afeganistão, com 3.000 ao ano, passando pela base das Lajes".

Amado não esconde aos Estados Unidos o seu apoio ao repatriamento dos prisioneiros de Guantánamo, através da base das Lajes, mas, sempre destacou a necessidade de tais operações se realizarem dentro da legalidade (Ufa! P’ra ele).

Comentário:
·       As comunicações da embaixada dos EUA em Lisboa, a terem alguma consequência, será unicamente política e, mesmo assim, dificilmente - o único partido que pode “puxar o tapete” ao PS, o PSD, é igualmente pró-americano;·       Mas, é certo, que acusações de desonestidade serão trocadas;·       A validade jurídica de qualquer uma destas pretensas provas é inexistente e nunca poderá servir de fundamento real à abertura ou reabertura, de qualquer inquérito;·       Com toda a probabilidade existiram voos ilegais da CIA, Jorge Roza de Oliveira admite-o claramente, algo que nem um diplomata medíocre faria, sucede que, neste caso, como noutros, é frequente as personalidades mais fracas, ofuscadas pela atenção de um embaixador de carreira (e dos EUA), falarem demais (e eles sabem-no e aproveitam), veja-se o modo trauliteiro como se refere à eurodeputada Ana Gomes;·       Sabendo Roza de Oliveira, também José Sócrates e outros membros do Governo, obviamente Amado, teriam conhecimento dos voos da CIA, omitindo nesse aspecto qualquer acção e negando o conhecimento; ·       Não se confunda os voos da CIA (transporte após detenção ilegal, ou condução para prisão no estrangeiro, em países que empregam a tortura), com os voos de repatriamento (prisioneiro libertado conduzido a país de acolhimento), os primeiros são ilegais em qualquer caso, os segundos não; ·       Luís Amado é um homem inteligente;·       Quanto ao resto: fogo em palha molhada.

*As duas mais importantes aqui e aqui.


O Primeiro-Ministro José Sócrates e o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, autorizaram a utilização da base aérea das Lajes e o sobrevoo de território nacional, por aviões dos EUA, com prisioneiros repatriados da prisão de Guantánamo. 
Várias comunicações da Embaixada Americana em Lisboa, entre 2006 e 2009*, mostram as pressões de Washington e os "cuidados" que o Governo teve em autorizar os voos.
  
Sócrates concordou com o repatriamento de "combatentes inimigos" de Guantánamo através da base aérea das Lajes, "caso a caso", escreve o embaixador Alfred Hoffman, em 7 Setembro de 2007. 
O embaixador destaca que a autorização de Sócrates nunca foi tornada pública.
Quatro dias depois, outra comunicação, deixa claro que o ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado também autorizou o repatriamento de prisioneiros através das Lajes, nas mesmas condições: "caso a caso".

Cri! Cri! Cri! Faz o grilo - O compromisso de Luís Amado

A pressão de Washington é evidente em várias comunicações enviadas de Lisboa, entre 2006 e 2007. Numa delas, de Setembro de 2006, o Embaixador Hoffman relata um encontro com o Ministro dos Negócios Estrangeiros e a resposta que obteve. Luís Amado disse precisar da autorização do primeiro-ministro e que seria difícil convencê-lo. Compromete-se todavia, com o embaixador, a envidar todos os esforços para obter a cooperação do Governo, desde que haja total transparência dos EUA, "se não fazemos isto bem, pode ser um fracasso tremendo", rematou Amado.

Oops! - Quase uma centena de voos

A partir de uma denúncia do The Washington Post, a eurodeputada Ana Gomes, rastreou 94 voos que sobrevoaram Espanha e Portugal, entre outros países. Em Fevereiro de 2009, Ana Gomes disse ao El País  que, de acordo com informações a que teve acesso, existiram voos de transporte e repatriamento de, e para Guantánamo, desde 2002, até pelo menos Junho de 2006.

As declarações de Ana Gomes causaram agitação nas fileiras do PS. Noutra comunicação de Janeiro de 2007, dá-se conta de uma reunião na embaixada, com os dirigentes do PS José Lello e Paulo Pisco, em que se falou das acusações da eurodeputada. Lello mostrou uma aversão clara a Ana Gomes, mas, disse que expulsá-la, seria contraproducente para o partido. Lello garantiu ainda que Ana Gomes se encontrava isolada, tanto no PS, como no Parlamento Europeu.

Lello, assegurou ainda aos seus interlocutores, que os principais dirigentes do PS, incluindo o primeiro-ministro, "são claramente pró-americanos" e descartou a ala esquerda do partido, que descreveu como "alegristas", em referência a Manuel Alegre.

Ão ão! Ladra o cão - "pior do que um rottweiler"

Jorge Roza de Oliveira, conselheiro diplomático do primeiro-ministro, numa outra reunião na embaixada foi mais longe no enxovalho a Ana Gomes, que descreveu ao Embaixador Hoffman como "uma senhora muito excitada, pior do que um rottweiler à solta", como expresso noutra comunicação de Janeiro de 2007.

Nessa reunião, Roza de Oliveira, assumiu que alguns voos da CIA** sobrevoaram Portugal, o que "constitui o primeiro reconhecimento que nos foi feito até agora por um funcionário do governo Português ", nas palavras do diplomata.

A excelente reputação de Luís Amado na diplomacia dos EUA, está reflectida numa outra comunicação da embaixada de Lisboa, dirigido à então secretária de Estado Condoleezza Rice, poucos dias antes de uma reunião entre os dois.


A comunicação destaca a lealdade tradicional de Portugal "membro fundador da NATO", e lembra (ó desgraça), que apoiou desde o início, a intervenção dos EUA no Iraque e acolheu a Cimeira dos Açores (ó Barroso). Um aliado que "permitiu acesso praticamente irrestrito ao espaço aéreo e marítimo Português para voos de apoio às operações militares no Iraque e Afeganistão, com 3.000 ao ano, passando pela base das Lajes".

Amado não esconde aos Estados Unidos o seu apoio ao repatriamento dos prisioneiros de Guantánamo, através da base das Lajes, mas, sempre destacou a necessidade de tais operações se realizarem dentro da legalidade (Ufa! P’ra ele).

Comentário:
·       As comunicações da embaixada dos EUA em Lisboa, a terem alguma consequência, será unicamente política e, mesmo assim, dificilmente - o único partido que pode “puxar o tapete” ao PS, o PSD, é igualmente pró-americano;·       Mas, é certo, que acusações de desonestidade serão trocadas;·       A validade jurídica de qualquer uma destas pretensas provas é inexistente e nunca poderá servir de fundamento real à abertura ou reabertura, de qualquer inquérito;·       Com toda a probabilidade existiram voos ilegais da CIA, Jorge Roza de Oliveira admite-o claramente, algo que nem um diplomata medíocre faria, sucede que, neste caso, como noutros, é frequente as personalidades mais fracas, ofuscadas pela atenção de um embaixador de carreira (e dos EUA), falarem demais (e eles sabem-no e aproveitam), veja-se o modo trauliteiro como se refere à eurodeputada Ana Gomes;·       Sabendo Roza de Oliveira, também José Sócrates e outros membros do Governo, obviamente Amado, teriam conhecimento dos voos da CIA, omitindo nesse aspecto qualquer acção e negando o conhecimento; ·       Não se confunda os voos da CIA (transporte após detenção ilegal, ou condução para prisão no estrangeiro, em países que empregam a tortura), com os voos de repatriamento (prisioneiro libertado conduzido a país de acolhimento), os primeiros são ilegais em qualquer caso, os segundos não; ·       Luís Amado é um homem inteligente;·       Quanto ao resto: fogo em palha molhada.

*As duas mais importantes aqui e aqui.

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