Grande Loja do Queijo Limiano: A superiodidade moral dos comunistas

01-09-2020
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“(…)a esmagadora maioria dos jornalistas, comentadores e analistas que se pronunciam sobre as posições dos comunistas portugueses(…)falam de Marx e Lenine, mas aparentemente nunca os leram. Quanto mais estudarem-nos.”

(…) Não aderi à “revolução semântica dos conservadores e neoconservadores. Nos anos oitenta do séc. XX, revolucionaram, com sucesso, a terminologia política e económica. O capitalismo passou a ser designado como “economia de mercado”. Mais recentemente, trocaram o imperialismo por “globalização”. Só que um homem é um homem e um bicho é um bicho.”

Tal e qual, estas citações do último artigo de António Vilarigues, “Especialista em sistemas de Comunicação e informação” ( mais um eufemismo para a conhecida palavra propaganda?) no Público de hoje, são um tratado em si mesmas. Um tratado condensado e explicativo da enorme contradição que o comunismo encerra em si mesmo, hoje em dia.

Vilarigues, coloca-se sempre no plano superior das ideias progressistas, herdadas dos velhos mestres que cita com a propriedade intelectual que denega aos ignorantes atrevidos que os citam sem os ler.

A contradição de Vilarigues e dos comunistas em geral, é simples de entender:

As ideias veiculadas por Marx e Lenine, foram efectivamente aplicadas em países concretos e reais. Durante mais de 70 anos, milhões de pessoas, foram sujeitas às receitas políticas e seguiram a nova ideologia libertadora dos povos que fatalmente os conduziria à felicidade da igualdade, com a subjugação da burguesia à giena destinada aos opressores. Durante bem mais do que meio século, milhões e milhões, em terras férteis e de recursos naturais suficientes,com recursos humanos nada despiciendos, tiveram condições de aplicação dos princípios de organização económica e social, delineados pelos teórico-práticos do marxismo-leninismo.

No fim de contas, nesses países, como é que esses milhões de pessoas, reagiram quando tiveram oportunidade de reagir e o tempo amadureceu para possibilitar as escolhas livres? Escolheram precisamente o oposto daquilo que lhes diziam ser a receita para a felicidade neste mundo. Livremente o fizeram e em condições que nunca tinham usufruido em mais de meio século de opressão comunista ( a palavra é adequada e nem sequer tem comparação com a opressão "fascista" nos países ibéricos, porque foi mais intensa, sistemática e eficiente nos objectivos imediatos, conduzindo à morte de milhões e milhões de pessoas e não, como por cá aconteceu, relativamente a meia dúzia de opositores recalcitrantes).

Vilarigues que responda e que aprenda, sem os laivos de alguma arrogância que perpassam nos seus escritos sectários. Desconfio que nada aprenderá porque nada esqueceu. As antigas bandeiras contra a burguesia, continuam desfraldadas, bem visíveis em lugares selectos como os lugares de reunião dos partidários do comunismo.

Em revistas como O Militante, insigne órgão de propaganda da ideologia comunista, em pleno séc. XXI, o Partido comunista português continua a defender as ideias do anos quarenta, aggiornatas com a análise crítica à semântica revolucionária dos conservadores. Durante mais de trinta anos, testemunhados pelo arquivo da revista, o comunismo português não evoluiu um centímetro ideológico para a modernidade de aceitação de outra ideia que não a antiga e inabalável crença da luta contra a burguesia e do capitalismo imperialista, agora travestido em globalização, com as receitas de sempre: nacionalização e colectivização dos meios de produção e centralização das funções do Estado, numa organização dirigida por um Comité Central, de iluminados que conduzirão o povo à vitória final sobre a burguesia opressora.

A análise teórica é a mesma; a análise sequencial continua a funcionar no mesmo registo de onda e a chamada cassete, é agora utilizada por Vilarigues, como antes por Cunhal e outros Bernardinos. Vilarigues é o actual intelectual do PCP. Jerónimo de Sousa, por carência de tempo e feitio, não pode preencher esse papel importante de difusor e guardião da chama teórica, porque representa a imagem de marca do partido: a do militante operário que alcançou o posto máximo de dirigente de um colectivo de trabalhadores. Jerónimo, como muitos outros, de operário, deve ter as memórias de há trinta anos...

No entanto, o problema essencial, central, fulcral, para a sociedade actual, de todas as latitudes, e incontornável até para os comunistas, é simples de entender e qualquer comunista que viva numa sociedade actual e ocidental o percebe muito bem, embora se recuse a admiti-lo em nome de um idealismo utópico que perdura no tempo: como produzir bens e serviços, para todos ou para a maioria, a um preço acessível a todos ou à maioria, com qualidade desejada por todos e em condições de equilíbrio para o nosso eco-sistema planetário?

Qual o sistema de produção, actual, que garante a melhor qualidade, com o melhor custo e com a maior satisfação pessoal e colectiva? Entre dois sistemas existentes – o capitalismo e o socialismo- há nuances significativas que matizam os sistemas práticos que existem nos países, incluindo o nosso.

O capitalismo e a ideologia liberal, como matriz ideológica da democracia de tipo ocidental, ao fim de decénios impôs-se mundialmente como o sistema dominante, ao ponto de o teórico Fukuyama ter alvitrado o fim da História. Todos os países europeus, afinam actualmente pelo mesmo diapasão desses princípios. A social democracia e o socialismo democrático incorporaram nos seus programas, regras típicas do modo de produção capitalista e que as orientam para a essência desse modelo, embora com laivos de protecção social mais aproximada aos sistemas colectivistas. Mas não foram esses sistemas quem ensinou o capitalismo a sua moderação, mas o próprio evoluir no tempo que obrigou a concessões de justiça socia, para o chamado Estado de bem estar social.

Mas o capitalismo praticado na China de hoje e o praticado nos USA ou o praticado em Portugal, difere em questões de pormenor significativo. A essência, contudo, mantém-se: a reserva da propriedade privada dos meios de produção e a existência de acumulação de capital que conduz a uma monopolização crescente, perigo que o próprio sistema prevê, como susceptível de o paralisar e por isso monitoriza de modo incomprrensível para um comunista.

Vilarigues reclama que os críticos do comunismo, nunca leram bem Marx ou Lenine, mas fica a dúvida se ele mesmo leu alguma vez Von Mises, por exemplo. Ou outros defensores do liberalismo que se opõe ao comunismo e colectivismo.

O socialismo, com o seu sistema colectivista, alguma vez permitiu esses desideratos que o sistema concorrente propõe e garante de modo mais ou menos aceitável na maior parte dos países do mundo? Onde, como e quando?

É a estas perguntas que Vilarigues deveria dar respostas concretas, em vez de tergiversar sobre os “atrevimentos da ignorância” daqueles que desvalorizam a ideologia comunista, como um falhanço rotundo, completo e definitivo.

Quando Vilarigues quiser falar de ignorância e atrevimento, lembre-se de Cuba e do regime cubano e da Coreia do Norte e do seu regime particular, dois case study interessantes para debater todas estas questões. É claro que este repto, não tem qualquer eco relevante na mente de Vilarigues, porque Cuba e a Coreia do Norte, serão sempre exemplos de regimes onde a diginidade de todo o Homem se afirma e pratica. Torna-se por isso inútil esta discussão.

Nem mesmo valerá a pena a discussão subsequente sobre os futuro de amanhãs a cantar que vigoraram durante décadas nos países do leste europeu. Quanto a estes, de nada adiantará chamar a atenção de Vilarigues e Bernardinos para procurarem saber que grau de aceitação ainda terão, por lá, entre o povo em geral que agora vota livre e universalmente, as ideologias e receitas que por cá continuam a defender como certas e infalíveis para um mundo melhor…

A verdadeira diferença que os mesmos nunca reconhecerão, entre os sistemas, reside também num facto prosaico: nesses regimes que ainda defendem depois de term caído fragorosa e irremediavelmente nos anos oitenta, estas discussões não eram possíveis, porque o grau de censura imposta pelo comité central em nome de todo o povo, eximia os curiosos de mencionarem publicamente as suas divergências.

Por cá, ainda pode ser feita. Isso, os Vilarigues, Bernardinos e Jerónimos, nunca reconhecerão. Preferem apodar de arrogantes quem deles discorda.

Publicado por josé

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“(…)a esmagadora maioria dos jornalistas, comentadores e analistas que se pronunciam sobre as posições dos comunistas portugueses(…)falam de Marx e Lenine, mas aparentemente nunca os leram. Quanto mais estudarem-nos.”

(…) Não aderi à “revolução semântica dos conservadores e neoconservadores. Nos anos oitenta do séc. XX, revolucionaram, com sucesso, a terminologia política e económica. O capitalismo passou a ser designado como “economia de mercado”. Mais recentemente, trocaram o imperialismo por “globalização”. Só que um homem é um homem e um bicho é um bicho.”

Tal e qual, estas citações do último artigo de António Vilarigues, “Especialista em sistemas de Comunicação e informação” ( mais um eufemismo para a conhecida palavra propaganda?) no Público de hoje, são um tratado em si mesmas. Um tratado condensado e explicativo da enorme contradição que o comunismo encerra em si mesmo, hoje em dia.

Vilarigues, coloca-se sempre no plano superior das ideias progressistas, herdadas dos velhos mestres que cita com a propriedade intelectual que denega aos ignorantes atrevidos que os citam sem os ler.

A contradição de Vilarigues e dos comunistas em geral, é simples de entender:

As ideias veiculadas por Marx e Lenine, foram efectivamente aplicadas em países concretos e reais. Durante mais de 70 anos, milhões de pessoas, foram sujeitas às receitas políticas e seguiram a nova ideologia libertadora dos povos que fatalmente os conduziria à felicidade da igualdade, com a subjugação da burguesia à giena destinada aos opressores. Durante bem mais do que meio século, milhões e milhões, em terras férteis e de recursos naturais suficientes,com recursos humanos nada despiciendos, tiveram condições de aplicação dos princípios de organização económica e social, delineados pelos teórico-práticos do marxismo-leninismo.

No fim de contas, nesses países, como é que esses milhões de pessoas, reagiram quando tiveram oportunidade de reagir e o tempo amadureceu para possibilitar as escolhas livres? Escolheram precisamente o oposto daquilo que lhes diziam ser a receita para a felicidade neste mundo. Livremente o fizeram e em condições que nunca tinham usufruido em mais de meio século de opressão comunista ( a palavra é adequada e nem sequer tem comparação com a opressão "fascista" nos países ibéricos, porque foi mais intensa, sistemática e eficiente nos objectivos imediatos, conduzindo à morte de milhões e milhões de pessoas e não, como por cá aconteceu, relativamente a meia dúzia de opositores recalcitrantes).

Vilarigues que responda e que aprenda, sem os laivos de alguma arrogância que perpassam nos seus escritos sectários. Desconfio que nada aprenderá porque nada esqueceu. As antigas bandeiras contra a burguesia, continuam desfraldadas, bem visíveis em lugares selectos como os lugares de reunião dos partidários do comunismo.

Em revistas como O Militante, insigne órgão de propaganda da ideologia comunista, em pleno séc. XXI, o Partido comunista português continua a defender as ideias do anos quarenta, aggiornatas com a análise crítica à semântica revolucionária dos conservadores. Durante mais de trinta anos, testemunhados pelo arquivo da revista, o comunismo português não evoluiu um centímetro ideológico para a modernidade de aceitação de outra ideia que não a antiga e inabalável crença da luta contra a burguesia e do capitalismo imperialista, agora travestido em globalização, com as receitas de sempre: nacionalização e colectivização dos meios de produção e centralização das funções do Estado, numa organização dirigida por um Comité Central, de iluminados que conduzirão o povo à vitória final sobre a burguesia opressora.

A análise teórica é a mesma; a análise sequencial continua a funcionar no mesmo registo de onda e a chamada cassete, é agora utilizada por Vilarigues, como antes por Cunhal e outros Bernardinos. Vilarigues é o actual intelectual do PCP. Jerónimo de Sousa, por carência de tempo e feitio, não pode preencher esse papel importante de difusor e guardião da chama teórica, porque representa a imagem de marca do partido: a do militante operário que alcançou o posto máximo de dirigente de um colectivo de trabalhadores. Jerónimo, como muitos outros, de operário, deve ter as memórias de há trinta anos...

No entanto, o problema essencial, central, fulcral, para a sociedade actual, de todas as latitudes, e incontornável até para os comunistas, é simples de entender e qualquer comunista que viva numa sociedade actual e ocidental o percebe muito bem, embora se recuse a admiti-lo em nome de um idealismo utópico que perdura no tempo: como produzir bens e serviços, para todos ou para a maioria, a um preço acessível a todos ou à maioria, com qualidade desejada por todos e em condições de equilíbrio para o nosso eco-sistema planetário?

Qual o sistema de produção, actual, que garante a melhor qualidade, com o melhor custo e com a maior satisfação pessoal e colectiva? Entre dois sistemas existentes – o capitalismo e o socialismo- há nuances significativas que matizam os sistemas práticos que existem nos países, incluindo o nosso.

O capitalismo e a ideologia liberal, como matriz ideológica da democracia de tipo ocidental, ao fim de decénios impôs-se mundialmente como o sistema dominante, ao ponto de o teórico Fukuyama ter alvitrado o fim da História. Todos os países europeus, afinam actualmente pelo mesmo diapasão desses princípios. A social democracia e o socialismo democrático incorporaram nos seus programas, regras típicas do modo de produção capitalista e que as orientam para a essência desse modelo, embora com laivos de protecção social mais aproximada aos sistemas colectivistas. Mas não foram esses sistemas quem ensinou o capitalismo a sua moderação, mas o próprio evoluir no tempo que obrigou a concessões de justiça socia, para o chamado Estado de bem estar social.

Mas o capitalismo praticado na China de hoje e o praticado nos USA ou o praticado em Portugal, difere em questões de pormenor significativo. A essência, contudo, mantém-se: a reserva da propriedade privada dos meios de produção e a existência de acumulação de capital que conduz a uma monopolização crescente, perigo que o próprio sistema prevê, como susceptível de o paralisar e por isso monitoriza de modo incomprrensível para um comunista.

Vilarigues reclama que os críticos do comunismo, nunca leram bem Marx ou Lenine, mas fica a dúvida se ele mesmo leu alguma vez Von Mises, por exemplo. Ou outros defensores do liberalismo que se opõe ao comunismo e colectivismo.

O socialismo, com o seu sistema colectivista, alguma vez permitiu esses desideratos que o sistema concorrente propõe e garante de modo mais ou menos aceitável na maior parte dos países do mundo? Onde, como e quando?

É a estas perguntas que Vilarigues deveria dar respostas concretas, em vez de tergiversar sobre os “atrevimentos da ignorância” daqueles que desvalorizam a ideologia comunista, como um falhanço rotundo, completo e definitivo.

Quando Vilarigues quiser falar de ignorância e atrevimento, lembre-se de Cuba e do regime cubano e da Coreia do Norte e do seu regime particular, dois case study interessantes para debater todas estas questões. É claro que este repto, não tem qualquer eco relevante na mente de Vilarigues, porque Cuba e a Coreia do Norte, serão sempre exemplos de regimes onde a diginidade de todo o Homem se afirma e pratica. Torna-se por isso inútil esta discussão.

Nem mesmo valerá a pena a discussão subsequente sobre os futuro de amanhãs a cantar que vigoraram durante décadas nos países do leste europeu. Quanto a estes, de nada adiantará chamar a atenção de Vilarigues e Bernardinos para procurarem saber que grau de aceitação ainda terão, por lá, entre o povo em geral que agora vota livre e universalmente, as ideologias e receitas que por cá continuam a defender como certas e infalíveis para um mundo melhor…

A verdadeira diferença que os mesmos nunca reconhecerão, entre os sistemas, reside também num facto prosaico: nesses regimes que ainda defendem depois de term caído fragorosa e irremediavelmente nos anos oitenta, estas discussões não eram possíveis, porque o grau de censura imposta pelo comité central em nome de todo o povo, eximia os curiosos de mencionarem publicamente as suas divergências.

Por cá, ainda pode ser feita. Isso, os Vilarigues, Bernardinos e Jerónimos, nunca reconhecerão. Preferem apodar de arrogantes quem deles discorda.

Publicado por josé

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