Quem tivesse aterrado em Portugal nos últimos meses teria julgado estar num país sem problemas: sem défice externo, sem défice orçamental (proibitivo), sem problemas de competitividade, sem desemprego galopante… Coisas de campanha eleitoral, ou melhor, de maratona eleitoral que se arrasta desde Junho (não teria valido a pena encurtar o tempo de realização das três eleições?).Mas agora que a maratona terminou é altura de cair na real… A primeira oportunidade para isso não tarda. Chama-se Orçamento do Estado. Tendo em conta a altura os "timings" constitucionais da posse do novo Governo é bem provável que o OE de 2010 só entre em vigor no segundo trimestre do ano, regendo-se o país, entretanto, pelo regime de duodécimos. Mas mais importante do que o "timing" de entrada em vigor do OE 2010 é a sua orientação. Isto é, a forma como vai atacar o problema mais imediato, e grave, com que nos defrontamos: o défice orçamental. Vai subir impostos? Vai cortar despesa? Ou vai agravar alguns impostos e reduzir outros?Como o provável futuro ministro das Finanças já disse que não irá haver cortes draconianos na despesa pública (algo de que se vai arrepender quando os partidos com quem terá de negociar o encostarem à parede), é bem provável que a tarefa de "equilíbrio" orçamental fique apenas nas mãos da receita fiscal. Ou seja de uma recuperação económica ainda incipiente. Está-se mesmo a ver como vai o país, em matéria de reforma do Estado, chegar às próximas eleições. Estamos mesmo tramados...Camilo Lourenço, no Negócios
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Quem tivesse aterrado em Portugal nos últimos meses teria julgado estar num país sem problemas: sem défice externo, sem défice orçamental (proibitivo), sem problemas de competitividade, sem desemprego galopante… Coisas de campanha eleitoral, ou melhor, de maratona eleitoral que se arrasta desde Junho (não teria valido a pena encurtar o tempo de realização das três eleições?).Mas agora que a maratona terminou é altura de cair na real… A primeira oportunidade para isso não tarda. Chama-se Orçamento do Estado. Tendo em conta a altura os "timings" constitucionais da posse do novo Governo é bem provável que o OE de 2010 só entre em vigor no segundo trimestre do ano, regendo-se o país, entretanto, pelo regime de duodécimos. Mas mais importante do que o "timing" de entrada em vigor do OE 2010 é a sua orientação. Isto é, a forma como vai atacar o problema mais imediato, e grave, com que nos defrontamos: o défice orçamental. Vai subir impostos? Vai cortar despesa? Ou vai agravar alguns impostos e reduzir outros?Como o provável futuro ministro das Finanças já disse que não irá haver cortes draconianos na despesa pública (algo de que se vai arrepender quando os partidos com quem terá de negociar o encostarem à parede), é bem provável que a tarefa de "equilíbrio" orçamental fique apenas nas mãos da receita fiscal. Ou seja de uma recuperação económica ainda incipiente. Está-se mesmo a ver como vai o país, em matéria de reforma do Estado, chegar às próximas eleições. Estamos mesmo tramados...Camilo Lourenço, no Negócios