Da Literatura: LER OS OUTROS

03-07-2011
marcar artigo

O/A Jugular fez ontem um ano. Quem não se lembra do 17 de Outubro de 2008? Entretanto o grupo alargou, com a entrada da Ana Vidigal no passado 25 de Setembro. O acto fundacional pode ser recordado aqui. A data foi assinalada com um torneio de pólo, em Santo Estêvão, no concelho de Benavente, a que se seguiu um jantar com vista para o rio, em Lisboa. O comendador Rafael Marques passou a correr por Santo Estêvão, mas faltou ao jantar (o Concílio Negacionista, promovido pela Ala Maneleira-R na Abrançalha de Baixo, tornou as agendas incompatíveis). Os festejos foram divertidíssimos. Para obviar acusações de snobbery, omito os nomes dos presentes. Ao jantar, depois de servida a Crab Bisque, a mesa entrou em vídeo-conferência com um deputado-jugular que à mesma hora jantava chez Jacques Cagna (14, rue des Grandes Augustins, St Germain, Paris), com Pedro Marques Lopes, que às zero horas seria elevado à categoria de Oficiante da Loja P7 (cf. Die Traumnovelle, de Arthur Schnitzler; se não tiver o livro, o DVD de Eyes Wide Shut, de Kubrick, serve), e com Daniel Cohn-Bendit, que desmentiu alegados encontros com Helena Matos. O plasma foi desligado quando chegaram os chouriços do Fundão. Para acompanhar o Raspberry Millefeuilles, o merlot (Má Partilha 2002) deu lugar ao sauternes (Château d’Yquem 2001). Ao café, Irene Pimentel foi iniciada como jugular. A desmobilização começou perto das 4 da manhã.Uma nova e muitíssimo recomendável morada: A Regra do Jogo. Os autores são a Ana Paula Fitas, o Bruno Reis, o Carlos Santos, a Cláudia Köver, o Eduardo Graça, o Guilherme W. d’Oliveira Martins, o Hugo Mendes, o João Constâncio, o Luís Novaes Tito, o Paulo Ferreira e o Porfírio Silva. Margem esquerda, portanto.O Jansenista: «Nos poucos momentos livres desta época frenética tenho tentado avançar nos Detectives Selvagens, de Bolaño. / Admito ser surpreendido mais lá para a frente, ou quando chegar ao magnum opus, o 2666. / Mas por enquanto a desilusão tem sido quase total. / É verdade que o tom se afasta claramente daquele estilo realista / mágico / miserabilista / mariachi / tapioca que tinha feito a glória da “latino literature”, uma coisa tão fiel à própria realidade latino-americana como o foram, outrora, os meneios de Carmen Miranda em relação à realidade “brasileña”. / Mas não sei se houve verdadeiro progresso. / No meio de muita alusão literária — ao nível do mais pedante name-dropping, refira-se — o romance cai no cliché mais previsível e ridículo. Uma alusão nebulosa à realidade, divagante, perenemente desfocada e errática, contrastando singularmente com uma precisão hiper-realista na descrição minuciosa, clínica, lúcida, obsessiva, do acto sexual, entre panegíricos à humilhação feminina e à promiscuidade do “macho pós-moderno” — eis no que se transforma um pretenso romance. / Farto de tableaux de chasse do baixo-ventre ando eu. / Vou avançar mais uns dias, mas se isto não melhorar abandono este rol grotesco de proezas de coelhinhos com cio. Talvez empreenda ler, no mesmo género, o Diário de Bridget Jones — ao menos dizem-me que cultiva, no assunto, alguma ironia e humor.»Paulo Gorjão: «Se me chamasse Paulo Mota Pinto, depois do que se passou ontem, não demorava um minuto a apresentar a minha demissão do cargo de vice-presidente do PSD. Infelizmente, por inúmeras razões, algo me diz que não será essa a sua opção. Um dia, quem sabe, pode ser que Mota Pinto conte os pormenores do processo que o levou a proferir as declarações de ontem.»Etiquetas: Blogues

O/A Jugular fez ontem um ano. Quem não se lembra do 17 de Outubro de 2008? Entretanto o grupo alargou, com a entrada da Ana Vidigal no passado 25 de Setembro. O acto fundacional pode ser recordado aqui. A data foi assinalada com um torneio de pólo, em Santo Estêvão, no concelho de Benavente, a que se seguiu um jantar com vista para o rio, em Lisboa. O comendador Rafael Marques passou a correr por Santo Estêvão, mas faltou ao jantar (o Concílio Negacionista, promovido pela Ala Maneleira-R na Abrançalha de Baixo, tornou as agendas incompatíveis). Os festejos foram divertidíssimos. Para obviar acusações de snobbery, omito os nomes dos presentes. Ao jantar, depois de servida a Crab Bisque, a mesa entrou em vídeo-conferência com um deputado-jugular que à mesma hora jantava chez Jacques Cagna (14, rue des Grandes Augustins, St Germain, Paris), com Pedro Marques Lopes, que às zero horas seria elevado à categoria de Oficiante da Loja P7 (cf. Die Traumnovelle, de Arthur Schnitzler; se não tiver o livro, o DVD de Eyes Wide Shut, de Kubrick, serve), e com Daniel Cohn-Bendit, que desmentiu alegados encontros com Helena Matos. O plasma foi desligado quando chegaram os chouriços do Fundão. Para acompanhar o Raspberry Millefeuilles, o merlot (Má Partilha 2002) deu lugar ao sauternes (Château d’Yquem 2001). Ao café, Irene Pimentel foi iniciada como jugular. A desmobilização começou perto das 4 da manhã.Uma nova e muitíssimo recomendável morada: A Regra do Jogo. Os autores são a Ana Paula Fitas, o Bruno Reis, o Carlos Santos, a Cláudia Köver, o Eduardo Graça, o Guilherme W. d’Oliveira Martins, o Hugo Mendes, o João Constâncio, o Luís Novaes Tito, o Paulo Ferreira e o Porfírio Silva. Margem esquerda, portanto.O Jansenista: «Nos poucos momentos livres desta época frenética tenho tentado avançar nos Detectives Selvagens, de Bolaño. / Admito ser surpreendido mais lá para a frente, ou quando chegar ao magnum opus, o 2666. / Mas por enquanto a desilusão tem sido quase total. / É verdade que o tom se afasta claramente daquele estilo realista / mágico / miserabilista / mariachi / tapioca que tinha feito a glória da “latino literature”, uma coisa tão fiel à própria realidade latino-americana como o foram, outrora, os meneios de Carmen Miranda em relação à realidade “brasileña”. / Mas não sei se houve verdadeiro progresso. / No meio de muita alusão literária — ao nível do mais pedante name-dropping, refira-se — o romance cai no cliché mais previsível e ridículo. Uma alusão nebulosa à realidade, divagante, perenemente desfocada e errática, contrastando singularmente com uma precisão hiper-realista na descrição minuciosa, clínica, lúcida, obsessiva, do acto sexual, entre panegíricos à humilhação feminina e à promiscuidade do “macho pós-moderno” — eis no que se transforma um pretenso romance. / Farto de tableaux de chasse do baixo-ventre ando eu. / Vou avançar mais uns dias, mas se isto não melhorar abandono este rol grotesco de proezas de coelhinhos com cio. Talvez empreenda ler, no mesmo género, o Diário de Bridget Jones — ao menos dizem-me que cultiva, no assunto, alguma ironia e humor.»Paulo Gorjão: «Se me chamasse Paulo Mota Pinto, depois do que se passou ontem, não demorava um minuto a apresentar a minha demissão do cargo de vice-presidente do PSD. Infelizmente, por inúmeras razões, algo me diz que não será essa a sua opção. Um dia, quem sabe, pode ser que Mota Pinto conte os pormenores do processo que o levou a proferir as declarações de ontem.»Etiquetas: Blogues

marcar artigo