Yes we camp : as tendas continuam de pé no Rossio para dar voz a todos

05-07-2011
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Sobre o balanço de uma semana de acampamento, acredita que está a surtir o seu efeito e garante que recebem milhares de emails todos os dias, muitos com propostas de temas a serem discutidos na assembleia das 19h00 ou nos grupos de trabalho que entretanto criaram para conseguirem uma melhor organização. O protesto tem mesmo um blogue, à semelhança do que acontece com os outros acampamentos que se têm realizado em cidades de todo o mundo.Questionados sobre até quando vão acampar ali, Pedro e Ana garantem que é um protesto sem data e sem fim. “Ficamos enquanto as coisas não mudarem, mas também gostaríamos de descentralizar e que as pessoas fossem agindo nas zonas onde moram.” Até porque há um pequeno conflito de interesses: as festas de Lisboa vão arrancar e a comissão também quer fazer algumas instalações na zona da estátua. E Pedro dispensa barracas de cerveja que “desvirtuem a concentração e dêem a ideia que isto é só uma festa”.

Vozes de protesto e a “avó de serviço”

E a verdade é as vozes que se juntam ao protesto não são apenas nacionais. Há belgas, iraquianos... Uma espanhola aceita falar com o PÚBLICO. Tem 23 anos e está cá a fazer Erasmus e um estágio na área da Psicologia. Por isso prefere não arriscar dar o nome mas diz espera que “deste movimento saia uma coisa linda”. Menos esperança tem Luís, na casa dos quarenta anos. Soube do protesto pelo Facebook e decidiu juntar-se. Tem emprego? “Em teoria sou desempregado. Mas já sou há tanto tempo que na verdade já sou um inactivo. Já não faço parte do mercado de trabalho.” Luís tem receio do futuro. Tem quase um curso superior. “Mas é quase... porque me vão dar emprego a mim quando há jovens com mais qualificações? Sobrevivo com o ordenado da minha mulher que nem 600 euros recebe e temos dois filhos. Não chega...”

Mas também há vozes críticas. Um senhor que passa atira que “esta gente não interessa a ninguém”. Maria Isabel Duarte, de 68 anos, também diz não compreender este protesto: “Já viu a lixeira e o mau aspecto que dão aqui ao Rossio? Dá muito má imagem. Nem sabem como vivemos antigamente. Deviam era trabalhar”. Do lado dos comerciantes a simpatia pelos novos residentes também não é a maior. “Fazem muito barulho e dão mau aspecto a isto. Noto que as pessoas se desviam e comentam que não gostam muito deste ambiente”, assume Sara, 20 anos, enquanto ajuda alguns clientes a escolher sapatos na loja onde trabalha.

Contudo, também existem pessoas que mostram que o protesto é intemporal. Maria do Carmo tem 84 anos e tornou-se na “avó de serviço desta juventude”, destaca Pedro. Maria do Carmo esclarece que “a vida não está nada fácil” e que decidiu vir para aqui “todos os dias para tomar conta das coisas e ajudar”. Está viúva e vive sozinha, mas por motivos de saúde só dormiu uma vez ao relento e agora à noite vai sempre para casa. “Aqui sempre tenho companhia e atenção. São umas jóias de rapazes. Estão sempre a dar-me comida e a ver se preciso de algo. Nós os pobres vamos ter sempre de lutar”.

Sobre o balanço de uma semana de acampamento, acredita que está a surtir o seu efeito e garante que recebem milhares de emails todos os dias, muitos com propostas de temas a serem discutidos na assembleia das 19h00 ou nos grupos de trabalho que entretanto criaram para conseguirem uma melhor organização. O protesto tem mesmo um blogue, à semelhança do que acontece com os outros acampamentos que se têm realizado em cidades de todo o mundo.Questionados sobre até quando vão acampar ali, Pedro e Ana garantem que é um protesto sem data e sem fim. “Ficamos enquanto as coisas não mudarem, mas também gostaríamos de descentralizar e que as pessoas fossem agindo nas zonas onde moram.” Até porque há um pequeno conflito de interesses: as festas de Lisboa vão arrancar e a comissão também quer fazer algumas instalações na zona da estátua. E Pedro dispensa barracas de cerveja que “desvirtuem a concentração e dêem a ideia que isto é só uma festa”.

Vozes de protesto e a “avó de serviço”

E a verdade é as vozes que se juntam ao protesto não são apenas nacionais. Há belgas, iraquianos... Uma espanhola aceita falar com o PÚBLICO. Tem 23 anos e está cá a fazer Erasmus e um estágio na área da Psicologia. Por isso prefere não arriscar dar o nome mas diz espera que “deste movimento saia uma coisa linda”. Menos esperança tem Luís, na casa dos quarenta anos. Soube do protesto pelo Facebook e decidiu juntar-se. Tem emprego? “Em teoria sou desempregado. Mas já sou há tanto tempo que na verdade já sou um inactivo. Já não faço parte do mercado de trabalho.” Luís tem receio do futuro. Tem quase um curso superior. “Mas é quase... porque me vão dar emprego a mim quando há jovens com mais qualificações? Sobrevivo com o ordenado da minha mulher que nem 600 euros recebe e temos dois filhos. Não chega...”

Mas também há vozes críticas. Um senhor que passa atira que “esta gente não interessa a ninguém”. Maria Isabel Duarte, de 68 anos, também diz não compreender este protesto: “Já viu a lixeira e o mau aspecto que dão aqui ao Rossio? Dá muito má imagem. Nem sabem como vivemos antigamente. Deviam era trabalhar”. Do lado dos comerciantes a simpatia pelos novos residentes também não é a maior. “Fazem muito barulho e dão mau aspecto a isto. Noto que as pessoas se desviam e comentam que não gostam muito deste ambiente”, assume Sara, 20 anos, enquanto ajuda alguns clientes a escolher sapatos na loja onde trabalha.

Contudo, também existem pessoas que mostram que o protesto é intemporal. Maria do Carmo tem 84 anos e tornou-se na “avó de serviço desta juventude”, destaca Pedro. Maria do Carmo esclarece que “a vida não está nada fácil” e que decidiu vir para aqui “todos os dias para tomar conta das coisas e ajudar”. Está viúva e vive sozinha, mas por motivos de saúde só dormiu uma vez ao relento e agora à noite vai sempre para casa. “Aqui sempre tenho companhia e atenção. São umas jóias de rapazes. Estão sempre a dar-me comida e a ver se preciso de algo. Nós os pobres vamos ter sempre de lutar”.

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