Mandra Brasa: Regando as plantinhas do meu "primo"

30-06-2011
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A dedicação é mais importante que o tamanho do regadorExiste um lugar na cidade do Recife onde algumas pessoas têm certeza de que sou viado. A verdadeira verdade é que isso não passa de um equívoco, mas nada que eu diga vai convencê-los do contrário. Me refiro aos porteiros do Home Service onde mora o meu amigo jornalista gay quase assumido, comentarista esporádico (com um "R" só, viu?) deste humilde blog.Conheço a peça há quase 15 anos mas somente em 2007 ele deu (uêpaaa!!!) o braço a torcer e admitiu que era "biba". Eu insisti durante todos esses anos para que ele saísse do armário porque até um retardado percebia que ele era gay de nascença. Como resposta sempre escutei um "vai te catar!" - e cá entre nós, esse é um xingamento 100% gay também. Mhuahaha. Pois bem, enquanto meu amigo sempre se enganou achando que enganava a humanidade, convivemos na mesma sala de aula durante todo o curso de jornalismo - e depois de formados nos tornamos vizinhos de bairro.Ele morava lá pras bandas da Zona Sul e algumas vezes me pediu carona quando eu precisava visitar a minha noiva dominante, que era da mesma freguesia. Curiosamente o nosso amigo nunca estava sozinho, pois circulava sempre com um carinha diferente a tiracolo - que me apresentava como sendo seu "primo".Certo dia, depois de ser apresentado ao 29º "primo" dele , em tantos anos de convivência, eu deixei a discrição de lado (aliás, o que é discrição? Mhuahaha) e comentei, dentro do carro, na presença da minha então noiva e do rapaz que o acompanhava: "Peraí, bicho, assim também já é demais! esse é o milésimo primo que tu me apresenta. Que família grande é essa? Aliás, nenhum dos teus primos se parece contigo! Já vi negro, índio, oriental... Essa desculpa não cola mais comigo. Se assuma que é melhor! Huahuahuhuahuahuahua". Por mais incrível que possa parecer, ainda escutei um "Vai te catar, Mandrey!!!". Eu acho que ele sempre teve medo da minha tiração de onda sem fim, por isso demorou a admitir.Há alguns anos meu amigo saiu da casa da mamãe e comprou um apê num Home Service chiquérrimo. A "primolândia", como apelidei descaradamente sua nova morada, fica a poucos quarteirões do meu trabalho. Um dia resolvi conferir como ele estava se saindo com sua independência. Liguei antes, perguntei se era "limpeza" fazer uma visitinha na happy-hour e em poucos minutos cheguei lá.O prédio, ultra moderno, possui um sistema de segurança comparável a um bunker. Interfonei e fui atendido pelo porteiro. "Quero ir no apartamento de Fulano, no 101. Aqui é o primo dele, Andrey", afirmei, sem perder a minha chance de fazer piada com tudo. O porteiro respondeu um "ceeeerto... pode subir" e caprichou tanto na entonação da letra "E" que me toquei que o meu amigo continuava insistindo naquele hábito de apresentar os namorados como "primos". Ou seja, meu tiro saiu, literalmente, pela culatra. Me queimei de graça.Esta semana Primo viajou para o Rio de Janeiro e me pediu o singelo favor de regar as plantinhas do apartamento durante a sua ausência. Ora, o prédio dele fica no caminho para o meu trabalho, por isso essa gentileza não é trabalho nenhum para mim. Estive lá hoje bem cedo, munido da autorização especial passada em cartório (pois é, quando eu disse que o prédio era praticamente um bunker vocês pensaram que eu estava exagerando, né?), que me concede o direito de "circular pelas dependências do condomínio".Eu nem tinha lido a autorização, por isso me surpreendi quando o porteiro me chamou de Seu Mandrey. Para meu azar, era o mesmo funcionário-alvo da brincadeirinha que fiz da outra vez. "O senhor é primo dele, não é?", indagou o serviçal, reconhecendo meu leiaute quase comum. Para piorar, na portaria estavam dois outros funcionários do edifício, de onde posso concluir que estou marcado por todos.Agora que estava na chuva, todo molhadinho, só me restou a oportunidade de pegar o mote e continuar a brincadeira: "Pois é, sou o primo dele e vim fazer uma faxina, lavar umas roupas, cuidar das plantas, essas coisas". Já estava quase entrando no elevador quando escutei "se precisar de alguma coisa, estamos aí!".ERA SÓ O QUE FALTAVA! O porteiro achando que eu ia botar uma gaia no meu Primo logo com ele. Que audácia! Eu sou fiel! Mhuahuahuahuha!!!! Nesta data, seis plantinhas e uma centena de leitores mais felizes.


A dedicação é mais importante que o tamanho do regadorExiste um lugar na cidade do Recife onde algumas pessoas têm certeza de que sou viado. A verdadeira verdade é que isso não passa de um equívoco, mas nada que eu diga vai convencê-los do contrário. Me refiro aos porteiros do Home Service onde mora o meu amigo jornalista gay quase assumido, comentarista esporádico (com um "R" só, viu?) deste humilde blog.Conheço a peça há quase 15 anos mas somente em 2007 ele deu (uêpaaa!!!) o braço a torcer e admitiu que era "biba". Eu insisti durante todos esses anos para que ele saísse do armário porque até um retardado percebia que ele era gay de nascença. Como resposta sempre escutei um "vai te catar!" - e cá entre nós, esse é um xingamento 100% gay também. Mhuahaha. Pois bem, enquanto meu amigo sempre se enganou achando que enganava a humanidade, convivemos na mesma sala de aula durante todo o curso de jornalismo - e depois de formados nos tornamos vizinhos de bairro.Ele morava lá pras bandas da Zona Sul e algumas vezes me pediu carona quando eu precisava visitar a minha noiva dominante, que era da mesma freguesia. Curiosamente o nosso amigo nunca estava sozinho, pois circulava sempre com um carinha diferente a tiracolo - que me apresentava como sendo seu "primo".Certo dia, depois de ser apresentado ao 29º "primo" dele , em tantos anos de convivência, eu deixei a discrição de lado (aliás, o que é discrição? Mhuahaha) e comentei, dentro do carro, na presença da minha então noiva e do rapaz que o acompanhava: "Peraí, bicho, assim também já é demais! esse é o milésimo primo que tu me apresenta. Que família grande é essa? Aliás, nenhum dos teus primos se parece contigo! Já vi negro, índio, oriental... Essa desculpa não cola mais comigo. Se assuma que é melhor! Huahuahuhuahuahuahua". Por mais incrível que possa parecer, ainda escutei um "Vai te catar, Mandrey!!!". Eu acho que ele sempre teve medo da minha tiração de onda sem fim, por isso demorou a admitir.Há alguns anos meu amigo saiu da casa da mamãe e comprou um apê num Home Service chiquérrimo. A "primolândia", como apelidei descaradamente sua nova morada, fica a poucos quarteirões do meu trabalho. Um dia resolvi conferir como ele estava se saindo com sua independência. Liguei antes, perguntei se era "limpeza" fazer uma visitinha na happy-hour e em poucos minutos cheguei lá.O prédio, ultra moderno, possui um sistema de segurança comparável a um bunker. Interfonei e fui atendido pelo porteiro. "Quero ir no apartamento de Fulano, no 101. Aqui é o primo dele, Andrey", afirmei, sem perder a minha chance de fazer piada com tudo. O porteiro respondeu um "ceeeerto... pode subir" e caprichou tanto na entonação da letra "E" que me toquei que o meu amigo continuava insistindo naquele hábito de apresentar os namorados como "primos". Ou seja, meu tiro saiu, literalmente, pela culatra. Me queimei de graça.Esta semana Primo viajou para o Rio de Janeiro e me pediu o singelo favor de regar as plantinhas do apartamento durante a sua ausência. Ora, o prédio dele fica no caminho para o meu trabalho, por isso essa gentileza não é trabalho nenhum para mim. Estive lá hoje bem cedo, munido da autorização especial passada em cartório (pois é, quando eu disse que o prédio era praticamente um bunker vocês pensaram que eu estava exagerando, né?), que me concede o direito de "circular pelas dependências do condomínio".Eu nem tinha lido a autorização, por isso me surpreendi quando o porteiro me chamou de Seu Mandrey. Para meu azar, era o mesmo funcionário-alvo da brincadeirinha que fiz da outra vez. "O senhor é primo dele, não é?", indagou o serviçal, reconhecendo meu leiaute quase comum. Para piorar, na portaria estavam dois outros funcionários do edifício, de onde posso concluir que estou marcado por todos.Agora que estava na chuva, todo molhadinho, só me restou a oportunidade de pegar o mote e continuar a brincadeira: "Pois é, sou o primo dele e vim fazer uma faxina, lavar umas roupas, cuidar das plantas, essas coisas". Já estava quase entrando no elevador quando escutei "se precisar de alguma coisa, estamos aí!".ERA SÓ O QUE FALTAVA! O porteiro achando que eu ia botar uma gaia no meu Primo logo com ele. Que audácia! Eu sou fiel! Mhuahuahuahuha!!!! Nesta data, seis plantinhas e uma centena de leitores mais felizes.

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