gonn1000: ENTRE A LUZ E A SOMBRA

30-06-2011
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E quase trinta anos depois, a saga está finalmente completa (ou será que não?). "Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith" (Star Wars: Episode III - Revenge of the Sith) fecha a mais famosa space opera de sempre, finalizando a trilogia de prequelas que complementam a série original.Se é verdade que os novos episódios das aventuras intergalácticas geradas por George Lucas - "A Ameaça Fantasma" e "O Ataque dos Clones" - não foram capazes de recuperar as doses de surpresa que os primeiros apresentaram há três décadas, "Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith" consegue, pelo menos, proporcionar um competente desenlace para a mais recente trilogia, recuperando algum do encanto inicial da saga, que já se julgava definitivamente perdido.Expondo um dos momentos decisivos da série - a transformação de Anakin Skywalker em Darth Vader -, "Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith" contém por isso uma considerável aura mítica, tendo em conta que as reviravoltas que apresenta são incontornáveis para o desenrolar de "Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança", "Star Wars: Episódio V - O Império Contra-Ataca" e "Star Wars: Episódio VI - O Regresso do Jedi".Elogiado por algumas vozes, que o consideram um dos episódios mais complexos e ambíguos da saga, o filme tem, de facto, o mérito de reduzir o excessivo maniqueísmo presente nas aventuras anteriores, enveredando por atmosferas emocionais mais dúbias e cinzentas. Nesse sentido, a personagem de Anakin Skywalker é determinante, uma vez que concentra uma conturbada rede de inquietações e dúvidas acerca da postura a adoptar e dos ideias a defender. Esta interessante dilaceração emocional é incomum na série, habitualmente marcada por personagens desprovidas de considerável densidade dramática, mas mesmo assim poderia ter sido melhor trabalhada, tendo em conta que a transformação do protagonista nem sempre é convincente (a abrupta revolta contra os Jedi, ainda que minimamente justificada, é pouco credível, assim como alguns actos extremistas que Anakin enceta)."Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith" é um filme por vezes vibrante, mas desigual no seu todo. Se a nível visual George Lucas volta a superar-se, oferecendo mais uma galeria de prodígios técnicos e cenários apropriadamente megalómanos, na narrativa essa eficácia não se manifesta de forma tão recorrente, uma vez que o filme está repleto de altos e baixos, oscilando entre combates demasiado longos e previsíveis (de que são exemplo os cansativos vinte minutos iniciais, onde os heróis derrotam os antagonistas com uma facilidade nada verosímil), e pequenos momentos onde o realizador revela maior singularidade (como nas bem conseguidas cenas finais, onde os destinos de Anakin e Amidala são apresentados em paralelo).Ainda que possua algumas sequências arrepiantes, sobretudo na segunda metade (quando a tensão se adensa a cada minuto), "Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith" não evita certos elementos mais débeis, casos dos imberbes e simplistas diálogos entre o par central, um argumento demasiado esquemático, personagens sem grande espessura (excepto Anakin Skywalker e Obi-Wan Kenobi) e uma mediana direcção de actores.Há, contudo, algumas surpresas, como a sólida prestação de Hayden Christensen, capaz de evidenciar as contrariedades emocionais de Anakin, onde o actor expõe uma enigmática relutância que já tinha dado bons resultados em "Shattered Glass - Verdade ou Mentira", de Billy Ray. Não é um desempenho brilhante, mas é suficientemente competente e, por isso, contribui para que o filme resulte (se falhasse, "Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith" não se aguentava).Ficando longe do estatuto de obra-prima, ou mesmo de uma película especialmente ispirada, o terceiro episódio da trilogia de prequelas convence ao inserir um vital intimismo numa saga contaminada por uma constante (e excessiva) espectacularidade. Não traz nada de novo ao universo da ficção científica (muito mudou em trinta anos), mas é, mesmo assim, uma recomendável aventura intergaláctica, resgatando o carisma (ou parte dele) de uma saga à beira do esgotamento. Um entretenimento escorreito com um eficaz contraste entre a luz e a sombra, e provavelmente o mais forte candidato ao título de "filme-pipoca de culto" de 2005...E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM


E quase trinta anos depois, a saga está finalmente completa (ou será que não?). "Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith" (Star Wars: Episode III - Revenge of the Sith) fecha a mais famosa space opera de sempre, finalizando a trilogia de prequelas que complementam a série original.Se é verdade que os novos episódios das aventuras intergalácticas geradas por George Lucas - "A Ameaça Fantasma" e "O Ataque dos Clones" - não foram capazes de recuperar as doses de surpresa que os primeiros apresentaram há três décadas, "Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith" consegue, pelo menos, proporcionar um competente desenlace para a mais recente trilogia, recuperando algum do encanto inicial da saga, que já se julgava definitivamente perdido.Expondo um dos momentos decisivos da série - a transformação de Anakin Skywalker em Darth Vader -, "Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith" contém por isso uma considerável aura mítica, tendo em conta que as reviravoltas que apresenta são incontornáveis para o desenrolar de "Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança", "Star Wars: Episódio V - O Império Contra-Ataca" e "Star Wars: Episódio VI - O Regresso do Jedi".Elogiado por algumas vozes, que o consideram um dos episódios mais complexos e ambíguos da saga, o filme tem, de facto, o mérito de reduzir o excessivo maniqueísmo presente nas aventuras anteriores, enveredando por atmosferas emocionais mais dúbias e cinzentas. Nesse sentido, a personagem de Anakin Skywalker é determinante, uma vez que concentra uma conturbada rede de inquietações e dúvidas acerca da postura a adoptar e dos ideias a defender. Esta interessante dilaceração emocional é incomum na série, habitualmente marcada por personagens desprovidas de considerável densidade dramática, mas mesmo assim poderia ter sido melhor trabalhada, tendo em conta que a transformação do protagonista nem sempre é convincente (a abrupta revolta contra os Jedi, ainda que minimamente justificada, é pouco credível, assim como alguns actos extremistas que Anakin enceta)."Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith" é um filme por vezes vibrante, mas desigual no seu todo. Se a nível visual George Lucas volta a superar-se, oferecendo mais uma galeria de prodígios técnicos e cenários apropriadamente megalómanos, na narrativa essa eficácia não se manifesta de forma tão recorrente, uma vez que o filme está repleto de altos e baixos, oscilando entre combates demasiado longos e previsíveis (de que são exemplo os cansativos vinte minutos iniciais, onde os heróis derrotam os antagonistas com uma facilidade nada verosímil), e pequenos momentos onde o realizador revela maior singularidade (como nas bem conseguidas cenas finais, onde os destinos de Anakin e Amidala são apresentados em paralelo).Ainda que possua algumas sequências arrepiantes, sobretudo na segunda metade (quando a tensão se adensa a cada minuto), "Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith" não evita certos elementos mais débeis, casos dos imberbes e simplistas diálogos entre o par central, um argumento demasiado esquemático, personagens sem grande espessura (excepto Anakin Skywalker e Obi-Wan Kenobi) e uma mediana direcção de actores.Há, contudo, algumas surpresas, como a sólida prestação de Hayden Christensen, capaz de evidenciar as contrariedades emocionais de Anakin, onde o actor expõe uma enigmática relutância que já tinha dado bons resultados em "Shattered Glass - Verdade ou Mentira", de Billy Ray. Não é um desempenho brilhante, mas é suficientemente competente e, por isso, contribui para que o filme resulte (se falhasse, "Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith" não se aguentava).Ficando longe do estatuto de obra-prima, ou mesmo de uma película especialmente ispirada, o terceiro episódio da trilogia de prequelas convence ao inserir um vital intimismo numa saga contaminada por uma constante (e excessiva) espectacularidade. Não traz nada de novo ao universo da ficção científica (muito mudou em trinta anos), mas é, mesmo assim, uma recomendável aventura intergaláctica, resgatando o carisma (ou parte dele) de uma saga à beira do esgotamento. Um entretenimento escorreito com um eficaz contraste entre a luz e a sombra, e provavelmente o mais forte candidato ao título de "filme-pipoca de culto" de 2005...E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

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