gonn1000: SISTEMA ENTRÓPICO

04-07-2011
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Enquanto responsável pela editora DFA, James Murphy tornou-se num dos timoneiros na disseminação da amálgama punk, funk, electro e disco que tem dominado alguma da música mais entusiasmante da década, diluíndo as fronteiras entre o rock e a música de dança com resultados por vezes infecciosos. No primeiro álbum dos LCD Soundsystem, Murphy assinalou um testemunho emblemático e deixou para a posteridade singles de inegável eficácia como "Yeah" ou "Tribulations", que quase compensavam o nível irregular das composições desse díptico algo sobrevalorizado."Sound of Silver", nova proposta após "45:33", um curioso disco para a Nike com música para jogging, alarga o espectro de influências que já se evidenciavam no registo de estreia, e se é verdade que Murphy é oportuno nas citações mais ou menos óbvias e oferece por vezes momentos criativos, no geral este é ainda um álbum desequilibrado, com mais ambição do que sucesso nos resultados alcançados."Get Innocuous!", o primeiro tema, é paradigmático dos problemas do disco. O início é intrigante, com sintetizadores pilhados dos Kraftwerk ao serviço de uma cadência minimalista e repetitiva, mas cativante, que infelizmente é mal aproveitada ao longo de mais de sete minutos que se tornam monocórdicos e cansativos. "Time to Get Away", com uma estrutura não muito diferente, também acusa algum cansaço, ainda que tenha a vantagem de durar menos tempo, e por isso só à terceira canção é que os resultados começam de facto a entusiasmar.Single simultaneamente abrasivo e trauteável, "North American Scum" é uma injecção de energia rítmica que, ao contrário da maioria das canções do álbum, se mantém do princípio ao fim e promete causar estragos numa pista de dança que se adivinhará concorrida. Ainda mais surpreendente é a canção seguinte, "Someone Great", de longe a melhor de "Sound of Silver" e imprescindível entre as mais cativantes de 2007, que revela um lado dos LCD Soundsystem, contido e frágil, até então inexplorado. Metade canção de embalar, metade exercício dançável embora longe de pujante, é o ponto em que o projecto mais se aproxima de uma balada - até tem direito ao brilho dos xilofones - e o resultado é belíssimo. Infelizmente, este oásis de inspiração não tem continuidade no resto do disco, já que "All My Friends" volta a insistir numa repetição rítmica abusiva, desta vez via piano, e a tendência prossegue em "Us v Them" e no tema-título.O tema final recupera algum do interesse perdido, através de uma inesperada mudança de azimutes onde Murphy se candidata a sósia de Lou Reed - depois das muitas vénias a David Byrne - em "New York, I Love You But You're Bringing Me Down", carta de amor e ódio (ou, pelo menos, desencanto) à Big Apple com uns LCD Soundsystem atipicamente acústicos. É pena que, apesar de ocasionais pistas interessantes como esta e de uma curiosa fusão de heranças - de David Bowie a Human League, passando pelos Talking Heads -, "Sound of Silver" seja um trabalho desigual e quase sempre frustrante. Um disco competente, mas cansativo. E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVELLCD Soundsystem - "North American Scum"


Enquanto responsável pela editora DFA, James Murphy tornou-se num dos timoneiros na disseminação da amálgama punk, funk, electro e disco que tem dominado alguma da música mais entusiasmante da década, diluíndo as fronteiras entre o rock e a música de dança com resultados por vezes infecciosos. No primeiro álbum dos LCD Soundsystem, Murphy assinalou um testemunho emblemático e deixou para a posteridade singles de inegável eficácia como "Yeah" ou "Tribulations", que quase compensavam o nível irregular das composições desse díptico algo sobrevalorizado."Sound of Silver", nova proposta após "45:33", um curioso disco para a Nike com música para jogging, alarga o espectro de influências que já se evidenciavam no registo de estreia, e se é verdade que Murphy é oportuno nas citações mais ou menos óbvias e oferece por vezes momentos criativos, no geral este é ainda um álbum desequilibrado, com mais ambição do que sucesso nos resultados alcançados."Get Innocuous!", o primeiro tema, é paradigmático dos problemas do disco. O início é intrigante, com sintetizadores pilhados dos Kraftwerk ao serviço de uma cadência minimalista e repetitiva, mas cativante, que infelizmente é mal aproveitada ao longo de mais de sete minutos que se tornam monocórdicos e cansativos. "Time to Get Away", com uma estrutura não muito diferente, também acusa algum cansaço, ainda que tenha a vantagem de durar menos tempo, e por isso só à terceira canção é que os resultados começam de facto a entusiasmar.Single simultaneamente abrasivo e trauteável, "North American Scum" é uma injecção de energia rítmica que, ao contrário da maioria das canções do álbum, se mantém do princípio ao fim e promete causar estragos numa pista de dança que se adivinhará concorrida. Ainda mais surpreendente é a canção seguinte, "Someone Great", de longe a melhor de "Sound of Silver" e imprescindível entre as mais cativantes de 2007, que revela um lado dos LCD Soundsystem, contido e frágil, até então inexplorado. Metade canção de embalar, metade exercício dançável embora longe de pujante, é o ponto em que o projecto mais se aproxima de uma balada - até tem direito ao brilho dos xilofones - e o resultado é belíssimo. Infelizmente, este oásis de inspiração não tem continuidade no resto do disco, já que "All My Friends" volta a insistir numa repetição rítmica abusiva, desta vez via piano, e a tendência prossegue em "Us v Them" e no tema-título.O tema final recupera algum do interesse perdido, através de uma inesperada mudança de azimutes onde Murphy se candidata a sósia de Lou Reed - depois das muitas vénias a David Byrne - em "New York, I Love You But You're Bringing Me Down", carta de amor e ódio (ou, pelo menos, desencanto) à Big Apple com uns LCD Soundsystem atipicamente acústicos. É pena que, apesar de ocasionais pistas interessantes como esta e de uma curiosa fusão de heranças - de David Bowie a Human League, passando pelos Talking Heads -, "Sound of Silver" seja um trabalho desigual e quase sempre frustrante. Um disco competente, mas cansativo. E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVELLCD Soundsystem - "North American Scum"

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