gonn1000: OS MISTERIOSOS ASSASSÍNIOS EM LONDRES

01-07-2011
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Em 2006, "Match Point" impôs-se como um dos filmes essenciais do ano, assinalando um fulgurante regresso de Woody Allen após uma série de obras recentes sempre longe da mediocridade, é certo, mas também sem atributos que as elevassem acima de uma confortável mediania. "Scoop", se por um lado partilha alguns elementos com o seu antecessor - o cenário da acção volta a ser Londres, Scarlett Johansson pica novamente o ponto no elenco, a história alicerça-se num assassino -, não conta com a sua dose de inspiração, ficando aquém da elegância formal e da crescente tensão que essa quase obra-prima apresentava.Contudo, na sua despretensão e ligeireza, esta comédia consegue ainda cativar e divertir com inteligência, não percorrendo territórios muito imprevisíveis (pelo contrário, exibe constantemente sinais reconhecíveis de Woody Allen) mas resultando num objecto mais interessante do que alguns dos últimos trabalhos do realizador (casos dos desequilibrados "Hollywood Ending" ou "Melinda e Melinda"). Obra quase sempre mais simpática do que intrigante, centrada numa estudante de jornalismo norte-americana que desconfia que um jovem aristocrata é o mais recente serial killer londrino, "Scoop" compensa em eficácia o que lhe falta em criatividade, e se os resultados são algo irregulares é difícil não reconhecer que ainda há por aqui muitos diálogos de génio.Não são todas as comédias que têm o privilégio de se sustentarem num humor simultaneamente inteligente e acessível, mas Allen volta a estabelecer esse estimável equilíbrio, oferecendo generosas doses de gags irresistíveis a um ritmo que, mesmo com altos e baixos, acerta mais do que falha.Scarlett Johansson, a mais séria candidata a nova musa do realizador, partilha com ele o protagonismo do filme, e entre os dois estabelece-se uma interessante química. É curioso notar que, se em títulos anteriores Jason Biggs ou Will Ferrell, entre outros jovens actores, adoptaram os tiques de interpretação de Allen, desta vez esse papel cabe a Scarlett, que encarna uma personagem bem distinta da que compôs em "Match Point": onde Nola Rice era carnal, magnética e insinuante, Sondra Pransky é desajeitada, tagarela e neurótica q.b..Nos secundários, Ian McShane merecia mais tempo de antena e Hugh Jackman não entusiasma numa interpretação algo insípida, a milhas do carisma que o ajudou a notabilizar-se através da saga X-Men.Divertimento leve e sem grandes ambições, "Scoop" não entra para a lista de películas inesquecíveis do cineasta, mas após uma carreira tão longa e profícua não seria justo exigir-lhe isso a cada novo filme, sobretudo quando, mesmo em piloto automático, é capaz de proporcionar obras consistentes como esta. E se a próxima - que se tudo correr com a cadência habitual estreará em 2008 - mantiver pelo menos este nível qualitativo, já será mais um título a aguardar sem reservas. E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM


Em 2006, "Match Point" impôs-se como um dos filmes essenciais do ano, assinalando um fulgurante regresso de Woody Allen após uma série de obras recentes sempre longe da mediocridade, é certo, mas também sem atributos que as elevassem acima de uma confortável mediania. "Scoop", se por um lado partilha alguns elementos com o seu antecessor - o cenário da acção volta a ser Londres, Scarlett Johansson pica novamente o ponto no elenco, a história alicerça-se num assassino -, não conta com a sua dose de inspiração, ficando aquém da elegância formal e da crescente tensão que essa quase obra-prima apresentava.Contudo, na sua despretensão e ligeireza, esta comédia consegue ainda cativar e divertir com inteligência, não percorrendo territórios muito imprevisíveis (pelo contrário, exibe constantemente sinais reconhecíveis de Woody Allen) mas resultando num objecto mais interessante do que alguns dos últimos trabalhos do realizador (casos dos desequilibrados "Hollywood Ending" ou "Melinda e Melinda"). Obra quase sempre mais simpática do que intrigante, centrada numa estudante de jornalismo norte-americana que desconfia que um jovem aristocrata é o mais recente serial killer londrino, "Scoop" compensa em eficácia o que lhe falta em criatividade, e se os resultados são algo irregulares é difícil não reconhecer que ainda há por aqui muitos diálogos de génio.Não são todas as comédias que têm o privilégio de se sustentarem num humor simultaneamente inteligente e acessível, mas Allen volta a estabelecer esse estimável equilíbrio, oferecendo generosas doses de gags irresistíveis a um ritmo que, mesmo com altos e baixos, acerta mais do que falha.Scarlett Johansson, a mais séria candidata a nova musa do realizador, partilha com ele o protagonismo do filme, e entre os dois estabelece-se uma interessante química. É curioso notar que, se em títulos anteriores Jason Biggs ou Will Ferrell, entre outros jovens actores, adoptaram os tiques de interpretação de Allen, desta vez esse papel cabe a Scarlett, que encarna uma personagem bem distinta da que compôs em "Match Point": onde Nola Rice era carnal, magnética e insinuante, Sondra Pransky é desajeitada, tagarela e neurótica q.b..Nos secundários, Ian McShane merecia mais tempo de antena e Hugh Jackman não entusiasma numa interpretação algo insípida, a milhas do carisma que o ajudou a notabilizar-se através da saga X-Men.Divertimento leve e sem grandes ambições, "Scoop" não entra para a lista de películas inesquecíveis do cineasta, mas após uma carreira tão longa e profícua não seria justo exigir-lhe isso a cada novo filme, sobretudo quando, mesmo em piloto automático, é capaz de proporcionar obras consistentes como esta. E se a próxima - que se tudo correr com a cadência habitual estreará em 2008 - mantiver pelo menos este nível qualitativo, já será mais um título a aguardar sem reservas. E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

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