gonn1000: INTRIGA INTERNACIONAL

30-06-2011
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Tal como "Voo 93" ou "World Trade Center" também "Alguns Dias em Setembro" (Quelques Jours en Septembre) tem ligações com o dia que, há cinco anos, deixou o mundo em suspenso quando as Torres Gémeas e quatro aviões norte-americanos foram alvo de terrorismo.Contudo, ao contrário dessas obras de Paul Greengrass e Oliver Stone, o enredo desta primeira longa-metragem do argentino Santiago Amigorena (argumentista que aqui se estreia na realização) não se concentra nas tragédias que ocorreram nesse dia, antes oferece algumas conjecturas acerca dos bastidores dos episódios trágicos, em especial sobre a actuação dos serviços secretos norte-americanos nos dias que antecederam os acontecimentos.Antes de chegar a este ponto, "Alguns Dias em Setembro" começa por seguir o percurso de Irene, uma ex-espia que se comprometeu a um antigo colega (e amigo), Elliot, a reunir os dois filhos deste, Orlando, francesa, abandonada pelo pai dez anos antes, e David, norte-americano e seu filho adoptivo.Espião procurado por vários agentes devido à posse de informações de alto impacto internacional, Elliot adia por várias vezes o reecontro com os seus filhos na tentativa de despistar os seus perseguidores, sobretudo William Pound, que nutre por ele um misto de ódio e admiração.Santiago Amigorena estrutura com eficácia este envolvente jogo do gato e do rato, proporcionando boas sequências de suspense sem no entanto injectar no filme excessivas cenas de acção e perseguição, pelo contrário, estas surgem apenas pontualmente, já que grande parte do tempo de antena é concedido (e ainda bem) às personagens e respectivas inquietações.É, aliás, na construção das personagens que "Alguns Dias em Setembro" é melhor sucedido, sobretudo no trio protagonista, composto por Irene, Orlando e David, cuja dinâmica tanto oferece cenas de um inesperado humor (como a discussão sobre franceses e americanos) como de uma subtil introspecção (em especial a forma como a relação dos "irmãos" evolui).A consistência destas deve-se não só ao sólido argumento de Amigorena, que combina drama, suspense e alguma comédia sem nunca esquecer as contingências das relações humanas, mas também às fortes interpretações de todos os actores, desde a de uma Juliette Binoche atipicamente enigmática e austera (que obriga a perdoar o seu insípido desempenho em "Maria Madalena", de Abel Ferrara), até às dos jovens Sara Forestier e Tom Riley, ela emanando uma vibrante garra em constante contenção, ele irradiando um idealismo contagiante.Dos veteranos, John Turturro compõe em William Pound um assassino com tanto de hilariante como de assustador (embora demasiado caricatural) e Nick Nolte mostra-se igual a si mesmo numa pequena mas importante participação.Apoiando-se num ritmo absorvente, num consistente trabalho de realização, argumento e fotografia e, claro, num elenco bastante seguro, "Alguns Dias em Setembro" é uma entusiasmante primeira obra, sugerindo que, para além de argumentista, Santiago Amigorena tem também méritos enquanto cineasta.E, independentemente da temática incontornável com que está relacionada (factor que poderá torná-la num objecto controverso, principalmente devido à última meia hora), esta é acima de tudo uma boa história bem contada, ou seja, bom cinema. E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM


Tal como "Voo 93" ou "World Trade Center" também "Alguns Dias em Setembro" (Quelques Jours en Septembre) tem ligações com o dia que, há cinco anos, deixou o mundo em suspenso quando as Torres Gémeas e quatro aviões norte-americanos foram alvo de terrorismo.Contudo, ao contrário dessas obras de Paul Greengrass e Oliver Stone, o enredo desta primeira longa-metragem do argentino Santiago Amigorena (argumentista que aqui se estreia na realização) não se concentra nas tragédias que ocorreram nesse dia, antes oferece algumas conjecturas acerca dos bastidores dos episódios trágicos, em especial sobre a actuação dos serviços secretos norte-americanos nos dias que antecederam os acontecimentos.Antes de chegar a este ponto, "Alguns Dias em Setembro" começa por seguir o percurso de Irene, uma ex-espia que se comprometeu a um antigo colega (e amigo), Elliot, a reunir os dois filhos deste, Orlando, francesa, abandonada pelo pai dez anos antes, e David, norte-americano e seu filho adoptivo.Espião procurado por vários agentes devido à posse de informações de alto impacto internacional, Elliot adia por várias vezes o reecontro com os seus filhos na tentativa de despistar os seus perseguidores, sobretudo William Pound, que nutre por ele um misto de ódio e admiração.Santiago Amigorena estrutura com eficácia este envolvente jogo do gato e do rato, proporcionando boas sequências de suspense sem no entanto injectar no filme excessivas cenas de acção e perseguição, pelo contrário, estas surgem apenas pontualmente, já que grande parte do tempo de antena é concedido (e ainda bem) às personagens e respectivas inquietações.É, aliás, na construção das personagens que "Alguns Dias em Setembro" é melhor sucedido, sobretudo no trio protagonista, composto por Irene, Orlando e David, cuja dinâmica tanto oferece cenas de um inesperado humor (como a discussão sobre franceses e americanos) como de uma subtil introspecção (em especial a forma como a relação dos "irmãos" evolui).A consistência destas deve-se não só ao sólido argumento de Amigorena, que combina drama, suspense e alguma comédia sem nunca esquecer as contingências das relações humanas, mas também às fortes interpretações de todos os actores, desde a de uma Juliette Binoche atipicamente enigmática e austera (que obriga a perdoar o seu insípido desempenho em "Maria Madalena", de Abel Ferrara), até às dos jovens Sara Forestier e Tom Riley, ela emanando uma vibrante garra em constante contenção, ele irradiando um idealismo contagiante.Dos veteranos, John Turturro compõe em William Pound um assassino com tanto de hilariante como de assustador (embora demasiado caricatural) e Nick Nolte mostra-se igual a si mesmo numa pequena mas importante participação.Apoiando-se num ritmo absorvente, num consistente trabalho de realização, argumento e fotografia e, claro, num elenco bastante seguro, "Alguns Dias em Setembro" é uma entusiasmante primeira obra, sugerindo que, para além de argumentista, Santiago Amigorena tem também méritos enquanto cineasta.E, independentemente da temática incontornável com que está relacionada (factor que poderá torná-la num objecto controverso, principalmente devido à última meia hora), esta é acima de tudo uma boa história bem contada, ou seja, bom cinema. E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM

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