gonn1000: OSSOS COM BOA ESTRUTURA

30-06-2011
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Uma das bandas que revisitou o garage e o punk no início do novo milénio, os nova-iorquinos Yeah Yeah Yeahs entraram para a lista de entusiasmantes promessas com a edição de dois EPs e confirmaram ser uma banda a merecer atenção quando editaram o primeiro longa-duração, "Fever to Tell", em 2003. Directo, rude, tenso e dinâmico, foi um álbum imponente que colocou o trio, e especialmente a carismática vocalista Karen O., como porta-estandartes da geração que colheu influências na revolução sonora de finais dos anos 70 e no indie rock da década de 90.Três anos depois, "Show Your Bones", o segundo álbum, prova que o grupo não foi apenas um curioso hype momentâneo mas é um projecto sólido e uma aposta segura, evitando repetir a receita do registo de estreia (ao contrário do que ocorreu com os Franz Ferdinand ou The Strokes) mas mantendo elementos suficientes que não desvirtuam a sua personalidade. Uma personalidade ainda em contrução, diga-se, já que ainda é muito evidente a herança de nomes como PJ Harvey, Siouxsie and the Banshees ou Sonic Youth, a que os Yeah Yeah Yeahs foram comparados desde o início. Mas esta é uma banda capaz de superar paralelismos óbvios, e seria injusto não o reconhecer quando "Show Your Bones" apresenta um conjunto de canções tão digno e cativante.Mais apaziguado e sóbrio do que o seu antecessor, é um disco onde as explosões sonoras são agora a excepção e não a regra, sendo escassos os momentos de descarga de adrenalina que dominavam as composições do trio. Se isso lhes retira algum efeito surpresa e a desconcertante espontaneidade pela qual se distinguiram, permite-lhes explorar outros caminhos vincados por uma maior maturidade e apuro, tanto na sonoridade como nas letras. Também a voz de Karen O. alcança aqui outros voos, não se limitando a um registo reminiscente de outras riot grrrls e conseguindo sugerir um intimismo que já tinha dado bons resultados em ocasionais canções de "Fever to Tell", como a emblemática e sensível "Maps".É precisamente nos momentos contidos e contemplativos que o álbum mais brilha, casos de "Dudley", uma deliciosa quase-balada, da arrepiante e amargurada "The Sweets", da não menos intensa "Warrior", onde Karen O. faz lembrar uma Courtney Love de outros tempos mais inspirados, e sobretudo de "Cheated Hearts", o tema de eleição do disco, pequeno milagre em forma de música e uma das grandes canções de 2006.O "problema" de "Show Your Bones" é não manter sempre este nível, pois embora não tenha nenhum tema que envergonhe os seus autores também não são todos os que mantêm a fasquia tão alta. Nada que impeça a banda de superar, com distinção, o desafio do segundo álbum, algo que nos dias de hoje nem sempre é fácil de concretizar (vejam-se os exemplos dos Bloc Party ou The Killers). Se souberem evoluir como o têm feito até aqui, vale a pena esperar que os Yeah Yeah Yeahs continuem a mostrar mais de si.E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM Yeah Yeah Yeahs - "Turn Into"


Uma das bandas que revisitou o garage e o punk no início do novo milénio, os nova-iorquinos Yeah Yeah Yeahs entraram para a lista de entusiasmantes promessas com a edição de dois EPs e confirmaram ser uma banda a merecer atenção quando editaram o primeiro longa-duração, "Fever to Tell", em 2003. Directo, rude, tenso e dinâmico, foi um álbum imponente que colocou o trio, e especialmente a carismática vocalista Karen O., como porta-estandartes da geração que colheu influências na revolução sonora de finais dos anos 70 e no indie rock da década de 90.Três anos depois, "Show Your Bones", o segundo álbum, prova que o grupo não foi apenas um curioso hype momentâneo mas é um projecto sólido e uma aposta segura, evitando repetir a receita do registo de estreia (ao contrário do que ocorreu com os Franz Ferdinand ou The Strokes) mas mantendo elementos suficientes que não desvirtuam a sua personalidade. Uma personalidade ainda em contrução, diga-se, já que ainda é muito evidente a herança de nomes como PJ Harvey, Siouxsie and the Banshees ou Sonic Youth, a que os Yeah Yeah Yeahs foram comparados desde o início. Mas esta é uma banda capaz de superar paralelismos óbvios, e seria injusto não o reconhecer quando "Show Your Bones" apresenta um conjunto de canções tão digno e cativante.Mais apaziguado e sóbrio do que o seu antecessor, é um disco onde as explosões sonoras são agora a excepção e não a regra, sendo escassos os momentos de descarga de adrenalina que dominavam as composições do trio. Se isso lhes retira algum efeito surpresa e a desconcertante espontaneidade pela qual se distinguiram, permite-lhes explorar outros caminhos vincados por uma maior maturidade e apuro, tanto na sonoridade como nas letras. Também a voz de Karen O. alcança aqui outros voos, não se limitando a um registo reminiscente de outras riot grrrls e conseguindo sugerir um intimismo que já tinha dado bons resultados em ocasionais canções de "Fever to Tell", como a emblemática e sensível "Maps".É precisamente nos momentos contidos e contemplativos que o álbum mais brilha, casos de "Dudley", uma deliciosa quase-balada, da arrepiante e amargurada "The Sweets", da não menos intensa "Warrior", onde Karen O. faz lembrar uma Courtney Love de outros tempos mais inspirados, e sobretudo de "Cheated Hearts", o tema de eleição do disco, pequeno milagre em forma de música e uma das grandes canções de 2006.O "problema" de "Show Your Bones" é não manter sempre este nível, pois embora não tenha nenhum tema que envergonhe os seus autores também não são todos os que mantêm a fasquia tão alta. Nada que impeça a banda de superar, com distinção, o desafio do segundo álbum, algo que nos dias de hoje nem sempre é fácil de concretizar (vejam-se os exemplos dos Bloc Party ou The Killers). Se souberem evoluir como o têm feito até aqui, vale a pena esperar que os Yeah Yeah Yeahs continuem a mostrar mais de si.E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM Yeah Yeah Yeahs - "Turn Into"

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