gonn1000: ACÇÃO EM LOS ANGELES

01-07-2011
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Apesar de só agora se estrear na realização, Shane Black não é propriamente um novato em domínios da sétima arte, pois escreveu os argumentos de alguns filmes de acção como “A Fúria do Último Escuteiro”, “O Último Grande Herói” ou os da célebre saga “Arma Mortífera”.“Kiss Kiss, Bang Bang”, se por um lado não se afasta muito de territórios em que Black se destacou – situando-se entre o policial e a comédia -, também não se limita a ser mais do mesmo, uma vez que é um buddy movie que se desenvolve com uma refrescante criatividade, pegando nas convenções do género e satirizando-as.Divertido e empolgante, o filme assenta nas peripécias de Harry Lockhart, um ladrão que acidentalmente vai a um casting e acaba por ser escolhido para protagonizar um filme de Hollywood. No entanto, de forma a estar pronto para o papel, Harry terá de aprender como agir como um detective privado, condição que o obriga a acompanhar as missões de Gay Perry, um dos agentes mais reputados e exímios do ramo.Oferecendo várias sequências hilariantes baseadas em equívocos e mirabolantes coincidências, “Kiss Kiss, Bang Bang” é um conseguido entretenimento muito acima dos banais e formulaicos filmes de acção que chegam frequentemente de território norte-americano.O mérito é não só de Shane Black, que proporciona um escorreito trabalho de argumento e realização (por vezes com grandes ideias visuais, como no cativante genérico ou na concepção de envolventes atmosferas nocturnas), mas também de Val Kilmer, na pele do frio e austero detective gay, e de Robert Downey Jr., que encarna o azarado mas bem-intencionado protagonista. Este último, sobretudo, é especialmente seguro, comprovando que é um grande actor de comédia, capaz de construir uma personagem carismática e que facilmente estabelece empatia com o espectador, mesmo com o mais sisudo.Embora o filme seja acessível e ligeiro, opta mais pelo recurso a um humor bem delineado e com sentido de oportunidade do que a gags de gosto duvidoso (ainda que também os haja), alicerçando-se num elenco com química, espontaneidade e noção de timing cómico.O desenvolvimento das personagens é tão esquemático e limitado como nas películas que “Kiss Kiss, Bang Bang” satiriza e as resoluções dos mistérios que marcam a narrativa são mais forçadas do que credíveis, mas esses aspectos pouco importam quando o filme funciona enquanto um bem confeccionado exercício de estilo desconstrutor de clichés, com um ritmo imparável e uma boa disposição contagiante. Quem procurar mais do isso entrará na sessão errada, mas dificilmente dará por perdida uma agradável hora e meia. E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM


Apesar de só agora se estrear na realização, Shane Black não é propriamente um novato em domínios da sétima arte, pois escreveu os argumentos de alguns filmes de acção como “A Fúria do Último Escuteiro”, “O Último Grande Herói” ou os da célebre saga “Arma Mortífera”.“Kiss Kiss, Bang Bang”, se por um lado não se afasta muito de territórios em que Black se destacou – situando-se entre o policial e a comédia -, também não se limita a ser mais do mesmo, uma vez que é um buddy movie que se desenvolve com uma refrescante criatividade, pegando nas convenções do género e satirizando-as.Divertido e empolgante, o filme assenta nas peripécias de Harry Lockhart, um ladrão que acidentalmente vai a um casting e acaba por ser escolhido para protagonizar um filme de Hollywood. No entanto, de forma a estar pronto para o papel, Harry terá de aprender como agir como um detective privado, condição que o obriga a acompanhar as missões de Gay Perry, um dos agentes mais reputados e exímios do ramo.Oferecendo várias sequências hilariantes baseadas em equívocos e mirabolantes coincidências, “Kiss Kiss, Bang Bang” é um conseguido entretenimento muito acima dos banais e formulaicos filmes de acção que chegam frequentemente de território norte-americano.O mérito é não só de Shane Black, que proporciona um escorreito trabalho de argumento e realização (por vezes com grandes ideias visuais, como no cativante genérico ou na concepção de envolventes atmosferas nocturnas), mas também de Val Kilmer, na pele do frio e austero detective gay, e de Robert Downey Jr., que encarna o azarado mas bem-intencionado protagonista. Este último, sobretudo, é especialmente seguro, comprovando que é um grande actor de comédia, capaz de construir uma personagem carismática e que facilmente estabelece empatia com o espectador, mesmo com o mais sisudo.Embora o filme seja acessível e ligeiro, opta mais pelo recurso a um humor bem delineado e com sentido de oportunidade do que a gags de gosto duvidoso (ainda que também os haja), alicerçando-se num elenco com química, espontaneidade e noção de timing cómico.O desenvolvimento das personagens é tão esquemático e limitado como nas películas que “Kiss Kiss, Bang Bang” satiriza e as resoluções dos mistérios que marcam a narrativa são mais forçadas do que credíveis, mas esses aspectos pouco importam quando o filme funciona enquanto um bem confeccionado exercício de estilo desconstrutor de clichés, com um ritmo imparável e uma boa disposição contagiante. Quem procurar mais do isso entrará na sessão errada, mas dificilmente dará por perdida uma agradável hora e meia. E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

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