gonn1000: ESTRANHAS LIGAÇÕES

30-06-2011
marcar artigo


Num período em que parte significativa do cinema norte-americano tem dedicado considerável atenção à conjuntura política e económica mundial dos dias de hoje, recuperando características de alguns thrillers da década de 70, "Syriana", de Stephen Gaghan, salienta-se como um dos títulos que adquiriu maior visibilidade.Propondo um complexo (e frequentemente confuso) olhar sobre os bastidores da indústria petrolífera, da CIA, do terrorismo e das ligações entre o ocidente e o (médio) oriente, o filme tem tanto de ambicioso e pertinente como de falhado, perdendo-se numa narrativa demasiado fragmentada que deixa, não raras vezes, o espectador sem âncora, perdido entre tanta sobrecarga de informação. Se Gaghan tem mérito por focar os conflitos de interesses que orientam as relações internacionais contemporâneas, nunca cedendo ao estilo histérico e tendencioso de um Michael Moore, apresenta contudo um objecto irregular já que intrincado argumento é de difícil absorção, bem mais do que o de "Traffic - Ninguém Sai Ileso", de Steven Soderbergh, outro filme mediático que o realizador/argumentista escreveu anteriormente e que lhe concedeu algum prestígio (como o comprova o Óscar de Melhor Argumento).A vertente excessivamente cerebral do filme, embora o desequilibre, não impede que este se destaque como um objecto de interesse acima da média, sobretudo porque Gaghan é hábil no trabalho de câmara, apostando numa realização fluída de travo documental, acentuando um realismo que a fotografia de cores esbatidas ajuda a consolidar.A direcção de actores é igualmente feliz, num elenco que inclui um seguro e envolvente Matt Damon, um ambíguo e intrigante Jeffrey Wright, um sinistro Christopher Plummer ou um sobrevalorizado George Clooney (numa interpretação competente mas inexplicavelmente vencedora do Óscar de Melhor Actor Secundário).É pena que "Syriana" não chegue a ser o grande filme que estes recomendáveis atributos sugerem, pois apesar de duas ou três sequências muito fortes (a do filho da personagem de Damon ou todo o desenlace), o argumento não deixa que a película atinja o seu potencial, prejudicando-a com outras tantas cenas enfadonhas de interesse questionável e não explorando as personagens como estas mereciam. Espera-se, por isso, que o próximo trabalho de Gaghan seja uma película igualmente inteligente e adulta mas que dê espaço para o espectador respirar. E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM


Num período em que parte significativa do cinema norte-americano tem dedicado considerável atenção à conjuntura política e económica mundial dos dias de hoje, recuperando características de alguns thrillers da década de 70, "Syriana", de Stephen Gaghan, salienta-se como um dos títulos que adquiriu maior visibilidade.Propondo um complexo (e frequentemente confuso) olhar sobre os bastidores da indústria petrolífera, da CIA, do terrorismo e das ligações entre o ocidente e o (médio) oriente, o filme tem tanto de ambicioso e pertinente como de falhado, perdendo-se numa narrativa demasiado fragmentada que deixa, não raras vezes, o espectador sem âncora, perdido entre tanta sobrecarga de informação. Se Gaghan tem mérito por focar os conflitos de interesses que orientam as relações internacionais contemporâneas, nunca cedendo ao estilo histérico e tendencioso de um Michael Moore, apresenta contudo um objecto irregular já que intrincado argumento é de difícil absorção, bem mais do que o de "Traffic - Ninguém Sai Ileso", de Steven Soderbergh, outro filme mediático que o realizador/argumentista escreveu anteriormente e que lhe concedeu algum prestígio (como o comprova o Óscar de Melhor Argumento).A vertente excessivamente cerebral do filme, embora o desequilibre, não impede que este se destaque como um objecto de interesse acima da média, sobretudo porque Gaghan é hábil no trabalho de câmara, apostando numa realização fluída de travo documental, acentuando um realismo que a fotografia de cores esbatidas ajuda a consolidar.A direcção de actores é igualmente feliz, num elenco que inclui um seguro e envolvente Matt Damon, um ambíguo e intrigante Jeffrey Wright, um sinistro Christopher Plummer ou um sobrevalorizado George Clooney (numa interpretação competente mas inexplicavelmente vencedora do Óscar de Melhor Actor Secundário).É pena que "Syriana" não chegue a ser o grande filme que estes recomendáveis atributos sugerem, pois apesar de duas ou três sequências muito fortes (a do filho da personagem de Damon ou todo o desenlace), o argumento não deixa que a película atinja o seu potencial, prejudicando-a com outras tantas cenas enfadonhas de interesse questionável e não explorando as personagens como estas mereciam. Espera-se, por isso, que o próximo trabalho de Gaghan seja uma película igualmente inteligente e adulta mas que dê espaço para o espectador respirar. E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

marcar artigo