gonn1000: IRMÃS INSEPARÁVEIS

30-06-2011
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São duas irmãs gémeas e “The Con” é já o seu quinto disco, a mais recente proposta de uma carreira que há uma década as inscreveu na lista de promessas indie e que agora as aproxima mais de uma confirmação. Pelo menos a julgar pela maturidade que Tegan and Sara exibem em alguns momentos do álbum, consolidando traços de personalidade(s) de uma escrita a quatro mãos onde se evidenciam diferenças nos temas compostos por cada uma das manas Quin mas não tão díspares ao ponto de ameaçar a coesão do disco.“The Con” é mais um testemunho de como boa parte do rock recomendável que tem surgido nos últimos anos provém de origens canadianas, e mesmo que não seja das obras mais marcantes oriundas desses domínios exibe consistência e interesse suficientes para não merecer passar despercebido.Dominado por canções curtas – nenhuma vai além dos quatro minutos -, directas e quase sempre imediatas, o álbum dá continuidade ao misto de indie e power pop que já havia sido trabalhado pelas cantoras/compositoras nos registos anteriores, introduzindo-lhe pontuais contaminações folk e new wave.O cruzamento de géneros nem sempre é bem conseguido, ainda que também não haja falhanços graves a assinalar, até porque a brevidade da duração das canções impede que os momentos menos entusiasmantes se prolonguem. Estes devem-se sobretudo aos temas compostos por Tegan, geralmente os mais upbeat e orelhudos mas por vezes aproximando-se excessivamente de territórios emo e ancorando-se em estruturas mais formatadas e radiofriendly (como no escorregão de “Hop a Plane”).Catorze canções, embora curtas, é que acabam por ser um pouco demais, sobretudo porque as letras são monotemáticas, insistindo na pouco surpreendente temática do fim das relações. Felizmente, algumas destas são das mais cativantes pérolas indie do ano, caso do single “Back in Your Head”, deliciosa fusão entre uma melodia assente em teclados e voz agridoce, ou dos momentos mais apaziguados da recta final do disco, onde o tom confessional é reforçado e origina belos e lúcidos relatos amorosos como “Call It Off”, uma muito apropriada escolha para tema final. Pelo meio há frases que ficam, como “I felt you in my legs before I ever met you”, em “Nineteen”, mergulho nas recordações de um longínquo one night stand que a memória não quer apagar.“The Con” convence também pela produção precisa de Cristopher Walla, dos Death Cab For Cutie - não por acaso, o disco partilha algumas atmosferas com “Plans” -, capaz de dosear eficazmente elementos eléctricos e acústicos, já que a paleta sonora vai dos sintetizadores a la The Killers da faixa-título ao despojamento de “Floorplan”. E mesmo que assim não fosse, teria sempre a seu favor as acolhedoras vozes das suas autoras, algures entre uma Karen O mais serena (fase “Show Your Bones”, portanto) e uma Emily Haines (dos Metric) mais frágil, duas boas portas de entrada para um projecto que vale por si.E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM Tegan and Sara - "Back in Your Head"


São duas irmãs gémeas e “The Con” é já o seu quinto disco, a mais recente proposta de uma carreira que há uma década as inscreveu na lista de promessas indie e que agora as aproxima mais de uma confirmação. Pelo menos a julgar pela maturidade que Tegan and Sara exibem em alguns momentos do álbum, consolidando traços de personalidade(s) de uma escrita a quatro mãos onde se evidenciam diferenças nos temas compostos por cada uma das manas Quin mas não tão díspares ao ponto de ameaçar a coesão do disco.“The Con” é mais um testemunho de como boa parte do rock recomendável que tem surgido nos últimos anos provém de origens canadianas, e mesmo que não seja das obras mais marcantes oriundas desses domínios exibe consistência e interesse suficientes para não merecer passar despercebido.Dominado por canções curtas – nenhuma vai além dos quatro minutos -, directas e quase sempre imediatas, o álbum dá continuidade ao misto de indie e power pop que já havia sido trabalhado pelas cantoras/compositoras nos registos anteriores, introduzindo-lhe pontuais contaminações folk e new wave.O cruzamento de géneros nem sempre é bem conseguido, ainda que também não haja falhanços graves a assinalar, até porque a brevidade da duração das canções impede que os momentos menos entusiasmantes se prolonguem. Estes devem-se sobretudo aos temas compostos por Tegan, geralmente os mais upbeat e orelhudos mas por vezes aproximando-se excessivamente de territórios emo e ancorando-se em estruturas mais formatadas e radiofriendly (como no escorregão de “Hop a Plane”).Catorze canções, embora curtas, é que acabam por ser um pouco demais, sobretudo porque as letras são monotemáticas, insistindo na pouco surpreendente temática do fim das relações. Felizmente, algumas destas são das mais cativantes pérolas indie do ano, caso do single “Back in Your Head”, deliciosa fusão entre uma melodia assente em teclados e voz agridoce, ou dos momentos mais apaziguados da recta final do disco, onde o tom confessional é reforçado e origina belos e lúcidos relatos amorosos como “Call It Off”, uma muito apropriada escolha para tema final. Pelo meio há frases que ficam, como “I felt you in my legs before I ever met you”, em “Nineteen”, mergulho nas recordações de um longínquo one night stand que a memória não quer apagar.“The Con” convence também pela produção precisa de Cristopher Walla, dos Death Cab For Cutie - não por acaso, o disco partilha algumas atmosferas com “Plans” -, capaz de dosear eficazmente elementos eléctricos e acústicos, já que a paleta sonora vai dos sintetizadores a la The Killers da faixa-título ao despojamento de “Floorplan”. E mesmo que assim não fosse, teria sempre a seu favor as acolhedoras vozes das suas autoras, algures entre uma Karen O mais serena (fase “Show Your Bones”, portanto) e uma Emily Haines (dos Metric) mais frágil, duas boas portas de entrada para um projecto que vale por si.E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM Tegan and Sara - "Back in Your Head"

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