gonn1000: A LESTE DO PARAÍSO

30-06-2011
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A estreia de um novo filme de Michael Bay está longe de ser um acontecimento relevante, pelo menos para quem procura num filme mais do que uma série de sequências de acção repetitivas e exageradas, aliadas a personagens caricaturais e a uma básica construção da narrativa.Por isso, “A Ilha” (The Island), o mais recente título do realizador norte-americano, não apresentava, à partida, muitos atributos que o distinguissem de obras anteriores, seguindo os moldes de um blockbuster pronto-a-servir.De resto, o facto de ter sido mal recebido internacionalmente por grande parte do público (que sempre aderiu mais aos filmes de Bay do que a crítica) sugeria que a fórmula usada pelo realizador estava à beira do esgotamento e nem conseguia assegurar um entretenimento competente.Mas, como por vezes a realidade é mais estranha do que a ficção, até uma película de Michael Bay pode revelar-se surpreendente e interessante, uma vez que “A Ilha”, não sendo um título especialmente inovador, consegue ser uma refrescante proposta de ficção científica, ainda que contaminada com consideráveis – e a espaços excessivas – doses de acção frenética.Centrado numa sociedade futurista, o filme assenta em dois habitantes de um complexo que protege aqueles que resistiram a uma suposta contaminação que dizimou grande parte da humanidade.Lincoln Six Echo e Jordan Two Delta, à semelhança dos seus companheiros, vivem um quotidiano rotineiro e pacato onde o único elemento encorajador é a hipótese de, um dia, conseguirem ganhar um sorteio que lhes permitirá viajar para a Ilha, um pequeno paraíso e o único local que escapou à devastadora contaminação.Contudo, aos poucos, Lincoln começa a questionar os fundamentos e propósitos do sistema ultra-regulado e organizado que o acolhe, procurando respostas que o levam a descobrir que, afinal, a atmosfera aparentemente pacífica em que se insere é parte de um projecto sinistro e assustador.Quando se apercebe que a convidativa Ilha é apenas um instrumento manipulação dos habitantes do complexo, Lincoln decide escapar, juntamente com Jordan, ao sistema que os enclausura, mas essa atitude torna-os em alvos abater e origina uma vertiginosa rede de perseguições e ataques.Combinando múltiplas influências de obras de ficção científica – há paralelismos com “Matrix”, “1984”, “Equilibrium”, “A Praia”, “Relatório Minoritário” ou até “A Vila”, entre outras – “A Ilha” não é um filme revolucionário, mas é um blockbuster com mais ideias do que seria de esperar, sobretudo vindo de alguém que gerou películas tão inócuas como “Armaggedon” ou “Pearl Harbour”.Os primeiros 30/45 minutos são especialmente atípicos quando comparados com as restantes obras de Bay, uma vez que não apresentam o habitual concentrado de pirotecnia mas antes uma promissora introdução a uma intrigante sociedade futurista. Envolventes, embora frios e estilizados, os ambientes oferecem alguns criativos prodígios visuais, recorrendo a um design sofisticado, e até há espaço para seguir o percurso de dois protagonistas interessantes.É certo que, depois dessa fase, o filme se torna um pouco irregular, oferecendo as esperadas sequências de fugas, tiroteios e explosões que Bay filma de forma algo exibicionista e apressada, mas ainda assim o argumento é suficientemente sólido para que esses episódios mais esquemáticos sejam tolerados.As interpretações de Ewan McGregor e Scarlett Johansson também contribuem para que “A Ilha” resulte, e mesmo que este não seja um tipo de projecto em que os actores apostem regularmente o balanço é bastante positivo, uma vez que a dupla ajuda a que o espectador se preocupe com o destino dos protagonistas (ainda que não sejam personagens particularmente complexas).Aliando o entretenimento à exploração de temáticas científicas e éticas actuais, “A Ilha” é mais bem sucedido no primeiro aspecto do que no segundo, mas tem mais substrato do que a maior parte dos títulos género que têm surgido ultimamente, impondo-se como um recomendável filme de acção.Para além se ser a melhor obra de Michael Bay (o que quer dizer muito pouco já que as restantes são dispensáveis, mas pelo menos esta não contém a vergonhosa manipulação emocional) é um dos mais estimulantes blockbusters do Verão de 2005. Sim, ninguém diria, mas finalmente Michael Bay fez um bom filme, por isso “A Ilha” merece ser visto sem preconceitos.E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM


A estreia de um novo filme de Michael Bay está longe de ser um acontecimento relevante, pelo menos para quem procura num filme mais do que uma série de sequências de acção repetitivas e exageradas, aliadas a personagens caricaturais e a uma básica construção da narrativa.Por isso, “A Ilha” (The Island), o mais recente título do realizador norte-americano, não apresentava, à partida, muitos atributos que o distinguissem de obras anteriores, seguindo os moldes de um blockbuster pronto-a-servir.De resto, o facto de ter sido mal recebido internacionalmente por grande parte do público (que sempre aderiu mais aos filmes de Bay do que a crítica) sugeria que a fórmula usada pelo realizador estava à beira do esgotamento e nem conseguia assegurar um entretenimento competente.Mas, como por vezes a realidade é mais estranha do que a ficção, até uma película de Michael Bay pode revelar-se surpreendente e interessante, uma vez que “A Ilha”, não sendo um título especialmente inovador, consegue ser uma refrescante proposta de ficção científica, ainda que contaminada com consideráveis – e a espaços excessivas – doses de acção frenética.Centrado numa sociedade futurista, o filme assenta em dois habitantes de um complexo que protege aqueles que resistiram a uma suposta contaminação que dizimou grande parte da humanidade.Lincoln Six Echo e Jordan Two Delta, à semelhança dos seus companheiros, vivem um quotidiano rotineiro e pacato onde o único elemento encorajador é a hipótese de, um dia, conseguirem ganhar um sorteio que lhes permitirá viajar para a Ilha, um pequeno paraíso e o único local que escapou à devastadora contaminação.Contudo, aos poucos, Lincoln começa a questionar os fundamentos e propósitos do sistema ultra-regulado e organizado que o acolhe, procurando respostas que o levam a descobrir que, afinal, a atmosfera aparentemente pacífica em que se insere é parte de um projecto sinistro e assustador.Quando se apercebe que a convidativa Ilha é apenas um instrumento manipulação dos habitantes do complexo, Lincoln decide escapar, juntamente com Jordan, ao sistema que os enclausura, mas essa atitude torna-os em alvos abater e origina uma vertiginosa rede de perseguições e ataques.Combinando múltiplas influências de obras de ficção científica – há paralelismos com “Matrix”, “1984”, “Equilibrium”, “A Praia”, “Relatório Minoritário” ou até “A Vila”, entre outras – “A Ilha” não é um filme revolucionário, mas é um blockbuster com mais ideias do que seria de esperar, sobretudo vindo de alguém que gerou películas tão inócuas como “Armaggedon” ou “Pearl Harbour”.Os primeiros 30/45 minutos são especialmente atípicos quando comparados com as restantes obras de Bay, uma vez que não apresentam o habitual concentrado de pirotecnia mas antes uma promissora introdução a uma intrigante sociedade futurista. Envolventes, embora frios e estilizados, os ambientes oferecem alguns criativos prodígios visuais, recorrendo a um design sofisticado, e até há espaço para seguir o percurso de dois protagonistas interessantes.É certo que, depois dessa fase, o filme se torna um pouco irregular, oferecendo as esperadas sequências de fugas, tiroteios e explosões que Bay filma de forma algo exibicionista e apressada, mas ainda assim o argumento é suficientemente sólido para que esses episódios mais esquemáticos sejam tolerados.As interpretações de Ewan McGregor e Scarlett Johansson também contribuem para que “A Ilha” resulte, e mesmo que este não seja um tipo de projecto em que os actores apostem regularmente o balanço é bastante positivo, uma vez que a dupla ajuda a que o espectador se preocupe com o destino dos protagonistas (ainda que não sejam personagens particularmente complexas).Aliando o entretenimento à exploração de temáticas científicas e éticas actuais, “A Ilha” é mais bem sucedido no primeiro aspecto do que no segundo, mas tem mais substrato do que a maior parte dos títulos género que têm surgido ultimamente, impondo-se como um recomendável filme de acção.Para além se ser a melhor obra de Michael Bay (o que quer dizer muito pouco já que as restantes são dispensáveis, mas pelo menos esta não contém a vergonhosa manipulação emocional) é um dos mais estimulantes blockbusters do Verão de 2005. Sim, ninguém diria, mas finalmente Michael Bay fez um bom filme, por isso “A Ilha” merece ser visto sem preconceitos.E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM

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