gonn1000: NANCY BOY

30-06-2011
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Iniciando o seu espectáculo com mais de meia hora de atraso perante uma Aula Magna muitíssimo concorrida - e com lotação esgotada -, Antony and the Johnsons ofereceram, no passado dia 31, um concerto onde os aplausos foram sempre recorrentes e a empatia com a audiência surgiu de forma visível e espontânea.Os primeiros minutos do espectáculo foram protagonizados apenas pelos The Johnsons - Jeff Jangston no baixo, Rob Moose na guitarra, Julia Kent no violoncelo e Maxim Mostom no violino - numa eficaz e serena introdução, mas a estrela da noite chegou pouco depois e foi recebida com uma vibrante ovação geral.Figura andrógina, de indumentária e cabelo negro, Antony apresentou ao vivo o seu mais recente álbum, "I Am a Bird Now", editado em Fevereiro, o sucessor do debutante "Antony and the Johnsons".Com uma voz ambígua e peculiar, o cantor aborda, nas suas composições, as mutações do corpo, as complexidades das relações humanas e a ambivalência sexual, num registo teatral e metafórico q.b. com referências que vão de Boy George a Rufus Wainwright (não é por acaso que ambos os músicos participam no seu novo disco). Incorporando a sobriedade da folk a par de ambientes mais barrocos e, a espaços, certas piscadelas de olho à dream pop, Antony assinalou uma prestação estranhamente incensada pelo público presente, que reagiu com histeria a um concerto apenas competente.Apesar de interessantes em alguns momentos, as canções seguiram-se de forma monótona e pouco versátil, apostando no mesmo tipo de atmosferas e vivendo muito da voz do cantor (singular, é certo, mas não necessariamente entusiasmante).As letras também não ajudam, tentando ser portentos de emoção e sensibilidade mas raramente indo além de uma lamechice banal mas muito pretensiosa.Contudo, a prestação de Antony foi quase sempre afável e empenhada, gerando momentos de assinalável química com os espectadores como na chuva de palmas de "Water and Dust" ou no inebriante e solene murmúrio colectivo que se seguiu, dois dos episódios mais marcantes da noite.As versões de temas de Nico, Leonard Cohen, Moondog e Lou Reed ("Candy Says" foi a última canção do encore, encerrando o espectáculo) conseguiram, também, suscitar uma refrescante carga de surpresa.Entre momentos enfadonhos e ocasionais oásis de envolvente energia, Antony and the Johnsons ofereceram um concerto efusivamente elogiado e aplaudido pela maioria do público, mas que não foi além de um nível escorreito e simpático.Talvez o próximo espectáculo seja mais absorvente, e a julgar pela reacção da audiência não deverá faltar muito para que a banda volte a palcos nacionais em breve.E O VEREDICTO É: 2/5 - RAZOÁVEL


Iniciando o seu espectáculo com mais de meia hora de atraso perante uma Aula Magna muitíssimo concorrida - e com lotação esgotada -, Antony and the Johnsons ofereceram, no passado dia 31, um concerto onde os aplausos foram sempre recorrentes e a empatia com a audiência surgiu de forma visível e espontânea.Os primeiros minutos do espectáculo foram protagonizados apenas pelos The Johnsons - Jeff Jangston no baixo, Rob Moose na guitarra, Julia Kent no violoncelo e Maxim Mostom no violino - numa eficaz e serena introdução, mas a estrela da noite chegou pouco depois e foi recebida com uma vibrante ovação geral.Figura andrógina, de indumentária e cabelo negro, Antony apresentou ao vivo o seu mais recente álbum, "I Am a Bird Now", editado em Fevereiro, o sucessor do debutante "Antony and the Johnsons".Com uma voz ambígua e peculiar, o cantor aborda, nas suas composições, as mutações do corpo, as complexidades das relações humanas e a ambivalência sexual, num registo teatral e metafórico q.b. com referências que vão de Boy George a Rufus Wainwright (não é por acaso que ambos os músicos participam no seu novo disco). Incorporando a sobriedade da folk a par de ambientes mais barrocos e, a espaços, certas piscadelas de olho à dream pop, Antony assinalou uma prestação estranhamente incensada pelo público presente, que reagiu com histeria a um concerto apenas competente.Apesar de interessantes em alguns momentos, as canções seguiram-se de forma monótona e pouco versátil, apostando no mesmo tipo de atmosferas e vivendo muito da voz do cantor (singular, é certo, mas não necessariamente entusiasmante).As letras também não ajudam, tentando ser portentos de emoção e sensibilidade mas raramente indo além de uma lamechice banal mas muito pretensiosa.Contudo, a prestação de Antony foi quase sempre afável e empenhada, gerando momentos de assinalável química com os espectadores como na chuva de palmas de "Water and Dust" ou no inebriante e solene murmúrio colectivo que se seguiu, dois dos episódios mais marcantes da noite.As versões de temas de Nico, Leonard Cohen, Moondog e Lou Reed ("Candy Says" foi a última canção do encore, encerrando o espectáculo) conseguiram, também, suscitar uma refrescante carga de surpresa.Entre momentos enfadonhos e ocasionais oásis de envolvente energia, Antony and the Johnsons ofereceram um concerto efusivamente elogiado e aplaudido pela maioria do público, mas que não foi além de um nível escorreito e simpático.Talvez o próximo espectáculo seja mais absorvente, e a julgar pela reacção da audiência não deverá faltar muito para que a banda volte a palcos nacionais em breve.E O VEREDICTO É: 2/5 - RAZOÁVEL

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