gonn1000: SONHOS VENCIDOS

03-07-2011
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Segunda metade do díptico que começou com "As Bandeiras dos Nossos Pais", "Cartas de Iwo Jima" (Letters from Iwo Jima) centra-se na batalha travada entre americanos e japoneses durante a Segunda Guerra Mundial pela disputa de Iwo Jima, ilha do Pacífico, e debruça-se sobre a perpectiva dos soldados nipónicos sobre o conflito.Ainda mais contido e lacónico do que o título anteriormente estreado, "Cartas de Iwo Jima" baseia-se nas cartas trocadas entre os militares japoneses em missão na ilha e as suas famílias que os esperavam no país-natal, oferecendo um interessante e envolvente testemunho do quotidiano da guerra e do sentimento de perda que já se sentia muito antes do momento da derrota.Vincado por um heroísmo magoado e desencantado, este é um retrato inevitavelmente trágico das contradições humanas e dos absurdos da guerra, elaborado sem desrespeitar qualquer dos lados do conflito. Um dos momentos mais fortes do filme é mesmo quando alguns dos soldados japoneses se apercebem que partilham, afinal, mais semelhanças do que diferenças com os seus antagonistas, ainda que isso não coloque em causa o sentido da missão de que estão incumbidos.Assente numa narrativa mais linear do que "As Bandeiras dos Nossos Pais", "Cartas de Iwo Jima" possui, à semelhança deste, uma impressionante energia cromática, com uma fotografia de tons turvos e esbatidos onde predominam camadas de cinzentos, dotando o filme de uma singular dimensão visual.Também nas sequências de combate há paralelismos, tendo em conta a carga crua e seca com que Eastwood as filma, consolidando um realismo asfixiante que ecoa em toda a película. Fulcral para essa carga realista é a opção pelo idioma japonês, uma decisão arriscada, uma vez que esta se trata de uma obra americana, mas plenamente justificada, tornando a acção ainda mais verosímil.No entanto, apesar de alguns momentos sublimes, "Cartas de Iwo Jima" não chega a impor-se como a notável experiência cinematográfica que se apregoa em alguns círculos e que certas sequências sugerem. É certo que se trata de um filme rigoroso, complexo e denso, mas também excessivamente longo e cuja acção não é imune a alguma redundância, contendo mesmo cenas desnecessárias e cansativas.Apoiado num estilo demasiado contemplativo, nem sempre é capaz de gerar a tensão dramática que a história pede e acaba por se tornar arrastado a espaços, ainda que a direcção de actores (em particular Ken Watanabe e Kazunari Ninomiya) e a realização de Eastwood só mereçam elogios. Um título a descobrir, em todo o caso, ainda que longe do clássico a que poderia ascender. E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM


Segunda metade do díptico que começou com "As Bandeiras dos Nossos Pais", "Cartas de Iwo Jima" (Letters from Iwo Jima) centra-se na batalha travada entre americanos e japoneses durante a Segunda Guerra Mundial pela disputa de Iwo Jima, ilha do Pacífico, e debruça-se sobre a perpectiva dos soldados nipónicos sobre o conflito.Ainda mais contido e lacónico do que o título anteriormente estreado, "Cartas de Iwo Jima" baseia-se nas cartas trocadas entre os militares japoneses em missão na ilha e as suas famílias que os esperavam no país-natal, oferecendo um interessante e envolvente testemunho do quotidiano da guerra e do sentimento de perda que já se sentia muito antes do momento da derrota.Vincado por um heroísmo magoado e desencantado, este é um retrato inevitavelmente trágico das contradições humanas e dos absurdos da guerra, elaborado sem desrespeitar qualquer dos lados do conflito. Um dos momentos mais fortes do filme é mesmo quando alguns dos soldados japoneses se apercebem que partilham, afinal, mais semelhanças do que diferenças com os seus antagonistas, ainda que isso não coloque em causa o sentido da missão de que estão incumbidos.Assente numa narrativa mais linear do que "As Bandeiras dos Nossos Pais", "Cartas de Iwo Jima" possui, à semelhança deste, uma impressionante energia cromática, com uma fotografia de tons turvos e esbatidos onde predominam camadas de cinzentos, dotando o filme de uma singular dimensão visual.Também nas sequências de combate há paralelismos, tendo em conta a carga crua e seca com que Eastwood as filma, consolidando um realismo asfixiante que ecoa em toda a película. Fulcral para essa carga realista é a opção pelo idioma japonês, uma decisão arriscada, uma vez que esta se trata de uma obra americana, mas plenamente justificada, tornando a acção ainda mais verosímil.No entanto, apesar de alguns momentos sublimes, "Cartas de Iwo Jima" não chega a impor-se como a notável experiência cinematográfica que se apregoa em alguns círculos e que certas sequências sugerem. É certo que se trata de um filme rigoroso, complexo e denso, mas também excessivamente longo e cuja acção não é imune a alguma redundância, contendo mesmo cenas desnecessárias e cansativas.Apoiado num estilo demasiado contemplativo, nem sempre é capaz de gerar a tensão dramática que a história pede e acaba por se tornar arrastado a espaços, ainda que a direcção de actores (em particular Ken Watanabe e Kazunari Ninomiya) e a realização de Eastwood só mereçam elogios. Um título a descobrir, em todo o caso, ainda que longe do clássico a que poderia ascender. E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

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