Alegro pianissimo

19-05-2015
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Joana Lopes lá para trás faz uma grande citação de Victor Dias em que este explica muito bem explicadinho, como é seu costume, porque é que não se deve apelar ao voto útil em qualquer dos candidatos que se opõem a Cavaco Silva.

Depois daquelas contas feitas, apeteceu-me rever a aritmética utilizada e refazer politicamente esta contabilidade.

Comecemos por uma afirmação que António Costa fez há tempos, na Quadratura do Círculo: se votarem, por exemplo, cem mil eleitores, Cavaco, para ser eleito à primeira volta, precisa de 50 mil votos mais um. Se votarem só 60 mil, Cavaco só necessita de 30 mil mais um. Por isso a abstenção favorece Cavaco e não os seus opositores. Ora o que é válido para Cavaco também é válido para o conjunto dos seus opositores, portanto, por aí não podemos ir. Tudo depende qual dos lados se abstém mais. Assim, o princípio acima anunciado só faz sentido se todos aqueles que não suportam Cavaco, e não tenham candidato à sua medida, forem votar nos opositores ao actual Presidente da República. Por isso, José Neves, do blog Vias de Facto, como não gosta de nenhum, mas acima de tudo embirra com Cavaco, acha que é suficientemente exótico ir votar em Defensor de Moura. E não basta, como já disse a Comissão Nacional de Eleições, votar branco ou nulo, é preciso expressar validamente o voto para que ele entre na percentagem dos 50 %. Ou seja, deve-se votar em todos, menos em Cavaco .

No entanto, dito isto, vamos às contas do Victor Dias. Mesmo que Cavaco não tenha os 50% mais um, resta a pergunta e quem vai à segunda volta? Eu por mim não tenho dúvidas, quero que seja Manuel Alegre. Mas Victor Dias não deve com certeza ter esta preferência, por isso seria importante apelar e achar que o voto útil seria em Francisco Lopes, para que este possa ir à segunda volta. Foi por estas e por outras que em 1986, Salgado Zenha não foi à segunda volta, o que teria evitado todos aqueles sapos que se tiveram que engolir. Maria de Lurdes Pintassilgo retirou-lhe os votos necessários para isso acontecer. Por este motivo, ou Victor Dias, sem o dizer, já acredita na possibilidade de ser Manuel Alegre a passar à segunda volta com Cavaco ou implicitamente quer que isso suceda. Pois, de outro modo, apelaria ao voto útil no seu candidato, pois não é indiferente em quem se deposita o voto. Por este andar ainda Fernando Nobre se arrisca a ir à segunda volta. E uma situação destas já se passou em França, quando ninguém esperava, quem passou à segunda volta foi Le Pen.

Por isso, diria que estas coisas não são simples aritmética têm por trás alguma reflexão política. Se não gosta de Cavaco, e nenhum dos outros é da sua preferência, vote naquele que mais satisfaz o seu ego. Porque não em Coelho? Sempre poderia ir ao poleiro. Mas se quer votar conscientemente vote em Manuel Alegre, para garantir que seja este a ir à segunda volta.

Joana Lopes lá para trás faz uma grande citação de Victor Dias em que este explica muito bem explicadinho, como é seu costume, porque é que não se deve apelar ao voto útil em qualquer dos candidatos que se opõem a Cavaco Silva.

Depois daquelas contas feitas, apeteceu-me rever a aritmética utilizada e refazer politicamente esta contabilidade.

Comecemos por uma afirmação que António Costa fez há tempos, na Quadratura do Círculo: se votarem, por exemplo, cem mil eleitores, Cavaco, para ser eleito à primeira volta, precisa de 50 mil votos mais um. Se votarem só 60 mil, Cavaco só necessita de 30 mil mais um. Por isso a abstenção favorece Cavaco e não os seus opositores. Ora o que é válido para Cavaco também é válido para o conjunto dos seus opositores, portanto, por aí não podemos ir. Tudo depende qual dos lados se abstém mais. Assim, o princípio acima anunciado só faz sentido se todos aqueles que não suportam Cavaco, e não tenham candidato à sua medida, forem votar nos opositores ao actual Presidente da República. Por isso, José Neves, do blog Vias de Facto, como não gosta de nenhum, mas acima de tudo embirra com Cavaco, acha que é suficientemente exótico ir votar em Defensor de Moura. E não basta, como já disse a Comissão Nacional de Eleições, votar branco ou nulo, é preciso expressar validamente o voto para que ele entre na percentagem dos 50 %. Ou seja, deve-se votar em todos, menos em Cavaco .

No entanto, dito isto, vamos às contas do Victor Dias. Mesmo que Cavaco não tenha os 50% mais um, resta a pergunta e quem vai à segunda volta? Eu por mim não tenho dúvidas, quero que seja Manuel Alegre. Mas Victor Dias não deve com certeza ter esta preferência, por isso seria importante apelar e achar que o voto útil seria em Francisco Lopes, para que este possa ir à segunda volta. Foi por estas e por outras que em 1986, Salgado Zenha não foi à segunda volta, o que teria evitado todos aqueles sapos que se tiveram que engolir. Maria de Lurdes Pintassilgo retirou-lhe os votos necessários para isso acontecer. Por este motivo, ou Victor Dias, sem o dizer, já acredita na possibilidade de ser Manuel Alegre a passar à segunda volta com Cavaco ou implicitamente quer que isso suceda. Pois, de outro modo, apelaria ao voto útil no seu candidato, pois não é indiferente em quem se deposita o voto. Por este andar ainda Fernando Nobre se arrisca a ir à segunda volta. E uma situação destas já se passou em França, quando ninguém esperava, quem passou à segunda volta foi Le Pen.

Por isso, diria que estas coisas não são simples aritmética têm por trás alguma reflexão política. Se não gosta de Cavaco, e nenhum dos outros é da sua preferência, vote naquele que mais satisfaz o seu ego. Porque não em Coelho? Sempre poderia ir ao poleiro. Mas se quer votar conscientemente vote em Manuel Alegre, para garantir que seja este a ir à segunda volta.

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