PS tenta ultrapassar divisões e unir-se na censura ao Governo

05-06-2014
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PS tenta ultrapassar divisões e unir-se na censura ao Governo

Inês David Bastos

30 Mai 2014

Passos Coelho enfrenta hoje moção de censura do PCP. Seguro quer voto a favor e promete declaração para marcar diferença dos comunistas.

O PS juntou ontem à guerra interna pela liderança uma nova divisão, desta vez na bancada parlamentar, por causa da moção de censura que hoje o PCP apresenta ao Governo na Assembleia da República. A direcção tentou durante todo o dia de ontem unir a bancada com o argumento que é preciso censurar o Governo.

Uma parte da bancada está incomodada com os termos da moção - que faz também uma censura ao PS enquanto um dos partidos que assinou o memorando da ‘troika' - e quer que Seguro recue na intenção de aprovar a moção e opte pela abstenção. Mesmo que o PS se una hoje no voto a favor, a censura ao Governo após a derrota nas Europeias fica fragilizada, tendo em conta que alguns socialistas não queriam ver o seu partido dar a mão ao PCP. Se votarem todos a favor, será por uma questão de "coesão política", como ontem admitia Jorge Lacão numa reunião da bancada.

O dia de ontem foi agitado para os deputados do PS.Reuniram de manhã, mas Alberto Martins acabou por marcar novo encontro para o fim da tarde. O líder da bancada passou a tarde em contactos e deu conta a Seguro das divisões na bancada. Na segunda reunião, Alberto Martins passou aos deputados "a orientação" do secretário-geral: a direcção não mudava o sentido de voto mas propunha que se votasse a favor apenas a parte da censura, apresentando uma declaração de voto a repudiar os considerandos do PCP. Isto é, a rejeitar o ataque ao PS, a saída do euro e o não pagamento da dívida. Alberto Martins fez ainda uma derradeira tentativa para unir a bancada: "Não quero ser paternalista, mas precisamos passar para o exterior uma mensagem de união", apelou, numa altura em que o partido está a travar uma luta de poder entre as tropas de António Costa e de Seguro.

Esta guerra interna pela liderança - iniciada pelo autarca na terça-feira, quando anunciou candidatura a secretário-geral - pode ter uma clarificação amanhã. A comissão nacional reúne e, se Seguro não marcar directas, Costa avançará com a proposta. Jorge Sampaio (ex-líder do PS) veio ontem pedir ao partido que encontre uma solução "rápida e de unidade" para resolver este conflito. Para hoje está marcada uma reunião do secretariado nacional.

Assis diz que é erro votar a favor, Lacão recua na abstenção

Durante o dia de ontem apoiantes de Seguro tentaram passar a mensagem aos jornalistas de que os defensores da abstenção na reunião da manhã da bancada eram apoiantes de António Costa. O deputado Nuno Sá chegou a dizer que esta divisão do PS na moção "faz parte de um guião de afronta ao secretário-geral". O deputado nunca citou nomes mas ficava implícito que falava das tropas de Costa.

Vários deputados que estão ao lado de Costa negaram esta tese e, de facto, horas depois percebeu-se que alguns dos que defendem que o PS devia abster-se são apoiantes de Seguro. É o caso de Assis. O agora eurodeputado foi à reunião dizer, preto no branco, que "é um erro o PS votar a favor".Mais: Francisco Assis (que já deu apoio a Seguro) disse mesmo, sabe o Económico, que a moção "é uma provocação do PCP ao PS" e pediu à direcção que reveja a sua posição. Assis deixou claro que tem "problemas de consciência política" em votar a favor, mas não clarificou que decisão vai hoje tomar. Também Vieira da Silva, que falou logo a seguir, disse aos colegas de bancada que a moção do PCP era "uma censura ao PS", insurgindo-se contra o voto a favor.

A surpresa veio de Jorge Lacão (apoiante de Costa). O deputado disse ter dúvidas"da bondade política da posição" da direcção, acrescentou que não concorda com o teor do documento mas garantiu que seguirá a orientação de Seguro. Carlos Zorrinho exigiu que a declaração de voto defina qual é o combate que o PS faz ao Governo, distinguindo as diferenças de orientação face ao PCP. Na reunião da tarde, alguns deputados mostraram "desconforto" face à moção mas assumiram que votam a favor porque estão a "votar uma censura" ao Executivo. No final do encontro, Alberto Martins falava em convergência. Mas pode haver alguma surpresa.

PS tenta ultrapassar divisões e unir-se na censura ao Governo

Inês David Bastos

30 Mai 2014

Passos Coelho enfrenta hoje moção de censura do PCP. Seguro quer voto a favor e promete declaração para marcar diferença dos comunistas.

O PS juntou ontem à guerra interna pela liderança uma nova divisão, desta vez na bancada parlamentar, por causa da moção de censura que hoje o PCP apresenta ao Governo na Assembleia da República. A direcção tentou durante todo o dia de ontem unir a bancada com o argumento que é preciso censurar o Governo.

Uma parte da bancada está incomodada com os termos da moção - que faz também uma censura ao PS enquanto um dos partidos que assinou o memorando da ‘troika' - e quer que Seguro recue na intenção de aprovar a moção e opte pela abstenção. Mesmo que o PS se una hoje no voto a favor, a censura ao Governo após a derrota nas Europeias fica fragilizada, tendo em conta que alguns socialistas não queriam ver o seu partido dar a mão ao PCP. Se votarem todos a favor, será por uma questão de "coesão política", como ontem admitia Jorge Lacão numa reunião da bancada.

O dia de ontem foi agitado para os deputados do PS.Reuniram de manhã, mas Alberto Martins acabou por marcar novo encontro para o fim da tarde. O líder da bancada passou a tarde em contactos e deu conta a Seguro das divisões na bancada. Na segunda reunião, Alberto Martins passou aos deputados "a orientação" do secretário-geral: a direcção não mudava o sentido de voto mas propunha que se votasse a favor apenas a parte da censura, apresentando uma declaração de voto a repudiar os considerandos do PCP. Isto é, a rejeitar o ataque ao PS, a saída do euro e o não pagamento da dívida. Alberto Martins fez ainda uma derradeira tentativa para unir a bancada: "Não quero ser paternalista, mas precisamos passar para o exterior uma mensagem de união", apelou, numa altura em que o partido está a travar uma luta de poder entre as tropas de António Costa e de Seguro.

Esta guerra interna pela liderança - iniciada pelo autarca na terça-feira, quando anunciou candidatura a secretário-geral - pode ter uma clarificação amanhã. A comissão nacional reúne e, se Seguro não marcar directas, Costa avançará com a proposta. Jorge Sampaio (ex-líder do PS) veio ontem pedir ao partido que encontre uma solução "rápida e de unidade" para resolver este conflito. Para hoje está marcada uma reunião do secretariado nacional.

Assis diz que é erro votar a favor, Lacão recua na abstenção

Durante o dia de ontem apoiantes de Seguro tentaram passar a mensagem aos jornalistas de que os defensores da abstenção na reunião da manhã da bancada eram apoiantes de António Costa. O deputado Nuno Sá chegou a dizer que esta divisão do PS na moção "faz parte de um guião de afronta ao secretário-geral". O deputado nunca citou nomes mas ficava implícito que falava das tropas de Costa.

Vários deputados que estão ao lado de Costa negaram esta tese e, de facto, horas depois percebeu-se que alguns dos que defendem que o PS devia abster-se são apoiantes de Seguro. É o caso de Assis. O agora eurodeputado foi à reunião dizer, preto no branco, que "é um erro o PS votar a favor".Mais: Francisco Assis (que já deu apoio a Seguro) disse mesmo, sabe o Económico, que a moção "é uma provocação do PCP ao PS" e pediu à direcção que reveja a sua posição. Assis deixou claro que tem "problemas de consciência política" em votar a favor, mas não clarificou que decisão vai hoje tomar. Também Vieira da Silva, que falou logo a seguir, disse aos colegas de bancada que a moção do PCP era "uma censura ao PS", insurgindo-se contra o voto a favor.

A surpresa veio de Jorge Lacão (apoiante de Costa). O deputado disse ter dúvidas"da bondade política da posição" da direcção, acrescentou que não concorda com o teor do documento mas garantiu que seguirá a orientação de Seguro. Carlos Zorrinho exigiu que a declaração de voto defina qual é o combate que o PS faz ao Governo, distinguindo as diferenças de orientação face ao PCP. Na reunião da tarde, alguns deputados mostraram "desconforto" face à moção mas assumiram que votam a favor porque estão a "votar uma censura" ao Executivo. No final do encontro, Alberto Martins falava em convergência. Mas pode haver alguma surpresa.

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