Acesso à profissão

01-07-2011
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Quantos fotojornalistas há em Portugal? A Comissão da Carteira Profissional de Jornalista não distingue, na sua base de dados, os repórteres-fotográficos do universo dos jornalistas, que são mais de seis mil. O Sindicato dos Jornalistas regista aproximadamente 240 fotojornalistas, num universo de 4200 associados. No total, haverá três centenas e meia de fotojornalistas em Portugal, mas nem todos em exclusividade.

Como é que se chega à profissão? Quanto custa ser fotojornalista?

É de considerar, a este respeito, pelo menos duas realidades distintas: uma, que se relaciona com os jornais ditos de expansão nacional (diários, semanários e on line) e agência Lusa; a outra, referente aos jornais de expansão regional e local.

No primeiro caso, a relação do fotojornalista com o jornal é típica. O repórter-fotográfico entra ao serviço, depois de passar por formação, académica ou profissional, seguida de estágio. Existe vínculo à empresa, salário enquadrado contratualmente e ainda subsídio para o desgaste dos equipamentos, quando não é o jornal que os fornece, excepcionalmente. Os órgãos de Comunicação Social recorrem, também, a colaboradores fotográficos, alguns remunerados por avença. Nas redacções regionais, são poucas aquelas que incorporam no seu quadro um fotojornalista.

Os profissionais dessas empresas, mesmo trabalhando fora das sedes e dos grandes centros, são os mais prestigiados, apesar de tudo. Mas é-lhes exigido um trabalho de grande desgaste físico e psicológico. Temos de percorrer, aceleradamente, longas distâncias, sozinhos, e fazer num dia centenas de quilómetros ao volante para trazermos uma foto e raramente somos compreendidos pelas sedes.

Às vezes, recebemos ordem para ir "ali" a Penamacor ou ao Rosmaninhal, o que implica mais de seis horas sentado ao volante de um veículo, em alta velocidade, sob quaisquer condições climatéricas, para fazer uma reportagem ou, simplesmente, para fazer a foto de uma personalidade para a edição do dia seguinte.

Nos jornais de expansão regional e local, a situação é muito diferente. A realidade da região centro do país - aquela que conhecemos melhor, apesar de sabermos que não destoa muito das outras — está longe de ser considerada normal. Os jornais funcionam como "escola" sem mestre e os repórteres são recrutados segundo critérios economicistas, que não têm a ver com o fotojornalismo. Isto, apesar de se considerar que o futuro está na imprensa regional, como sucede em alguns países.

O gosto por esta profissão tão fascinante, vai justificando quase tudo, com os jovens à espera de melhores dias e de uma oportunidade para fazer carreira, se as necessidades mais elementares não os obrigarem a mudar de vida, entretanto.

Um fotojornalista investe entre dez mil e quinze mil euros (dois mil a três mil contos), se pensarmos em equipamento digital profissional de primeira linha. Quase se poderia dizer, pois, que há quem tenha de "pagar para trabalhar"...

Alguém disse que "o fotojornalismo existe porque acontecem coisas importantes que só a imagem consegue reflectir". Por maioria de razão, podemos dizer que só um fotojornalista devidamente qualificado conseguirá cumprir essa tal missão de reportar o que de importante acontece. Isto merece uma reflexão.

in Fotojornalismo - Um Olhar do Repórter de Manuel Correia

Quantos fotojornalistas há em Portugal? A Comissão da Carteira Profissional de Jornalista não distingue, na sua base de dados, os repórteres-fotográficos do universo dos jornalistas, que são mais de seis mil. O Sindicato dos Jornalistas regista aproximadamente 240 fotojornalistas, num universo de 4200 associados. No total, haverá três centenas e meia de fotojornalistas em Portugal, mas nem todos em exclusividade.

Como é que se chega à profissão? Quanto custa ser fotojornalista?

É de considerar, a este respeito, pelo menos duas realidades distintas: uma, que se relaciona com os jornais ditos de expansão nacional (diários, semanários e on line) e agência Lusa; a outra, referente aos jornais de expansão regional e local.

No primeiro caso, a relação do fotojornalista com o jornal é típica. O repórter-fotográfico entra ao serviço, depois de passar por formação, académica ou profissional, seguida de estágio. Existe vínculo à empresa, salário enquadrado contratualmente e ainda subsídio para o desgaste dos equipamentos, quando não é o jornal que os fornece, excepcionalmente. Os órgãos de Comunicação Social recorrem, também, a colaboradores fotográficos, alguns remunerados por avença. Nas redacções regionais, são poucas aquelas que incorporam no seu quadro um fotojornalista.

Os profissionais dessas empresas, mesmo trabalhando fora das sedes e dos grandes centros, são os mais prestigiados, apesar de tudo. Mas é-lhes exigido um trabalho de grande desgaste físico e psicológico. Temos de percorrer, aceleradamente, longas distâncias, sozinhos, e fazer num dia centenas de quilómetros ao volante para trazermos uma foto e raramente somos compreendidos pelas sedes.

Às vezes, recebemos ordem para ir "ali" a Penamacor ou ao Rosmaninhal, o que implica mais de seis horas sentado ao volante de um veículo, em alta velocidade, sob quaisquer condições climatéricas, para fazer uma reportagem ou, simplesmente, para fazer a foto de uma personalidade para a edição do dia seguinte.

Nos jornais de expansão regional e local, a situação é muito diferente. A realidade da região centro do país - aquela que conhecemos melhor, apesar de sabermos que não destoa muito das outras — está longe de ser considerada normal. Os jornais funcionam como "escola" sem mestre e os repórteres são recrutados segundo critérios economicistas, que não têm a ver com o fotojornalismo. Isto, apesar de se considerar que o futuro está na imprensa regional, como sucede em alguns países.

O gosto por esta profissão tão fascinante, vai justificando quase tudo, com os jovens à espera de melhores dias e de uma oportunidade para fazer carreira, se as necessidades mais elementares não os obrigarem a mudar de vida, entretanto.

Um fotojornalista investe entre dez mil e quinze mil euros (dois mil a três mil contos), se pensarmos em equipamento digital profissional de primeira linha. Quase se poderia dizer, pois, que há quem tenha de "pagar para trabalhar"...

Alguém disse que "o fotojornalismo existe porque acontecem coisas importantes que só a imagem consegue reflectir". Por maioria de razão, podemos dizer que só um fotojornalista devidamente qualificado conseguirá cumprir essa tal missão de reportar o que de importante acontece. Isto merece uma reflexão.

in Fotojornalismo - Um Olhar do Repórter de Manuel Correia

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