Cinema Notebook: Scoop (2006)

21-01-2012
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“O homem perfeito. A história perfeita. O homicídio perfeito”. Esta é a “tagline” de uma das comédias mais deliciosas que chegaram ao cinema nos últimos tempos. Isto porque além do que é descrito, temos ainda um realizador quase perfeito e um actor (também ele, o inevitável Woody Allen) primoroso. A história essa, envolve um jornalista recentemente falecido que consegue comunicar do além (Ian McShane de “Deadwood”), um assassino em série (cabe a vocês mais tarde descobrir), uma ainda estudante de jornalismo (Scarlett Johansson), um mágico divinalmente bem-disposto (Woody Allen) e um aristocrata bom vivant (Hugh Jackman) pelo qual a estudante se apaixona.O humor de Allen tem tanto de culto como de desesperado. A despreocupada ansiedade sobre a vida e a morte espelhada em cada diálogo de “Scoop” irá certamente angustiar e aborrecer uma grande maioria da crítica nacional – tal como o fez lá por fora, onde tão facilmente saíram notas nulas como notas máximas -, mas deliciar os verdadeiros admiradores da genialidade de Allen. Menos tradicional do que é hábito, e mesmo sem se aproximar de algumas das suas comédias mais ousadas, “Scoop” é, digam o que disserem, uma obra pecaminosamente inteligente e recheada de valentes gargalhadas. A culpa? De Allen, não só como realizador, mas principalmente como actor.Mas “Scoop” é uma comédia, no verdadeiro sentido da palavra, e tem sido injustamente criticado por falhar “escandalosamente” no suspanse e no mistério em volta da intriga. E não faz qualquer sentido, pois o mistério e o suspanse imaginados por Allen são apenas suplementos de base para a existência de toda a linha cómica que invade “Scoop” do ínicio ao fim. E a escrever humor, poucos o fazem como Allen. Ainda hoje. Mesmo quando não é brilhante, é melhor do que o resto que apodera-se do mercado semana após semana. E neste seu mais recente filme, somos agraciados com algums pormenores verdadeiramente encantadores e inigualáveis. Desde das duas primeiras falas da personagem de Allen que servem para elogiar Londres e Scarlett, à sua visão do purgatório e da própria morte, sem esquecer claro as suas fantásticas “one-liners”, temos em “Scoop” a faceta light e descontraída de um realizador sumptuoso, notável.Assim, “Scoop” é uma comédia tonta e Allen é o primeiro a confirmá-lo em todas as entrevistas que concedeu sobre o filme. Chegou a afirmar que só por isso entrou no filme, porque se fosse para levar a sério, teria contratado outro para o seu papel. É um filme para aliviar a tensão criada em volta do mesmo devido a “Match Point” e que originou um grau de exigência elevadissímo por parte do público. E como diz Woody a certa altura no seu filme, “Se todos tivessem o meu sentido de humor, o mundo não estava assim.”. Era bem capaz.


“O homem perfeito. A história perfeita. O homicídio perfeito”. Esta é a “tagline” de uma das comédias mais deliciosas que chegaram ao cinema nos últimos tempos. Isto porque além do que é descrito, temos ainda um realizador quase perfeito e um actor (também ele, o inevitável Woody Allen) primoroso. A história essa, envolve um jornalista recentemente falecido que consegue comunicar do além (Ian McShane de “Deadwood”), um assassino em série (cabe a vocês mais tarde descobrir), uma ainda estudante de jornalismo (Scarlett Johansson), um mágico divinalmente bem-disposto (Woody Allen) e um aristocrata bom vivant (Hugh Jackman) pelo qual a estudante se apaixona.O humor de Allen tem tanto de culto como de desesperado. A despreocupada ansiedade sobre a vida e a morte espelhada em cada diálogo de “Scoop” irá certamente angustiar e aborrecer uma grande maioria da crítica nacional – tal como o fez lá por fora, onde tão facilmente saíram notas nulas como notas máximas -, mas deliciar os verdadeiros admiradores da genialidade de Allen. Menos tradicional do que é hábito, e mesmo sem se aproximar de algumas das suas comédias mais ousadas, “Scoop” é, digam o que disserem, uma obra pecaminosamente inteligente e recheada de valentes gargalhadas. A culpa? De Allen, não só como realizador, mas principalmente como actor.Mas “Scoop” é uma comédia, no verdadeiro sentido da palavra, e tem sido injustamente criticado por falhar “escandalosamente” no suspanse e no mistério em volta da intriga. E não faz qualquer sentido, pois o mistério e o suspanse imaginados por Allen são apenas suplementos de base para a existência de toda a linha cómica que invade “Scoop” do ínicio ao fim. E a escrever humor, poucos o fazem como Allen. Ainda hoje. Mesmo quando não é brilhante, é melhor do que o resto que apodera-se do mercado semana após semana. E neste seu mais recente filme, somos agraciados com algums pormenores verdadeiramente encantadores e inigualáveis. Desde das duas primeiras falas da personagem de Allen que servem para elogiar Londres e Scarlett, à sua visão do purgatório e da própria morte, sem esquecer claro as suas fantásticas “one-liners”, temos em “Scoop” a faceta light e descontraída de um realizador sumptuoso, notável.Assim, “Scoop” é uma comédia tonta e Allen é o primeiro a confirmá-lo em todas as entrevistas que concedeu sobre o filme. Chegou a afirmar que só por isso entrou no filme, porque se fosse para levar a sério, teria contratado outro para o seu papel. É um filme para aliviar a tensão criada em volta do mesmo devido a “Match Point” e que originou um grau de exigência elevadissímo por parte do público. E como diz Woody a certa altura no seu filme, “Se todos tivessem o meu sentido de humor, o mundo não estava assim.”. Era bem capaz.

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