Cinema Notebook: Youth Without Youth (2007)

01-07-2011
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“Uma Segunda Juventude” narra a história de Dominic Matei, um erudito notável que, na recta final da sua existência, desespera por não ter conseguido acabar o livro ao qual dedicou toda a sua vida. Portador e reflexo da sua impotência enquanto ser humano, Matei decide suicidar-se. Mas como que por vontade divina, nesse mesmo dia é atingido de forma fulgurante por um raio, ficando gravemente queimado mas também na posse, inexplicavelmente, de poderes rejuvenescedores nunca antes vistos. Tal caso indelével acaba por atrair atenções pouco desejadas, mas também possibilitar-lhe uma vida eterna em busca de um final para a sua obra sobre as origens da linguagem humana. Até chegar o dia em que terá que escolher entre o trabalho de uma eternidade e o amor de uma vida.“Youth Without Youth” é uma obra estranha e misteriosa, repleta de simbolismos e de pretensiosismos. Com uma liberdade criativa própria de quem vive sobre a sombra de um passado de peso, o imortalizado Francis Ford Coppola tira da empoeirada cartola uma exposição artística sem coerência narrativa nem qualquer espécie de funcionalidade enquanto sistema. Focando a personagem de Tim Roth – que esplendoroso e rutilante, encerra em si toda e qualquer virtude da fita – nas inquietações que o perturbam, Coppola demonstra ser hoje uma sombra do monstro que arquitectou nos anos setenta algumas das obras mais importantes da história do cinema norte-americano.Sem a harmonia de outras obras recentes que abordaram conceitos como a velocidade impetuosa do tempo, a imortalidade e a morte – contemplemos o recente poema divino e transcendental de Aronofsky, “The Fountain” -, o melhor elogio que pode ser feito a “Uma Segunda Juventude” é que a sua fragmentação excessiva e exagerada da narrativa causará tanto repulsão hostil da parte de alguns como entusiasmo confuso por parte de cinéfilos mais experimentais. E porque só muito injustamente a decomposição subtil de um mito através de planos invertidos sofríveis e desconexos colocaria em causa uma filmografia digna de figurar na biografia fundamental da sétima arte, “Tetro” (o próximo filme de Coppola) continuará a ser alvo das mais altas expectativas entre todos aqueles que desta vez se sentiram defraudados. Ninguém mais do que Coppola merece uma nova oportunidade.


“Uma Segunda Juventude” narra a história de Dominic Matei, um erudito notável que, na recta final da sua existência, desespera por não ter conseguido acabar o livro ao qual dedicou toda a sua vida. Portador e reflexo da sua impotência enquanto ser humano, Matei decide suicidar-se. Mas como que por vontade divina, nesse mesmo dia é atingido de forma fulgurante por um raio, ficando gravemente queimado mas também na posse, inexplicavelmente, de poderes rejuvenescedores nunca antes vistos. Tal caso indelével acaba por atrair atenções pouco desejadas, mas também possibilitar-lhe uma vida eterna em busca de um final para a sua obra sobre as origens da linguagem humana. Até chegar o dia em que terá que escolher entre o trabalho de uma eternidade e o amor de uma vida.“Youth Without Youth” é uma obra estranha e misteriosa, repleta de simbolismos e de pretensiosismos. Com uma liberdade criativa própria de quem vive sobre a sombra de um passado de peso, o imortalizado Francis Ford Coppola tira da empoeirada cartola uma exposição artística sem coerência narrativa nem qualquer espécie de funcionalidade enquanto sistema. Focando a personagem de Tim Roth – que esplendoroso e rutilante, encerra em si toda e qualquer virtude da fita – nas inquietações que o perturbam, Coppola demonstra ser hoje uma sombra do monstro que arquitectou nos anos setenta algumas das obras mais importantes da história do cinema norte-americano.Sem a harmonia de outras obras recentes que abordaram conceitos como a velocidade impetuosa do tempo, a imortalidade e a morte – contemplemos o recente poema divino e transcendental de Aronofsky, “The Fountain” -, o melhor elogio que pode ser feito a “Uma Segunda Juventude” é que a sua fragmentação excessiva e exagerada da narrativa causará tanto repulsão hostil da parte de alguns como entusiasmo confuso por parte de cinéfilos mais experimentais. E porque só muito injustamente a decomposição subtil de um mito através de planos invertidos sofríveis e desconexos colocaria em causa uma filmografia digna de figurar na biografia fundamental da sétima arte, “Tetro” (o próximo filme de Coppola) continuará a ser alvo das mais altas expectativas entre todos aqueles que desta vez se sentiram defraudados. Ninguém mais do que Coppola merece uma nova oportunidade.

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