Fado Falado: Os apoiantes de Manuel Alegre andam iludidos (RPS)

01-09-2020
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Desculpem o pretensiosismo: este post é dedicado a todos aqueles que andam iludidos com a candidatura de Manuel Alegre. Em particular àqueles que pertencem também ao universo dos meus amigos e conhecidos e que são de esquerda ou complexados de esquerda.O que a seguir exponho, em especial as previsões, decorre, tanto quanto me é possível, de uma análise racional. Pode ser contestada, poderá revelar-se errada, mas não é um mero palpite nem decorre das minhas antipatias, simpatias e manias.A única semelhança entre Salgado Zenha em 86 e Manuel Alegre hoje é que ambos entraram em ruptura pessoal com Mário Soares. De resto, tudo é diferennte.Entre Soares e Zenha a ruptura pessoal deu-se porque houve, antes, uma ruptura política insanável. Entre Soares e Alegre a ruptura foi meramente pessoal, com o primeiro a atraiçoar o segundo (Sócrates não entra neste filme porque não é amigo de Alegre e a sua atitude tem de ser vista como uma normal pulhice política).Manuel Alegre não é o Zenha de 86. É a Pintassilgo de 86. Goza de simpatia generalizada à esquerda e até entra à vontade pelo centrão. Mas só porque a luta ainda não começou de facto. As sondagens, a longa distância, dão-lhe resultados muito bons. Até superiores aos de Soares. Quando as coisas começarem a sério, a doer, virá por aí abaixo.Por muito que custe a algumas pessoas, estas Presidenciais são entre Cavaco e Soares. Mais nada.Cavaco parte em clara vantagem. Soares padece, hoje, de vários handicaps, mas será um erro se o seu adversário - o único, Cavaco - o substimar. A Cavaco interessará, de algum modo, promover Alegre, mas terá de o fazer com savoire-faire, para não hostilizar Soares. Quanto mais Cavaco substimar e/ou hostilizar Soares, mais este lhe agradecerá.Ainda sobre Soares, estas eleições poderão trazer um dado novo: pela primeira vez, a televisão poderá ser-lhe prejudicial. Poderá, não é certo que o seja.Sê-lo-á se, na sua crueza, a televisão vier a revelar, na verdade, um velho. Uma troca de nomes aos 60 anos é uma gaffe. Aos 80 é um sinal de insanidade. Um cochilo aos 60 anos é resultado do cansaço natural. Aos 80 é arteriosclerose.As candidaturas de Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã tem como único objectivo segurar o eleitorado natural e marcar terreno. Podem ir até ao fim, mas também podem desisitir a meio, a favor de Soares. Tudo depende do modo como as coisas decorrerem.Volto a Manuel Alegre para dizer que o seu resultado não será substancialmente diferente do obtido por Lurdes Pintassilgo em 86.Alegre terá 7, 8, 10, 12 - vá lá... - por cento. Mário Soares terá entre 25 e 30. Jerónimo 6 ou 7 e Louçã dois ou três.Cavaco Silva terá quarenta-e-muitos ou cinquenta-e-poucos por cento.Se houver segunda volta, continuará a ser favorito, mas correrá mais riscos.Na primeira volta, Cavaco corre o risco de ganhar. Na segunda, corre o risco de perder.(Se estiver errado, escusam-me de me o lembrar em Janeiro. Eu venho cá.)

Desculpem o pretensiosismo: este post é dedicado a todos aqueles que andam iludidos com a candidatura de Manuel Alegre. Em particular àqueles que pertencem também ao universo dos meus amigos e conhecidos e que são de esquerda ou complexados de esquerda.O que a seguir exponho, em especial as previsões, decorre, tanto quanto me é possível, de uma análise racional. Pode ser contestada, poderá revelar-se errada, mas não é um mero palpite nem decorre das minhas antipatias, simpatias e manias.A única semelhança entre Salgado Zenha em 86 e Manuel Alegre hoje é que ambos entraram em ruptura pessoal com Mário Soares. De resto, tudo é diferennte.Entre Soares e Zenha a ruptura pessoal deu-se porque houve, antes, uma ruptura política insanável. Entre Soares e Alegre a ruptura foi meramente pessoal, com o primeiro a atraiçoar o segundo (Sócrates não entra neste filme porque não é amigo de Alegre e a sua atitude tem de ser vista como uma normal pulhice política).Manuel Alegre não é o Zenha de 86. É a Pintassilgo de 86. Goza de simpatia generalizada à esquerda e até entra à vontade pelo centrão. Mas só porque a luta ainda não começou de facto. As sondagens, a longa distância, dão-lhe resultados muito bons. Até superiores aos de Soares. Quando as coisas começarem a sério, a doer, virá por aí abaixo.Por muito que custe a algumas pessoas, estas Presidenciais são entre Cavaco e Soares. Mais nada.Cavaco parte em clara vantagem. Soares padece, hoje, de vários handicaps, mas será um erro se o seu adversário - o único, Cavaco - o substimar. A Cavaco interessará, de algum modo, promover Alegre, mas terá de o fazer com savoire-faire, para não hostilizar Soares. Quanto mais Cavaco substimar e/ou hostilizar Soares, mais este lhe agradecerá.Ainda sobre Soares, estas eleições poderão trazer um dado novo: pela primeira vez, a televisão poderá ser-lhe prejudicial. Poderá, não é certo que o seja.Sê-lo-á se, na sua crueza, a televisão vier a revelar, na verdade, um velho. Uma troca de nomes aos 60 anos é uma gaffe. Aos 80 é um sinal de insanidade. Um cochilo aos 60 anos é resultado do cansaço natural. Aos 80 é arteriosclerose.As candidaturas de Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã tem como único objectivo segurar o eleitorado natural e marcar terreno. Podem ir até ao fim, mas também podem desisitir a meio, a favor de Soares. Tudo depende do modo como as coisas decorrerem.Volto a Manuel Alegre para dizer que o seu resultado não será substancialmente diferente do obtido por Lurdes Pintassilgo em 86.Alegre terá 7, 8, 10, 12 - vá lá... - por cento. Mário Soares terá entre 25 e 30. Jerónimo 6 ou 7 e Louçã dois ou três.Cavaco Silva terá quarenta-e-muitos ou cinquenta-e-poucos por cento.Se houver segunda volta, continuará a ser favorito, mas correrá mais riscos.Na primeira volta, Cavaco corre o risco de ganhar. Na segunda, corre o risco de perder.(Se estiver errado, escusam-me de me o lembrar em Janeiro. Eu venho cá.)

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