Cinema Notebook: Juno (2007)

01-07-2011
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Juno MacGuff é uma jovem adolescente virtuosa, exemplo maior de uma filosofia Pop moderna intelectual, com respostas lacónicas e mordazes sempre preparadas para qualquer situação com que se depare. No entanto, e como qualquer outra rapariga da sua idade, não contava engravidar aos dezasseis, ainda para mais fruto de uma noite sem exemplo com o seu colega de escola Paulie Bleeker, o rapaz que põe desodorizante nas pernas e passa a vida a mastigar tic-tacs laranjas. Com a ajuda de uma amiga, a protecção dos pais e um nível de maturidade fora do comum, Juno vai ser a personificação meticulosa – apesar de algo fantasista – da desdramatização simpática e inteligente de uma vicissitude que atinge milhares de adolescentes em todos os cantos do mundo.“Juno”, o filme, é uma maravilhosa combinação entre um elenco sublime, devidamente comandado por uma Ellen Page formidável, um jovem e promissor realizador, talhado para explorar de forma encantadora as suas personagens, tal como já o havia feito em “Obrigado por Fumar”, e de um argumento descontraído que fixa o seu engenho em articular diálogos curtos e deslumbrantes com um harmonioso fluir cómico-dramático amadurecido e prudente, a exemplo da heroína que representa no final da narrativa. Tudo envolto numa banda sonora ingénua e memorável, escolhida a dedo segundo os pressupostos independentes da obra, e que conferem a “Juno” uma singeleza, charme e espontaneidade arrasadoras. De tal modo que, a certo momento da fita, torna-se impossível conseguir resistir à autenticidade e encanto de Page e, também, porque não, de Michael Cera.No final, fica a clara sensação de que fomos presenteados com um filme detentor de um coração enorme e de uma alma arrebatadora. Tudo sem falsas idiossincrasias, lamechices pegadas que ajudem a comover o espectador ou conjunturas idiotas que despertem a gargalhada fácil. Uma simplicidade extravagante que transcende os géneros em que se apoia sem nunca perder um pingo de coerência durante pouco mais de hora e meia. Uma história como tantas outras, mas narrada de uma forma singular e estranha – no bom sentido -, que acabou por transformar “Juno” num dos filmes mais rentáveis em termos de custo-proveito dos últimos anos e num dos favoritos da crítica e do público para todos os galardões para os quais o filme de Jason Reitman foi nomeado. Assim sendo, falta só mesmo prestar uma palavra de apreço a Jennifer Garner, que alcança aqui a melhor performance da sua carreira. Só que com Ellen Page a resplandecer desta maneira, Garner, Bateman, Cera ou mesmo o mítico J.K. Simmons passam inevitavelmente para segundo plano.


Juno MacGuff é uma jovem adolescente virtuosa, exemplo maior de uma filosofia Pop moderna intelectual, com respostas lacónicas e mordazes sempre preparadas para qualquer situação com que se depare. No entanto, e como qualquer outra rapariga da sua idade, não contava engravidar aos dezasseis, ainda para mais fruto de uma noite sem exemplo com o seu colega de escola Paulie Bleeker, o rapaz que põe desodorizante nas pernas e passa a vida a mastigar tic-tacs laranjas. Com a ajuda de uma amiga, a protecção dos pais e um nível de maturidade fora do comum, Juno vai ser a personificação meticulosa – apesar de algo fantasista – da desdramatização simpática e inteligente de uma vicissitude que atinge milhares de adolescentes em todos os cantos do mundo.“Juno”, o filme, é uma maravilhosa combinação entre um elenco sublime, devidamente comandado por uma Ellen Page formidável, um jovem e promissor realizador, talhado para explorar de forma encantadora as suas personagens, tal como já o havia feito em “Obrigado por Fumar”, e de um argumento descontraído que fixa o seu engenho em articular diálogos curtos e deslumbrantes com um harmonioso fluir cómico-dramático amadurecido e prudente, a exemplo da heroína que representa no final da narrativa. Tudo envolto numa banda sonora ingénua e memorável, escolhida a dedo segundo os pressupostos independentes da obra, e que conferem a “Juno” uma singeleza, charme e espontaneidade arrasadoras. De tal modo que, a certo momento da fita, torna-se impossível conseguir resistir à autenticidade e encanto de Page e, também, porque não, de Michael Cera.No final, fica a clara sensação de que fomos presenteados com um filme detentor de um coração enorme e de uma alma arrebatadora. Tudo sem falsas idiossincrasias, lamechices pegadas que ajudem a comover o espectador ou conjunturas idiotas que despertem a gargalhada fácil. Uma simplicidade extravagante que transcende os géneros em que se apoia sem nunca perder um pingo de coerência durante pouco mais de hora e meia. Uma história como tantas outras, mas narrada de uma forma singular e estranha – no bom sentido -, que acabou por transformar “Juno” num dos filmes mais rentáveis em termos de custo-proveito dos últimos anos e num dos favoritos da crítica e do público para todos os galardões para os quais o filme de Jason Reitman foi nomeado. Assim sendo, falta só mesmo prestar uma palavra de apreço a Jennifer Garner, que alcança aqui a melhor performance da sua carreira. Só que com Ellen Page a resplandecer desta maneira, Garner, Bateman, Cera ou mesmo o mítico J.K. Simmons passam inevitavelmente para segundo plano.

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