Cinema Notebook: Trade (2007)

26-01-2012
marcar artigo


Realizado pelo alemão Marco Kreuzpaintner, reconhecido no meio como autor de uma das mais marcantes obras homossexuais desta década, “Summer Storm”, “Tráfico, Bem-vindo à América” baseia a sua história num artigo publicado no New York Times sobre o tráfico de pessoas para fins sexuais entre o México e os Estados Unidos da América. Com esse pressuposto, Kreuzpaintner prepara e adapta uma narrativa que sirva os seus propósitos, unindo então o rapto de uma rapariga mexicana de treze anos à saga de redenção e resgate por parte do seu irmão mais velho, Jorge, que se sente responsável pelo desaparecimento da jovem Adriana. Pelo caminho, Ray, um polícia norte-americano misterioso, e Weronika, uma adolescente polaca apanhada nas mesmas malhas mafiosas, emergem como os elos de ligação das personagens à quietação e à salvação de espiríto de um mundo hediondo.Considerada por alguns como uma obra violenta, crua e feroz, para outros “Trade” não passou de um puro exercício académico, repleto de pretensiosismos e manipulações narrativas. Seja qual for o lado da barricada em que o espectador se coloque, ao filme de Kreuzpaintner há, no entanto, um mérito que ninguém pode privar: a sua mensagem é forte, importante e, mesmo que não tenha sido bem passada, a simples abordagem ao tema é suficiente para levantar alguma poeira ao marasmo que parece instalado num assunto sóciopolítico quase sempre subvalorizado na esfera pública. Dito isso, não há então problemas em afirmar que “Tráfico, Bem-vindo à América” não é nem tão bom como os seus defensores o afirmam, nem tão mau como os seus detractores apregoam.Estamos assim presentes perante um filme intermitente, que oscila rapidamente entre facetas emocionalmente e graficamente desconcertantes e manobras baratas de pseudo thriller, que um projecto prestável como este não merecia. Tudo porque Marco Kreuzpaintner tenta fugir de todas as formas possíveis ao tom documental da epidemia global que representa, – até na criação de momentos paternalistas entre Kevin Kline e Cesar Ramos – quando devia ter-se concentrado por completo na sua exploração unilateral. Consequências disso mesmo, no final acaba por se tornar mais relevante a possível relação entre a cabecilha do grupo e a personagem de Kline, bem como a moralidade dos actos de Jorge, invés do debate activo sobre este terrível flagelo que atinge milhares e milhares de crianças e mulheres em todo o mundo.


Realizado pelo alemão Marco Kreuzpaintner, reconhecido no meio como autor de uma das mais marcantes obras homossexuais desta década, “Summer Storm”, “Tráfico, Bem-vindo à América” baseia a sua história num artigo publicado no New York Times sobre o tráfico de pessoas para fins sexuais entre o México e os Estados Unidos da América. Com esse pressuposto, Kreuzpaintner prepara e adapta uma narrativa que sirva os seus propósitos, unindo então o rapto de uma rapariga mexicana de treze anos à saga de redenção e resgate por parte do seu irmão mais velho, Jorge, que se sente responsável pelo desaparecimento da jovem Adriana. Pelo caminho, Ray, um polícia norte-americano misterioso, e Weronika, uma adolescente polaca apanhada nas mesmas malhas mafiosas, emergem como os elos de ligação das personagens à quietação e à salvação de espiríto de um mundo hediondo.Considerada por alguns como uma obra violenta, crua e feroz, para outros “Trade” não passou de um puro exercício académico, repleto de pretensiosismos e manipulações narrativas. Seja qual for o lado da barricada em que o espectador se coloque, ao filme de Kreuzpaintner há, no entanto, um mérito que ninguém pode privar: a sua mensagem é forte, importante e, mesmo que não tenha sido bem passada, a simples abordagem ao tema é suficiente para levantar alguma poeira ao marasmo que parece instalado num assunto sóciopolítico quase sempre subvalorizado na esfera pública. Dito isso, não há então problemas em afirmar que “Tráfico, Bem-vindo à América” não é nem tão bom como os seus defensores o afirmam, nem tão mau como os seus detractores apregoam.Estamos assim presentes perante um filme intermitente, que oscila rapidamente entre facetas emocionalmente e graficamente desconcertantes e manobras baratas de pseudo thriller, que um projecto prestável como este não merecia. Tudo porque Marco Kreuzpaintner tenta fugir de todas as formas possíveis ao tom documental da epidemia global que representa, – até na criação de momentos paternalistas entre Kevin Kline e Cesar Ramos – quando devia ter-se concentrado por completo na sua exploração unilateral. Consequências disso mesmo, no final acaba por se tornar mais relevante a possível relação entre a cabecilha do grupo e a personagem de Kline, bem como a moralidade dos actos de Jorge, invés do debate activo sobre este terrível flagelo que atinge milhares e milhares de crianças e mulheres em todo o mundo.

marcar artigo