Cinema Notebook: The Tourist (2010)

20-01-2012
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Elise (Angelina Jolie), uma mulher bonita e misteriosa, está envolvida romanticamente com um ex-banqueiro que deve mais de 700 milhões de dólares de impostos ao governo britânico e que roubou cerca de 2 biliões de dólares a um poderoso mafioso russo. Por isso mesmo, é vigiada vinte e quatro horas por dia pela Interpol, que espera que, mais do que cartas e envelopes secretos, Elise receba um dia instruções para se encontrar algures com o fugitivo da lei, que sabe que esta sua paixão está a ser constantemente espiada por quem o persegue. Quando tal acontece, Elise apanha um comboio de Paris para Veneza, e será nesse mesmo comboio que conhecerá Frank (Johnny Depp), um professor de matemática norte-americano, de férias, que será usado como isco por Elise para desorientar as autoridades.Remake – ou reinvenção de Hollywood, se assim preferirem - de “Anthony Zimmer”, filme francês de 2005 com Sophie Marceau e Yvan Attal nos papéis principais, “O Turista” foi um dos projectos com pré-produção mais complicada dos últimos anos, tendo tido vários realizadores apontados (Lasse Hallström e Bharat Nalluri chegaram a ser contratados, mas abandonaram cedo o barco por questões de calendarização, alegaram), o papel de Frank escrito a pensar em Tom Cruise mas entregue a Sam Worthington, que viria a abandonar também ele as filmagens devido a “conflitos criativos” com Florian Henckel von Donnersmarck e, finalmente, a substituição enigmática de Charlize Theron por Angelina Jolie, tendo esta última mesmo assim criado polémica quando confessou em entrevista que só aceitou o papel devido à oportunidade de poder passar algum tempo em Veneza com a família. Tudo isto somado, podemos afirmar que, mesmo assim, acabou por ser o forte e conceituado elenco final o grande trunfo – e triunfo - promocional e narrativo de “The Tourist”.Numa fita de acção modesta – uma perseguição de barco e pouco mais -, onde o jogo do gato e do rato foca-se primordialmente na estranha química entre as personagens de Depp e Jolie, uma palavra define na perfeição esta obra do realizador alemão de “A Vida dos Outros”, justíssimo vencedor do Óscar da Academia para Melhor Filme Estrangeiro em 2007: glamour. Entre paisagens maravilhosas, com a belíssima Veneza como pano de fundo, o guião previsível de Christopher McQuarrie (“Os Suspeitos do Costume”) e Julian Fellowes (“Gosford Park”) acaba por desiludir, vindo de quem vem, mas é compensado pelo charme transcendente de Jolie e pela oportunidade rara de ver Depp interpretar uma personagem comum, sem grandes extravagâncias nem maquilhagem exorbitante. Num ano fraquinho no que toca a fitas de espionagem (“Dia e Noite”, “Kiss & Kill - Beijos & Balas”, entre outros medíocres exemplos), “O Turista” acaba por sobressair. O que só por si não quer dizer nada, mas que o torna numa sugestão quase obrigatória para qualquer fã do género.


Elise (Angelina Jolie), uma mulher bonita e misteriosa, está envolvida romanticamente com um ex-banqueiro que deve mais de 700 milhões de dólares de impostos ao governo britânico e que roubou cerca de 2 biliões de dólares a um poderoso mafioso russo. Por isso mesmo, é vigiada vinte e quatro horas por dia pela Interpol, que espera que, mais do que cartas e envelopes secretos, Elise receba um dia instruções para se encontrar algures com o fugitivo da lei, que sabe que esta sua paixão está a ser constantemente espiada por quem o persegue. Quando tal acontece, Elise apanha um comboio de Paris para Veneza, e será nesse mesmo comboio que conhecerá Frank (Johnny Depp), um professor de matemática norte-americano, de férias, que será usado como isco por Elise para desorientar as autoridades.Remake – ou reinvenção de Hollywood, se assim preferirem - de “Anthony Zimmer”, filme francês de 2005 com Sophie Marceau e Yvan Attal nos papéis principais, “O Turista” foi um dos projectos com pré-produção mais complicada dos últimos anos, tendo tido vários realizadores apontados (Lasse Hallström e Bharat Nalluri chegaram a ser contratados, mas abandonaram cedo o barco por questões de calendarização, alegaram), o papel de Frank escrito a pensar em Tom Cruise mas entregue a Sam Worthington, que viria a abandonar também ele as filmagens devido a “conflitos criativos” com Florian Henckel von Donnersmarck e, finalmente, a substituição enigmática de Charlize Theron por Angelina Jolie, tendo esta última mesmo assim criado polémica quando confessou em entrevista que só aceitou o papel devido à oportunidade de poder passar algum tempo em Veneza com a família. Tudo isto somado, podemos afirmar que, mesmo assim, acabou por ser o forte e conceituado elenco final o grande trunfo – e triunfo - promocional e narrativo de “The Tourist”.Numa fita de acção modesta – uma perseguição de barco e pouco mais -, onde o jogo do gato e do rato foca-se primordialmente na estranha química entre as personagens de Depp e Jolie, uma palavra define na perfeição esta obra do realizador alemão de “A Vida dos Outros”, justíssimo vencedor do Óscar da Academia para Melhor Filme Estrangeiro em 2007: glamour. Entre paisagens maravilhosas, com a belíssima Veneza como pano de fundo, o guião previsível de Christopher McQuarrie (“Os Suspeitos do Costume”) e Julian Fellowes (“Gosford Park”) acaba por desiludir, vindo de quem vem, mas é compensado pelo charme transcendente de Jolie e pela oportunidade rara de ver Depp interpretar uma personagem comum, sem grandes extravagâncias nem maquilhagem exorbitante. Num ano fraquinho no que toca a fitas de espionagem (“Dia e Noite”, “Kiss & Kill - Beijos & Balas”, entre outros medíocres exemplos), “O Turista” acaba por sobressair. O que só por si não quer dizer nada, mas que o torna numa sugestão quase obrigatória para qualquer fã do género.

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