Antestreia: Algumas considerações sobre o cinema em Portugal

28-01-2012
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Uma das falhas que aponto ao site de cinema do Sapo é indicar especificamente cada versão do filme. Se é 2D ou 3D, se é película ou digital, se é dobrado ou original… Isso é especialmente complicado quando se trata de filme de animação porque temos de tudo. Mas esta semana não. A quinquagésima longa-metragem Disney chega às nossas salas apenas com versão dobrada e a escolha a ser feita será entre 2D ou 3D.Quando eu era pequeno podia não saber distinguir as vozes, mas agora quando me dizem que no filme entram Mandy Moore e Ron Perlman quero ir convicto de que os posso ouvir. O trabalho nacional de dobragens é excelente, a própria Disney reconhece-o, mas há vinte anos que vejo filmes em versões originais, muitas vezes sem legendas. Não preciso e não quero ouvir Anabela a cantar. Quero ouvir as músicas Disney como foram compostas, ouvir as vozes que estão coordenadas com os lábios, quero estar a viver uma experiência que foi planeada durante anos e não um remendo de luxo aplicado a uma obra feita. Para isso via cinema em Espanha.O mais irónico? Este é o primeiro filme de princesas Disney que não é G (todo o público, o nosso maiores de 4), sendo antes um PG (menores de 12 devem ir acompanhados). Logo, a Disney assim como a MPAA sabem que o filme não é para crianças. Façam um estudo de quem vê os filmes em cinema e descobrirão mais adultos do que crianças. E admitam que as crianças sabem inglês. Na versão Home Video compreendo que a opção por defeito seja a portuguesa, os filmes "infantis" vão ser vistos diariamente por menores meses depois de os pais já terem enjoado. Agora em cinema?Sessões nocturnas todos os cinemas têm. Na área do Porto hoje apenas uma sala termina às 23:20 a projecção deste título, sendo as restantes entre 23:50 e 0:30. Na área de Lisboa das 23 salas com o filme oito começam a última sessão antes das 22h, as restantes alongam-se até às 23:30, 0:30. Que pai responsável leva uma criança de 10 anos a um filme que acaba às duas da manhã? Essa sessão é para adultos e os mais pequenos ou sabem inglês, ou o treino só lhes fará bem. Se o original não compensa apresentem números, mas meia dúzia de cópias legendadas no meia de cinquenta dobradas é assim tão caro? Pela discussão que se está a gerar no Portal Cinema a propósito disso parece vão perder alguns clientes...Depois de terem estreado "Scott Pilgrim vs. The World" tarde e em apenas 3 salas de forma a comprometerem todo o potencial da saga de sete filmes (sim, podiam ter feito cem mil espectadores com cada se o estreassem com trinta cópias em Agosto como o resto do mundo), eis mais uma bela decisão. Por essas e outras ideias brilhantes do género é que as nossas salas estão às moscas e se queixam da pirataria. O público quer os filmes de que ouve falar, quando ouve falar deles. Não os quer três meses ou um ano depois, ou exclusivamente numa versão escolhida por outros. Dêem ao público o que ele pede e recuperemos as salas cheias, antes que seja demasiado tarde e as pessoas esqueçam o que é ir ao cinema…


Uma das falhas que aponto ao site de cinema do Sapo é indicar especificamente cada versão do filme. Se é 2D ou 3D, se é película ou digital, se é dobrado ou original… Isso é especialmente complicado quando se trata de filme de animação porque temos de tudo. Mas esta semana não. A quinquagésima longa-metragem Disney chega às nossas salas apenas com versão dobrada e a escolha a ser feita será entre 2D ou 3D.Quando eu era pequeno podia não saber distinguir as vozes, mas agora quando me dizem que no filme entram Mandy Moore e Ron Perlman quero ir convicto de que os posso ouvir. O trabalho nacional de dobragens é excelente, a própria Disney reconhece-o, mas há vinte anos que vejo filmes em versões originais, muitas vezes sem legendas. Não preciso e não quero ouvir Anabela a cantar. Quero ouvir as músicas Disney como foram compostas, ouvir as vozes que estão coordenadas com os lábios, quero estar a viver uma experiência que foi planeada durante anos e não um remendo de luxo aplicado a uma obra feita. Para isso via cinema em Espanha.O mais irónico? Este é o primeiro filme de princesas Disney que não é G (todo o público, o nosso maiores de 4), sendo antes um PG (menores de 12 devem ir acompanhados). Logo, a Disney assim como a MPAA sabem que o filme não é para crianças. Façam um estudo de quem vê os filmes em cinema e descobrirão mais adultos do que crianças. E admitam que as crianças sabem inglês. Na versão Home Video compreendo que a opção por defeito seja a portuguesa, os filmes "infantis" vão ser vistos diariamente por menores meses depois de os pais já terem enjoado. Agora em cinema?Sessões nocturnas todos os cinemas têm. Na área do Porto hoje apenas uma sala termina às 23:20 a projecção deste título, sendo as restantes entre 23:50 e 0:30. Na área de Lisboa das 23 salas com o filme oito começam a última sessão antes das 22h, as restantes alongam-se até às 23:30, 0:30. Que pai responsável leva uma criança de 10 anos a um filme que acaba às duas da manhã? Essa sessão é para adultos e os mais pequenos ou sabem inglês, ou o treino só lhes fará bem. Se o original não compensa apresentem números, mas meia dúzia de cópias legendadas no meia de cinquenta dobradas é assim tão caro? Pela discussão que se está a gerar no Portal Cinema a propósito disso parece vão perder alguns clientes...Depois de terem estreado "Scott Pilgrim vs. The World" tarde e em apenas 3 salas de forma a comprometerem todo o potencial da saga de sete filmes (sim, podiam ter feito cem mil espectadores com cada se o estreassem com trinta cópias em Agosto como o resto do mundo), eis mais uma bela decisão. Por essas e outras ideias brilhantes do género é que as nossas salas estão às moscas e se queixam da pirataria. O público quer os filmes de que ouve falar, quando ouve falar deles. Não os quer três meses ou um ano depois, ou exclusivamente numa versão escolhida por outros. Dêem ao público o que ele pede e recuperemos as salas cheias, antes que seja demasiado tarde e as pessoas esqueçam o que é ir ao cinema…

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