Rio responsabiliza representante de Marcelo nos Açores pelo acordo com o Chega

20-11-2020
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Rui Rio vestiu esta noite o fato de "advogado nacional do PSD/Açores" para garantir que, afinal, nem ele nem José Manuel Bolieiro foram os responsáveis pelo acordo do partido com o Chega. Em entrevista à TVI, o presidente social-democrata defendeu que, "do ponto de vista do interesse do PSD", teria sido preferível que o partido de André Ventura ficasse fora da equação, mas frisou que foi o "ministro da República" a exigir um documento escrito que garantisse a estabilidade política à região autónoma.

Atirando-se aos "sábios" e "doutos comentadores" que advogaram que o Chega devia ter sido confrontado com a escolha de viabilizar um Governo do PS ou um Governo PSD/CDS/PPM para a região - sem integrar a nova maioria parlamentar -, Rio empurrou para o representante da República - nomeado por Marcelo Rebelo de Sousa - a paternidade da 'geringonça' de direita. "Têm de perguntar ao dr. Pedro Catarino. Aquilo que eu sei é que ele exigiu, preto no branco, o suporte parlamentar", vincou, dando força àquilo que o Expresso já escreveu de que o próprio Presidente concordou com a nova fórmula do poder na região autónoma por não ter alternativa no imediato (a não ser novas eleições no verão).

Após semanas em que foi muito criticado por ter aberto uma comporta para a direita radical, Rio procurou manter-se fiel ao guião de que esteve sempre longe das negociações travadas em Ponta Delgada. Assegurou que as conversas decorreram com o seu "conhecimento", mas sem a sua "cobertura", embora tenha confessado concordar com os termos impostos por Ventura. Mais: pela primeira vez assumiu que foi contactado diretamente por Ventura. "O SMS [de 6 de novembro, antes do anúncio do acordo] foi mandado para mim e eu entreguei ao líder parlamentar para tratar ele disso", revelou Rio, evitando comprometer-se mais acerca das negociações no Parlamento, que o Expresso revelou na edição de sábado.

Ventura no Governo não. Apoio parlamentar admissível

Mesmo que tenha sido aberto o precedente, Rio recusa, para já, leituras nacionais. Admite que o Chega pode vir a apoiar maiorias futuras futuras no Parlamento - ciente de que as condições serão mais exigentes -, mas fecha a porta quando se trata da hipótese de levar Ventura para o Conselho de Ministros. A ideia é deixá-lo de fora.

"Se fosse hoje, era impossível o PSD fazer um Governo com a participação da extrema-esquerda e da extrema-direita. Não entraria o PCP, o BE nem o Chega", preveniu o líder "laranja", que fez um contraponto com António Costa ao sublinhar que "nunca" um executivo seu "se colocará nas mãos do Chega". Pelo radicalismo e porque, na sua ótica, o partido não é mais do que "uma federação de descontentes". Pelo menos, nos tempos que correm. Mas não rejeitou um eventual apoio de André Ventura na Assembleia da República.

Rio não acredita que a legislatura chegue ao fim

Na entrevista, que foi realizada em Vila Nova de Gaia - com o Porto por cenário - e durou 47 minutos, Rui Rio descartou votar a favor do Orçamento do Estado, dado que antevê que a proposta saia pior do que chegou aos trabalhos na especialidade e avisou o primeiro-ministro de que o risco de o país ser gerido a duodécimos não será "um problema" do PSD, mas uma questão a tratar entre socialistas, bloquistas e comunistas.

O presidente social-democrata, que já se vê "mais próximo" de ser chefe do Governo, realçou que, face à desagregação da 'geringonça' e às divisões no executivo, não lhe "parece fácil que a legislatura vá até ao fim" e ainda aproveitou a conversa para pré-anunciar que Marcelo Rebelo de Sousa deverá confirmar a recandidatura a Belém a "25, 26 ou 27 de novembro". "Ele não me disse, estou a fazer o papel de comentador", gracejou.

Mais a sério, foi o recado a Costa e a Jerónimo de Sousa. Rio não consegue sequer "conceber" a posição "prepotente e arrogante" do PCP de manter o seu congresso em contexto de pandemia. No lugar do primeiro-ministro, vincou, "obviamente impediria" o conclave marcado para 27, 28 e 29 de novembro, em Loures, sob pena de as pessoas "perderem o respeito ao Governo". Um "tiro no pé", explicou, mesmo que a própria Constituição impeça limitações às liberdades políticas até em estado de emergência. Quanto a Graça Freitas, não escondeu que o balanço que faz não é positivo. Marta Temido, essa, para já foi poupada.

Rui Rio vestiu esta noite o fato de "advogado nacional do PSD/Açores" para garantir que, afinal, nem ele nem José Manuel Bolieiro foram os responsáveis pelo acordo do partido com o Chega. Em entrevista à TVI, o presidente social-democrata defendeu que, "do ponto de vista do interesse do PSD", teria sido preferível que o partido de André Ventura ficasse fora da equação, mas frisou que foi o "ministro da República" a exigir um documento escrito que garantisse a estabilidade política à região autónoma.

Atirando-se aos "sábios" e "doutos comentadores" que advogaram que o Chega devia ter sido confrontado com a escolha de viabilizar um Governo do PS ou um Governo PSD/CDS/PPM para a região - sem integrar a nova maioria parlamentar -, Rio empurrou para o representante da República - nomeado por Marcelo Rebelo de Sousa - a paternidade da 'geringonça' de direita. "Têm de perguntar ao dr. Pedro Catarino. Aquilo que eu sei é que ele exigiu, preto no branco, o suporte parlamentar", vincou, dando força àquilo que o Expresso já escreveu de que o próprio Presidente concordou com a nova fórmula do poder na região autónoma por não ter alternativa no imediato (a não ser novas eleições no verão).

Após semanas em que foi muito criticado por ter aberto uma comporta para a direita radical, Rio procurou manter-se fiel ao guião de que esteve sempre longe das negociações travadas em Ponta Delgada. Assegurou que as conversas decorreram com o seu "conhecimento", mas sem a sua "cobertura", embora tenha confessado concordar com os termos impostos por Ventura. Mais: pela primeira vez assumiu que foi contactado diretamente por Ventura. "O SMS [de 6 de novembro, antes do anúncio do acordo] foi mandado para mim e eu entreguei ao líder parlamentar para tratar ele disso", revelou Rio, evitando comprometer-se mais acerca das negociações no Parlamento, que o Expresso revelou na edição de sábado.

Ventura no Governo não. Apoio parlamentar admissível

Mesmo que tenha sido aberto o precedente, Rio recusa, para já, leituras nacionais. Admite que o Chega pode vir a apoiar maiorias futuras futuras no Parlamento - ciente de que as condições serão mais exigentes -, mas fecha a porta quando se trata da hipótese de levar Ventura para o Conselho de Ministros. A ideia é deixá-lo de fora.

"Se fosse hoje, era impossível o PSD fazer um Governo com a participação da extrema-esquerda e da extrema-direita. Não entraria o PCP, o BE nem o Chega", preveniu o líder "laranja", que fez um contraponto com António Costa ao sublinhar que "nunca" um executivo seu "se colocará nas mãos do Chega". Pelo radicalismo e porque, na sua ótica, o partido não é mais do que "uma federação de descontentes". Pelo menos, nos tempos que correm. Mas não rejeitou um eventual apoio de André Ventura na Assembleia da República.

Rio não acredita que a legislatura chegue ao fim

Na entrevista, que foi realizada em Vila Nova de Gaia - com o Porto por cenário - e durou 47 minutos, Rui Rio descartou votar a favor do Orçamento do Estado, dado que antevê que a proposta saia pior do que chegou aos trabalhos na especialidade e avisou o primeiro-ministro de que o risco de o país ser gerido a duodécimos não será "um problema" do PSD, mas uma questão a tratar entre socialistas, bloquistas e comunistas.

O presidente social-democrata, que já se vê "mais próximo" de ser chefe do Governo, realçou que, face à desagregação da 'geringonça' e às divisões no executivo, não lhe "parece fácil que a legislatura vá até ao fim" e ainda aproveitou a conversa para pré-anunciar que Marcelo Rebelo de Sousa deverá confirmar a recandidatura a Belém a "25, 26 ou 27 de novembro". "Ele não me disse, estou a fazer o papel de comentador", gracejou.

Mais a sério, foi o recado a Costa e a Jerónimo de Sousa. Rio não consegue sequer "conceber" a posição "prepotente e arrogante" do PCP de manter o seu congresso em contexto de pandemia. No lugar do primeiro-ministro, vincou, "obviamente impediria" o conclave marcado para 27, 28 e 29 de novembro, em Loures, sob pena de as pessoas "perderem o respeito ao Governo". Um "tiro no pé", explicou, mesmo que a própria Constituição impeça limitações às liberdades políticas até em estado de emergência. Quanto a Graça Freitas, não escondeu que o balanço que faz não é positivo. Marta Temido, essa, para já foi poupada.

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