Antestreia: "The Social Network" por Nuno Reis

21-01-2012
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O fenómeno dos últimos cinco anos e dos próximos três chama-se Facebook. E por isso mesmo o fenómeno nas salas chama-se Social Network. Com 500 milhões de utilizadores registados, considerando que metade deles são pessoas reais e minimamente activas no site temos algo com tanta gente como os Estados Unidos. O seu presidente não é eleito após um demorado e complicado processo eleitoral acompanhado por todo o mundo, ele é Mark Zuckerberg apenas porque foi ele quem teve a ideia.Nos anos 80 a Internet era uma curiosidade científica. Nos 90 era uma curiosidade académica com fins educacionais e surgiu o Boom das .com. Em 2003 as .com originais tinham tido um de três destinos: vendidas, falidas, tomado uma posição dominante que as colocava ao nível das maiores indústrias mundiais sem necessidade de fazer nada novo (excepção para a Google que devido à sua política laboral está sempre a gerar novas ideias).A Internet já não era uma novidade apenas para os tecnologicamente preparados, estava a abrir-se ao mundo e diversos hackers (no sentido original da palavra) sobressaiam nesse admirável mundo novo. Em 2003 surgiu uma onda de blogs por onde as pessoas comunicavam, como o Antestreia, mas para Zuckerberg isso não bastava. Ele criava sites alojados nos servidores de Harvard e tinha sempre relativo sucesso. Até que descobre "the next big thing" e após dois meses tinha a correr um site chamado TheFacebook. Esta é a história de como à custa disso fez fãs, sócios e dólares, e perdeu o único amigo.Antes de opiniar sobre o filme, quem sou eu? Entre muitas coisas sou um informático. Mas não sou da geração "The Social Network", sou da anterior, da que se regia pelos valores do filme "AntiTrust". Quando o bom da fita derrubava as corporações malignas apenas em nome da Humanidade e desenvolvendo open source sem pensar no lucro. Zuckerberg é diferente. Ele tudo o que fez foi a pensar na fama, e foi manipulado por outros para ganhar dinheiro com isso. É uma geração de Tony Montanas que pensa em dinheiro, para com isso conseguir poder e consequentemente mulheres. Não há mal nenhum nisso, mas onde está o amor pelo trabalho?Este filme não é sobre a ciência dos computadores, mas sobre a arte do marketing. E é o que a nova geração de empreendedores precisa. Tal como Sean Parker (o autor do Napster) aconselha Zuckerberg para criar algo gigantesco e intocável, também o autor do Facebook através deste filme lança uns alertas/conselhos.Não comecem algo que não podem levar até ao fim. O que parece uma brincadeira com 4000 pessoas pode-se tornar um negócio de milhares de milhões e uma peça fundamental da economia global.Não basta serem bons tecnólogos porque o importante é o que vem depois, mas basta terem uma grande ideia e formar uma equipa que faça o trabalho por vocês.A velha máxima diz que "trabalho é trabalho, cognac é cognac". Devemos, temos!, de saber distinguir sócios de amigos, porque se correr mal a sociedade resolve-se em tribunal, mas a amizade é algo que nenuma lei pode salvar.Para os menos empreendedores deixa um recado mais útil do que qualquer dica financeira. Com o Facebook podem estar em contacto com centenas ou milhares de conhecidos. Isso é óptimo, mas porque não pegar no telefone e fazer algo menos virtual?Como cinema fica muito aquém do que seria de esperar. O factor chocante residia no comportamento humano e nesta era em que os valores financeiros se sobrepõem aos valores morais isso não surpreende.Vindo de Fincher esperava algo fenomenal, mas faltou-lhe a substância. Excepto os primeiros vinte minutos em que combina magistralmente os diversos mundos que coabitam no universo académico, tudo o resto é exactamente o que se poderia esperar de um biopic sobre uma pessoa que aos 25 já tinha atingido o topo da carreira. Ficará para a história como uma curiosidade sobre uma etapa fundamental do nosso progresso.Título Original: "The Social Network" (EUA, 2010)Realização: David FincherArgumento: Aaron Sorkin (baseado no livro de Ben Mezrich)Intérpretes: Jesse Eisenberg, Rooney Mara, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Armie HammerMúsica: Trent Reznor, Atticus RossFotografia: Jeff CronenwethGénero: Biografia, Drama,Duração: 121 min.Sítio Oficial: http://www.sonypictures.com/movies/thesocialnetwork/


O fenómeno dos últimos cinco anos e dos próximos três chama-se Facebook. E por isso mesmo o fenómeno nas salas chama-se Social Network. Com 500 milhões de utilizadores registados, considerando que metade deles são pessoas reais e minimamente activas no site temos algo com tanta gente como os Estados Unidos. O seu presidente não é eleito após um demorado e complicado processo eleitoral acompanhado por todo o mundo, ele é Mark Zuckerberg apenas porque foi ele quem teve a ideia.Nos anos 80 a Internet era uma curiosidade científica. Nos 90 era uma curiosidade académica com fins educacionais e surgiu o Boom das .com. Em 2003 as .com originais tinham tido um de três destinos: vendidas, falidas, tomado uma posição dominante que as colocava ao nível das maiores indústrias mundiais sem necessidade de fazer nada novo (excepção para a Google que devido à sua política laboral está sempre a gerar novas ideias).A Internet já não era uma novidade apenas para os tecnologicamente preparados, estava a abrir-se ao mundo e diversos hackers (no sentido original da palavra) sobressaiam nesse admirável mundo novo. Em 2003 surgiu uma onda de blogs por onde as pessoas comunicavam, como o Antestreia, mas para Zuckerberg isso não bastava. Ele criava sites alojados nos servidores de Harvard e tinha sempre relativo sucesso. Até que descobre "the next big thing" e após dois meses tinha a correr um site chamado TheFacebook. Esta é a história de como à custa disso fez fãs, sócios e dólares, e perdeu o único amigo.Antes de opiniar sobre o filme, quem sou eu? Entre muitas coisas sou um informático. Mas não sou da geração "The Social Network", sou da anterior, da que se regia pelos valores do filme "AntiTrust". Quando o bom da fita derrubava as corporações malignas apenas em nome da Humanidade e desenvolvendo open source sem pensar no lucro. Zuckerberg é diferente. Ele tudo o que fez foi a pensar na fama, e foi manipulado por outros para ganhar dinheiro com isso. É uma geração de Tony Montanas que pensa em dinheiro, para com isso conseguir poder e consequentemente mulheres. Não há mal nenhum nisso, mas onde está o amor pelo trabalho?Este filme não é sobre a ciência dos computadores, mas sobre a arte do marketing. E é o que a nova geração de empreendedores precisa. Tal como Sean Parker (o autor do Napster) aconselha Zuckerberg para criar algo gigantesco e intocável, também o autor do Facebook através deste filme lança uns alertas/conselhos.Não comecem algo que não podem levar até ao fim. O que parece uma brincadeira com 4000 pessoas pode-se tornar um negócio de milhares de milhões e uma peça fundamental da economia global.Não basta serem bons tecnólogos porque o importante é o que vem depois, mas basta terem uma grande ideia e formar uma equipa que faça o trabalho por vocês.A velha máxima diz que "trabalho é trabalho, cognac é cognac". Devemos, temos!, de saber distinguir sócios de amigos, porque se correr mal a sociedade resolve-se em tribunal, mas a amizade é algo que nenuma lei pode salvar.Para os menos empreendedores deixa um recado mais útil do que qualquer dica financeira. Com o Facebook podem estar em contacto com centenas ou milhares de conhecidos. Isso é óptimo, mas porque não pegar no telefone e fazer algo menos virtual?Como cinema fica muito aquém do que seria de esperar. O factor chocante residia no comportamento humano e nesta era em que os valores financeiros se sobrepõem aos valores morais isso não surpreende.Vindo de Fincher esperava algo fenomenal, mas faltou-lhe a substância. Excepto os primeiros vinte minutos em que combina magistralmente os diversos mundos que coabitam no universo académico, tudo o resto é exactamente o que se poderia esperar de um biopic sobre uma pessoa que aos 25 já tinha atingido o topo da carreira. Ficará para a história como uma curiosidade sobre uma etapa fundamental do nosso progresso.Título Original: "The Social Network" (EUA, 2010)Realização: David FincherArgumento: Aaron Sorkin (baseado no livro de Ben Mezrich)Intérpretes: Jesse Eisenberg, Rooney Mara, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Armie HammerMúsica: Trent Reznor, Atticus RossFotografia: Jeff CronenwethGénero: Biografia, Drama,Duração: 121 min.Sítio Oficial: http://www.sonypictures.com/movies/thesocialnetwork/

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