Semanário O Diabo: A mudança II

17-07-2011
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A quem custará o TGV
Afirmava eu no primeiro artigo desta série que o gasto no TGV seria um disparate para o país porque não incorpora tecnologia portuguesa, porque terá despesas de manutenção que ninguém conseguiu provar serem inferiores às receitas e porque apenas servirá apenas a um pequeno grupo de pessoas que têm medo de andar de avião, com tarifas mais em conta, para ir a Madrid. É necessário também esclarecer que não é preciso colocar as putativas mercadorias portuguesas (onde estão?) num comboio de alta velocidade para chegarem à Europa frescas! Basta um vulgar de Lineu comboio a cento e cinquenta quilómetros por hora.
Apesar destas objecções José Sócrates Pinto de Sousa, o tal que não governaria com o FMI, continua na obstinação irresponsável do TGV. A quem custará tal irresponsabilidade? Aos nossos netos e bisnetos. A quem lucra tal obstinação? Aos grupos económicos do regime. O problema é que Sócrates pode deixar a coisa tão armadilhada que custe muitos milhões a nós todos varrermos com o TGV, depois da provável derrota eleitoral de quem deixou o país neste descalabro económico e na miséria do desemprego e dos salários reais a decair: um Portugal a empobrecer depois do entristecer de Fernando Pessoa.

Parece pois que o TGV não estará na mudança anunciada pela troika, o tal trio de cavalos russo, que entrou alegremente no nosso vocabulário do infortúnio.
Há outro aspecto que não aparece no acordo, nem uma palavra se lhe refere, a cultura. Provado está que será o investimento mais rentável num país cujos únicos recursos naturais são o sol, o mar e a praia, e que deve apostar no turismo, pelo menos como solução de recurso a curto prazo quando os mercados do Norte de África se debatem com crises políticas de gravidade. A aposta na cultura, em sentido lato, serve dois propósitos, o primeiro é directo, corresponde à formação dos cidadãos, o segundo tem a ver com o turismo.Melhor e mais cuidado património, com indústrias anexas, melhores festivais internacionais de cinema, teatro, gastronomia e vinhos, tauromaquia, ópera, música e cinema, torneios de golfe de alto nível, a lista é infindável. Não seriam “charters de chineses” mas seriam muitos mais turistas de classe A, os que vão deixar em média 480 euros por pessoa por dia com 96 euros diários de IVA à cabeça, fora o resto, aquilo que é actualmente a média internacional, em consumo, ao contrário do turista inglês de pé descalço que enxameia o Algarve e que larga apenas 45 euros diários.
Mas a cegueira da troika é típica da cegueira do economista clássico ao assunto cultural, já Cavaco Silva era assim, é esta mentalidade tacanha que é preciso começar a mudar.Continua
Manuel Silveira da Cunha

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A quem custará o TGV
Afirmava eu no primeiro artigo desta série que o gasto no TGV seria um disparate para o país porque não incorpora tecnologia portuguesa, porque terá despesas de manutenção que ninguém conseguiu provar serem inferiores às receitas e porque apenas servirá apenas a um pequeno grupo de pessoas que têm medo de andar de avião, com tarifas mais em conta, para ir a Madrid. É necessário também esclarecer que não é preciso colocar as putativas mercadorias portuguesas (onde estão?) num comboio de alta velocidade para chegarem à Europa frescas! Basta um vulgar de Lineu comboio a cento e cinquenta quilómetros por hora.
Apesar destas objecções José Sócrates Pinto de Sousa, o tal que não governaria com o FMI, continua na obstinação irresponsável do TGV. A quem custará tal irresponsabilidade? Aos nossos netos e bisnetos. A quem lucra tal obstinação? Aos grupos económicos do regime. O problema é que Sócrates pode deixar a coisa tão armadilhada que custe muitos milhões a nós todos varrermos com o TGV, depois da provável derrota eleitoral de quem deixou o país neste descalabro económico e na miséria do desemprego e dos salários reais a decair: um Portugal a empobrecer depois do entristecer de Fernando Pessoa.

Parece pois que o TGV não estará na mudança anunciada pela troika, o tal trio de cavalos russo, que entrou alegremente no nosso vocabulário do infortúnio.
Há outro aspecto que não aparece no acordo, nem uma palavra se lhe refere, a cultura. Provado está que será o investimento mais rentável num país cujos únicos recursos naturais são o sol, o mar e a praia, e que deve apostar no turismo, pelo menos como solução de recurso a curto prazo quando os mercados do Norte de África se debatem com crises políticas de gravidade. A aposta na cultura, em sentido lato, serve dois propósitos, o primeiro é directo, corresponde à formação dos cidadãos, o segundo tem a ver com o turismo.Melhor e mais cuidado património, com indústrias anexas, melhores festivais internacionais de cinema, teatro, gastronomia e vinhos, tauromaquia, ópera, música e cinema, torneios de golfe de alto nível, a lista é infindável. Não seriam “charters de chineses” mas seriam muitos mais turistas de classe A, os que vão deixar em média 480 euros por pessoa por dia com 96 euros diários de IVA à cabeça, fora o resto, aquilo que é actualmente a média internacional, em consumo, ao contrário do turista inglês de pé descalço que enxameia o Algarve e que larga apenas 45 euros diários.
Mas a cegueira da troika é típica da cegueira do economista clássico ao assunto cultural, já Cavaco Silva era assim, é esta mentalidade tacanha que é preciso começar a mudar.Continua
Manuel Silveira da Cunha

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