Depois de mais de três décadas a ouvir discursos de políticos com mais ou menos floreados e partículas de realce, acreditámos que estávamos num regime democrático, embora, uma vez por outra, nos chegassem notícias a evidenciar cariz autocrático ou mesmo tendente a ditatorial. Mantém-se, porém, no Texto Fundamental que Portugal é uma República soberana baseada na vontade do povo (art. 1º) e que a soberania, una e indivisível, reside no povo (art. 3º 1). Apesar dos «lindos» discursos de promessas não cumpridas e das discutíveis interpretações dos números, lá íamos fazendo por acreditar na Democracia e a sua transparência por parte dos eleitos, isto é, daqueles que têm delegação do povo para gerir os destinos do Estado por forma a garantir boa qualidade de vida sustentada para toda a população. Os cidadãos mais esclarecidos, além dos que estando inseridos nas malhas do Poder e usufruem de todas as regalias, iam duvidando da seriedade com que são interpretados os primeiros artigos da Constituição.Mas não há ilusão ou mentira que dure sempre, acabando por deixar cair o manto e ficar nua. Agora, depois de a população saber que no Governo e nas Autarquias há centenas de assessores contratados por critérios não de competência, mas de simpatia e de confiança política, que o mesmo é dizer, de família, de amizade e de clã partidário, com salários principescos, agora, o Governo decide ocultar do povo, aquele que é morada da soberania, os contratos para a função pública, a prazo ou não, e o salário respectivo. Com esta poeira lançada aos seus olhos e falta de transparência, como pode o povo exercer a soberania que em si reside? Com que esclarecimentos o cidadão formulará o sentido do seu voto no momento das eleições? Não pode nem deve votar com base apenas na propagada eleitoral. E, não estando convenientemente esclarecido, não deve votar. A abstenção também é uma posição electiva e, se ela ultrapassar, por exemplo, os 60%, talvez os políticos consigam raciocinar e concluir que o povo não está disposto a aturar os seus caprichos autoritários, os seus abusos, a sua ditadura, mesmo que esta seja a prazo de quatro anos renováveis.
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Depois de mais de três décadas a ouvir discursos de políticos com mais ou menos floreados e partículas de realce, acreditámos que estávamos num regime democrático, embora, uma vez por outra, nos chegassem notícias a evidenciar cariz autocrático ou mesmo tendente a ditatorial. Mantém-se, porém, no Texto Fundamental que Portugal é uma República soberana baseada na vontade do povo (art. 1º) e que a soberania, una e indivisível, reside no povo (art. 3º 1). Apesar dos «lindos» discursos de promessas não cumpridas e das discutíveis interpretações dos números, lá íamos fazendo por acreditar na Democracia e a sua transparência por parte dos eleitos, isto é, daqueles que têm delegação do povo para gerir os destinos do Estado por forma a garantir boa qualidade de vida sustentada para toda a população. Os cidadãos mais esclarecidos, além dos que estando inseridos nas malhas do Poder e usufruem de todas as regalias, iam duvidando da seriedade com que são interpretados os primeiros artigos da Constituição.Mas não há ilusão ou mentira que dure sempre, acabando por deixar cair o manto e ficar nua. Agora, depois de a população saber que no Governo e nas Autarquias há centenas de assessores contratados por critérios não de competência, mas de simpatia e de confiança política, que o mesmo é dizer, de família, de amizade e de clã partidário, com salários principescos, agora, o Governo decide ocultar do povo, aquele que é morada da soberania, os contratos para a função pública, a prazo ou não, e o salário respectivo. Com esta poeira lançada aos seus olhos e falta de transparência, como pode o povo exercer a soberania que em si reside? Com que esclarecimentos o cidadão formulará o sentido do seu voto no momento das eleições? Não pode nem deve votar com base apenas na propagada eleitoral. E, não estando convenientemente esclarecido, não deve votar. A abstenção também é uma posição electiva e, se ela ultrapassar, por exemplo, os 60%, talvez os políticos consigam raciocinar e concluir que o povo não está disposto a aturar os seus caprichos autoritários, os seus abusos, a sua ditadura, mesmo que esta seja a prazo de quatro anos renováveis.