O Cachimbo de Magritte: Palavras há muitas

08-07-2011
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João Miguel Tavares faz no DN de hoje um elogio a Obama. Distante de Pacheco Pereira e António Barreto (Obama é só paleio), João Miguel Tavares está ao lado de Mario Soares (Obama tem qualidades, designadamente a retórica). Pelo caminho, João Miguel Tavares refere Platão e Aristóteles (encheram pilhas de livros sobre a importância da retórica no espaço público). O que João Miguel Tavares já não diz é que Platão e Aristótles emergiram na Atenas do século V e IV como reacção aos sofistas e o uso da retórica como mera técnica de conquista do poder político. É neste contexto que podemos perguntar, "Quem é Obama?" É evidente que Obama não é um filósofo (e, claro está, não tem de o ser). Mas não é evidente que Obama não seja um sofista dos tempos modernos. Já aqui perguntei em que medida é que Obama não está disposto a tudo para garantir os 51% que o conduzirão à Casa Branca. Por outro lado, importa não esquecer que não basta a um político ter os tais “discursos inspiradores” e a tal capacidade de “arrastar milhões às urnas” de que fala João Miguel Tavares. Pelo contrário, a história mais ou menos recente revela que é destes políticos que nós devemos ter mais cuidado. Por tudo isto, é importante esclarecer o seguinte: a retórica de Obama é um fenómeno novo que supera a empobrecedora gestão técnica da coisa pública? ou é a retórica de Obama uma mera redução da política a uma técnica de conquista do poder?


João Miguel Tavares faz no DN de hoje um elogio a Obama. Distante de Pacheco Pereira e António Barreto (Obama é só paleio), João Miguel Tavares está ao lado de Mario Soares (Obama tem qualidades, designadamente a retórica). Pelo caminho, João Miguel Tavares refere Platão e Aristóteles (encheram pilhas de livros sobre a importância da retórica no espaço público). O que João Miguel Tavares já não diz é que Platão e Aristótles emergiram na Atenas do século V e IV como reacção aos sofistas e o uso da retórica como mera técnica de conquista do poder político. É neste contexto que podemos perguntar, "Quem é Obama?" É evidente que Obama não é um filósofo (e, claro está, não tem de o ser). Mas não é evidente que Obama não seja um sofista dos tempos modernos. Já aqui perguntei em que medida é que Obama não está disposto a tudo para garantir os 51% que o conduzirão à Casa Branca. Por outro lado, importa não esquecer que não basta a um político ter os tais “discursos inspiradores” e a tal capacidade de “arrastar milhões às urnas” de que fala João Miguel Tavares. Pelo contrário, a história mais ou menos recente revela que é destes políticos que nós devemos ter mais cuidado. Por tudo isto, é importante esclarecer o seguinte: a retórica de Obama é um fenómeno novo que supera a empobrecedora gestão técnica da coisa pública? ou é a retórica de Obama uma mera redução da política a uma técnica de conquista do poder?

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