REFLEXÕES: O problema de fundo e o ruído na avaliação dos professores

21-01-2012
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As manifestações são apenas ruído gerado pelo problema de fundo: a avaliação dos professores. Em termos teóricos são concebíveis dois modelos: a) avaliação interna; b) avaliação externa. O regime proposto assemelha-se a uma avaliação interna, visto que cada professor será avaliado pelos seus pares. Evidentemente que neste caso a proximidade entre o avaliador e o avaliado pode ser grande. Geralmente este aspecto é apontado como inconveniente porque se crê na avaliação “objectiva” e “imparcial” que exige que o avaliador esteja a milhas do avaliado… Preferencialmente, seria como nos exames, o anonimato asseguraria a independência! Pensamos assim porque estamos viciados neste padrão de pensamento. A alternativa a este modelo é o ME designar um júri externo – imaginemos professores universitários – que cai de pára-quedas um dia na escola para avaliar os professores, faz o seu trabalho e desaparece. Por nos desconhecerem é que seriam “objectivos” e “independentes”? Creio que não. O seu poder seria certamente mais arbitrário porque não responderiam perante ninguém.No modelo proposto ainda tenho algum controlo sobre os avaliadores, porque os conheço, e eles não podem tomar decisões arbitrárias porque vão continuar nas escolas, precisam de manter a sua consciência tranquila e quererão usufruir do reconhecimento da comunidade escolar, o que apenas conseguirão com decisões justas.Foram cometidos muitos atropelos, e estão a ser impostas muitas coisas que não fazem sentido, mas convém que na base do modelo de avaliação dos professores continuem os seus pares, contrariamente a muita opinião publicada. Os professores têm toda a razão. O sistema de avaliação proposto pelo Ministério da Educação promove a injustiça, transformando em avaliador quem chegou ao topo sem ser avaliado. E assim se desacredita um instrumento fundamental para a qualificação das escolas. A ministra perdeu a oportunidade de dar uma verdadeira autonomia às escolas, continuando a fúria regulamentadora. E prepara-se para promover pequenos tiranetes nas direcções escolares. Mas, mais importante: não consegue trabalhar com os profissionais de que precisa para fazer qualquer mudança. EXPRESSO (Assinatura)


As manifestações são apenas ruído gerado pelo problema de fundo: a avaliação dos professores. Em termos teóricos são concebíveis dois modelos: a) avaliação interna; b) avaliação externa. O regime proposto assemelha-se a uma avaliação interna, visto que cada professor será avaliado pelos seus pares. Evidentemente que neste caso a proximidade entre o avaliador e o avaliado pode ser grande. Geralmente este aspecto é apontado como inconveniente porque se crê na avaliação “objectiva” e “imparcial” que exige que o avaliador esteja a milhas do avaliado… Preferencialmente, seria como nos exames, o anonimato asseguraria a independência! Pensamos assim porque estamos viciados neste padrão de pensamento. A alternativa a este modelo é o ME designar um júri externo – imaginemos professores universitários – que cai de pára-quedas um dia na escola para avaliar os professores, faz o seu trabalho e desaparece. Por nos desconhecerem é que seriam “objectivos” e “independentes”? Creio que não. O seu poder seria certamente mais arbitrário porque não responderiam perante ninguém.No modelo proposto ainda tenho algum controlo sobre os avaliadores, porque os conheço, e eles não podem tomar decisões arbitrárias porque vão continuar nas escolas, precisam de manter a sua consciência tranquila e quererão usufruir do reconhecimento da comunidade escolar, o que apenas conseguirão com decisões justas.Foram cometidos muitos atropelos, e estão a ser impostas muitas coisas que não fazem sentido, mas convém que na base do modelo de avaliação dos professores continuem os seus pares, contrariamente a muita opinião publicada. Os professores têm toda a razão. O sistema de avaliação proposto pelo Ministério da Educação promove a injustiça, transformando em avaliador quem chegou ao topo sem ser avaliado. E assim se desacredita um instrumento fundamental para a qualificação das escolas. A ministra perdeu a oportunidade de dar uma verdadeira autonomia às escolas, continuando a fúria regulamentadora. E prepara-se para promover pequenos tiranetes nas direcções escolares. Mas, mais importante: não consegue trabalhar com os profissionais de que precisa para fazer qualquer mudança. EXPRESSO (Assinatura)

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