Ferreira Leite diz que problemas complexos não se resolvem em democracia

14-10-2015
marcar artigo

A antiga ministra das Finanças volta a dizer que em democracia não se conseguem resolver problemas complexos.

A antiga líder do PSD e ex-ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite disse hoje, em Coimbra, que a resolução de problemas complexos ou a afronta a corporações "não é muito possível, na prática", de ser feita em democracia.

Intervindo no ciclo de conferências políticas "A Democracia e o Futuro", promovido pela autarquia de Coimbra e pela Fundação Bissaya Barreto, Manuela Ferreira Leite começou por classificar de "provocatória" a questão que lhe foi lançada pelo moderador do debate, o jornalista Henrique Monteiro, que perguntou a Manuela Ferreira Leite se Portugal conseguirá ultrapassar a atual situação de crise "preservando todos os princípios do regime democrático".

"Aquilo que eu na altura disse [quando falou da suspensão da democracia por seis meses] e que, provavelmente, neste momento é atual, é que em situações de extrema complexidade em que para ultrapassar os problemas complexos não se vê outra solução do que enfrentar ou afrontar determinado tipo de corporações, determinado tipo de interesses, possivelmente isso não é muito possível, na prática, ser feito em democracia", argumentou a antiga governante.

Troika afronta soberania

Adiantou que a intervenção da troika em Portugal põe em causa a soberania nacional e que o sistema democrático "nem sempre" consegue enfrentar elementos externos.

"Não é com certeza em nome do Estado português que eu ouço a todo o momento falar na chamada troika, ou seja, estamos sempre a falar em elementos externos que não são, com certeza, defensores da nossa soberania, são, pelo contrário, algo que põe em causa a nossa soberania", disse Manuela Ferreira Leite.

Manuela Ferreira Leite disse ainda que, atualmente, Portugal não possui "claramente" independência económica.

"O que significa que se está perante um facto concreto, em que para enfrentar determinado tipo de situações o sistema democrático nem sempre o consegue", alertou.

So há democracia com classe média

Manuela Ferreira Leite frisou também que "só existem democracias sólidas assentes numa classe média forte" e que qualquer processo de destruição da classe média é "ameaça tremenda à democracia".

Segundo Manuela Ferreira Leite uma política de ataque à classe média "nem resolve o problema das contas [públicas] e aniquila as pessoas".

A ex-ministra das Finanças lembrou que a estrutura social portuguesa é de uma classe média "forte", na qual os que têm poucos rendimentos não pagam impostos e os que têm altos rendimentos pagam mas "infelizmente são poucos".

De acordo com Manuela Ferreira Leite quem tem de resolver a situação "são os que estão no centro" dos rendimentos recebidos, situação que considerou "um perigo sério" para a democracia.

"E nunca vi um país crescer sem ser com base na classe média", argumentou.

A antiga governante comentou ainda a situação dos reformados, alegando, embora não seja constitucionalista, não possuir dúvidas que será "inconstitucional" existirem medidas só para reformados "e que não são medidas gerais".

"Toda a política que tem sido seguida em relação aos reformados é inimaginável numa sociedade em que se pretende manter a classe média", frisou Manuela Ferreira Leite.

Degradação política

A antiga líder do PSD alertou para o desprestigio dos políticos. "Se não houver uma alteração profunda de todo este processo de degradação política, efetivamente podemos continuar a dizer que se está em democracia mas na prática não é uma democracia", frisou.

Manuela Ferreira Leite falou igualmente do projeto europeu, considerando que a sua atratividade não se ficou a dever a ser caritativo "isto é, vamos aqui ajudar os pobrezinhos", disse.

"O projeto europeu não tinha isto subjacente, da ajuda aos pobrezinhos. Tinha subjacente a ideia de que todos em conjunto desenvolviam políticas de desenvolvimento, em que cada um passaria a ter acesso a aspetos básicos como a saúde, a educação, a habitação. Esse é o projeto europeu, é esse projeto que se ruir põe, concerteza, questões graves à democracia", sustentou Manuela Ferreira Leite.

A economista e antiga ministra das Finanças participou hoje, juntamente com o ex-presidente da Assembleia da República Mota Amaral e os professores universitários Diogo Pires Aurélio e Amadeu Carvalho Homem, na conferência dedicado ao tema "Democracia e Sistema Político", que decorreu na Casa da Escrita, na Alta de Coimbra

Já Mota Amaral, ex-Presidente da Assembleia da República, outro dos participantes no debate, considerou que um dos "problemas de fundo" da democracia portuguesa é a subida do "grau de exigência cívico" das pessoas "Os próprios cidadãos rebelam-se contra uma certa mediocridade que, fruto de certas circunstâncias, se pode estar a imiscuir na nossa vida política. E exigem uma prática política verdadeiramente democrática, assente na verdade, e menos manipulações e truques que se notam e desacreditam a prática democrática", alertou.

A antiga ministra das Finanças volta a dizer que em democracia não se conseguem resolver problemas complexos.

A antiga líder do PSD e ex-ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite disse hoje, em Coimbra, que a resolução de problemas complexos ou a afronta a corporações "não é muito possível, na prática", de ser feita em democracia.

Intervindo no ciclo de conferências políticas "A Democracia e o Futuro", promovido pela autarquia de Coimbra e pela Fundação Bissaya Barreto, Manuela Ferreira Leite começou por classificar de "provocatória" a questão que lhe foi lançada pelo moderador do debate, o jornalista Henrique Monteiro, que perguntou a Manuela Ferreira Leite se Portugal conseguirá ultrapassar a atual situação de crise "preservando todos os princípios do regime democrático".

"Aquilo que eu na altura disse [quando falou da suspensão da democracia por seis meses] e que, provavelmente, neste momento é atual, é que em situações de extrema complexidade em que para ultrapassar os problemas complexos não se vê outra solução do que enfrentar ou afrontar determinado tipo de corporações, determinado tipo de interesses, possivelmente isso não é muito possível, na prática, ser feito em democracia", argumentou a antiga governante.

Troika afronta soberania

Adiantou que a intervenção da troika em Portugal põe em causa a soberania nacional e que o sistema democrático "nem sempre" consegue enfrentar elementos externos.

"Não é com certeza em nome do Estado português que eu ouço a todo o momento falar na chamada troika, ou seja, estamos sempre a falar em elementos externos que não são, com certeza, defensores da nossa soberania, são, pelo contrário, algo que põe em causa a nossa soberania", disse Manuela Ferreira Leite.

Manuela Ferreira Leite disse ainda que, atualmente, Portugal não possui "claramente" independência económica.

"O que significa que se está perante um facto concreto, em que para enfrentar determinado tipo de situações o sistema democrático nem sempre o consegue", alertou.

So há democracia com classe média

Manuela Ferreira Leite frisou também que "só existem democracias sólidas assentes numa classe média forte" e que qualquer processo de destruição da classe média é "ameaça tremenda à democracia".

Segundo Manuela Ferreira Leite uma política de ataque à classe média "nem resolve o problema das contas [públicas] e aniquila as pessoas".

A ex-ministra das Finanças lembrou que a estrutura social portuguesa é de uma classe média "forte", na qual os que têm poucos rendimentos não pagam impostos e os que têm altos rendimentos pagam mas "infelizmente são poucos".

De acordo com Manuela Ferreira Leite quem tem de resolver a situação "são os que estão no centro" dos rendimentos recebidos, situação que considerou "um perigo sério" para a democracia.

"E nunca vi um país crescer sem ser com base na classe média", argumentou.

A antiga governante comentou ainda a situação dos reformados, alegando, embora não seja constitucionalista, não possuir dúvidas que será "inconstitucional" existirem medidas só para reformados "e que não são medidas gerais".

"Toda a política que tem sido seguida em relação aos reformados é inimaginável numa sociedade em que se pretende manter a classe média", frisou Manuela Ferreira Leite.

Degradação política

A antiga líder do PSD alertou para o desprestigio dos políticos. "Se não houver uma alteração profunda de todo este processo de degradação política, efetivamente podemos continuar a dizer que se está em democracia mas na prática não é uma democracia", frisou.

Manuela Ferreira Leite falou igualmente do projeto europeu, considerando que a sua atratividade não se ficou a dever a ser caritativo "isto é, vamos aqui ajudar os pobrezinhos", disse.

"O projeto europeu não tinha isto subjacente, da ajuda aos pobrezinhos. Tinha subjacente a ideia de que todos em conjunto desenvolviam políticas de desenvolvimento, em que cada um passaria a ter acesso a aspetos básicos como a saúde, a educação, a habitação. Esse é o projeto europeu, é esse projeto que se ruir põe, concerteza, questões graves à democracia", sustentou Manuela Ferreira Leite.

A economista e antiga ministra das Finanças participou hoje, juntamente com o ex-presidente da Assembleia da República Mota Amaral e os professores universitários Diogo Pires Aurélio e Amadeu Carvalho Homem, na conferência dedicado ao tema "Democracia e Sistema Político", que decorreu na Casa da Escrita, na Alta de Coimbra

Já Mota Amaral, ex-Presidente da Assembleia da República, outro dos participantes no debate, considerou que um dos "problemas de fundo" da democracia portuguesa é a subida do "grau de exigência cívico" das pessoas "Os próprios cidadãos rebelam-se contra uma certa mediocridade que, fruto de certas circunstâncias, se pode estar a imiscuir na nossa vida política. E exigem uma prática política verdadeiramente democrática, assente na verdade, e menos manipulações e truques que se notam e desacreditam a prática democrática", alertou.

marcar artigo