Homenagem a Medeiros Ferreira. Cavaco Silva vai, Mário Soares não

01-10-2015
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José Medeiros Ferreira vai ser homenageado esta quinta e sexta-feira, com uma grande conferência que evocará o cidadão, o político e o historiador, que contará com mais de meia centena de conferencistas. Na Gulbenkian, em Lisboa, estará patente uma pequena exposição e será lançado um livro sobre o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, que completaria 73 anos a 20 de fevereiro, o último dia conferência.

A sessão de encerramento será presidida por Cavaco Silva. E essa é uma novidade que não deixou de surpreender alguns dos organizadores da conferência. Medeiros Ferreira, com efeito, foi um adversário tenaz e implacável de Cavaco, quer como primeiro-ministro quer como Presidente da República. Numa das suas últimas intervenções públicas, no lançamento do seu derradeiro livro ("Não há Mapa Cor-de-Rosa"), Medeiros Ferreira ironizou, francamente divertido, com "a tese do bom aluno", propagada durante anos pelo que designou de "cavaquismo governamental". E brincou, ao seu estilo, com a ideia, divulgada por todos os governos, segundo a qual "nunca perdemos uma negociação em Bruxelas, mesmo quando eram dirigidas quase por anónimos...".

Outra surpresa, mas pela negativa, é a ausência de Mário Soares, que no entanto foi uma das primeiras figuras a ser convidada - e que, aliás, colabora, ao contrário de Cavaco, no livro que será lançado durante a conferência. "Fomos amigos íntimos, muito próximos", diz Soares no texto escrito de propósito para o livro, "e combatemos, com o mesmo sentido crítico e patriótico, o atual Governo". Contactado pelo Expresso, Vítor Ramalho, um dos principais colaboradores de Soares, não deixou de notar que, "nos últimos meses, onde o Presidente Cavaco está, o dr. Soares não está..."

Do Palácio de Belém aos estádios de futebol

Seja com o for, grande parte do país político - à exceção do CDS e do PCP - estará presente, através da conferência e do livro, nesta homenagem nacional a José Medeiros Ferreira, em que o principal pivô foi a viúva, a pedagoga Maria Emília Brederode Santos. Para além de Cavaco, participam dois ex-presidentes: Jorge Sampaio, que irá apresentar a obra, e Ramalho Eanes, que usará da palavra na sessão de encerramento.

Tendo como anfitrião Artur Santos Silva, comparecem também os ex-presidentes do Governo Regional dos Açores, Mota Amaral e Carlos César, assim como o atual, Vasco Cordeiro. No livro, há textos de vários ex-presidentes da Assembleia da República : Barbosa de Melo, Almeida Santos e Jaime Gama, para além do já referido Mota Amaral.

Da política, passarão pela Gulbenkian Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Santana Lopes, José Pacheco Pereira, António Barreto, Francisco Louçã, Isabel do Carmo, Rui Tavares, Joana Amaral Dias, Eurico Figueiredo.

Do mundo intelectual e académico, Eduardo Lourenço, Nuno Severiano Teixeira, António Reis, Fernanda Rollo, Fernando Rosas e Pedro Aires de Oliveira.

Do jornalismo e comentário político, António José Teixeira, Anabela Mota Ribeiro, Constança Cunha e Sá, Maria Elisa, Ramon Font, Fátima Campos Ferreira.

Os muitos amigos açorianos também marcam presença: Mário Mesquita, Eduardo Paz Ferreira, Roberto Amaral. Na área militar e da diplomacia, Loureiro dos Santos, Carlos Gaspar, Fernando Neves e Teresa Patrício Gouveia. Nem o comentarismo desportivo foi esquecido, com um painel que junta Ribeiro Cristóvão, Leonor Pinhão, Miguel Guedes e Vítor Serpa, a que se junta o filho, Miguel Medeiros Ferreira.

Um livro com centenas de depoimentos

O livro, "José Medeiros Ferreira. A Liberdade Interventiva", da editora Tinta da China, é lançado na tarde desta quinta. A apresentação estará a cargo de Jorge Sampaio e de Vasco Cordeiro. O volume conta com mais de uma centena de depoimentos sobre o familiar, o açoriano, o socialista, o deputado, o político, o ministro, o benfiquista, o historiador - o cidadão.

Um deles é de Manuel Lucena, também ele investigador e historiador, seu companheiro na crise académica de 1962 e falecido no passado dia 7: "O José Medeiros Ferreira era um realista com graça. Irónico também, mas graça fala de outra luz"...

O amigo Eduardo Paz Ferreira, que chefiou o seu gabinete de ministro dos Estrangeiros, está seguro que "todos os que com ele se cruzaram nunca o esquecerão, a si e à sua imagem tranquila e alegre. A sua gargalhada e enorme cultura tornaram-se património de todos nós. Num país medíocre e cinzento, Medeiros Ferreira foi uma exceção."

Para aceder à última entrevista de José Medeiros Ferreira ao Expresso, clique AQUI

José Medeiros Ferreira vai ser homenageado esta quinta e sexta-feira, com uma grande conferência que evocará o cidadão, o político e o historiador, que contará com mais de meia centena de conferencistas. Na Gulbenkian, em Lisboa, estará patente uma pequena exposição e será lançado um livro sobre o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, que completaria 73 anos a 20 de fevereiro, o último dia conferência.

A sessão de encerramento será presidida por Cavaco Silva. E essa é uma novidade que não deixou de surpreender alguns dos organizadores da conferência. Medeiros Ferreira, com efeito, foi um adversário tenaz e implacável de Cavaco, quer como primeiro-ministro quer como Presidente da República. Numa das suas últimas intervenções públicas, no lançamento do seu derradeiro livro ("Não há Mapa Cor-de-Rosa"), Medeiros Ferreira ironizou, francamente divertido, com "a tese do bom aluno", propagada durante anos pelo que designou de "cavaquismo governamental". E brincou, ao seu estilo, com a ideia, divulgada por todos os governos, segundo a qual "nunca perdemos uma negociação em Bruxelas, mesmo quando eram dirigidas quase por anónimos...".

Outra surpresa, mas pela negativa, é a ausência de Mário Soares, que no entanto foi uma das primeiras figuras a ser convidada - e que, aliás, colabora, ao contrário de Cavaco, no livro que será lançado durante a conferência. "Fomos amigos íntimos, muito próximos", diz Soares no texto escrito de propósito para o livro, "e combatemos, com o mesmo sentido crítico e patriótico, o atual Governo". Contactado pelo Expresso, Vítor Ramalho, um dos principais colaboradores de Soares, não deixou de notar que, "nos últimos meses, onde o Presidente Cavaco está, o dr. Soares não está..."

Do Palácio de Belém aos estádios de futebol

Seja com o for, grande parte do país político - à exceção do CDS e do PCP - estará presente, através da conferência e do livro, nesta homenagem nacional a José Medeiros Ferreira, em que o principal pivô foi a viúva, a pedagoga Maria Emília Brederode Santos. Para além de Cavaco, participam dois ex-presidentes: Jorge Sampaio, que irá apresentar a obra, e Ramalho Eanes, que usará da palavra na sessão de encerramento.

Tendo como anfitrião Artur Santos Silva, comparecem também os ex-presidentes do Governo Regional dos Açores, Mota Amaral e Carlos César, assim como o atual, Vasco Cordeiro. No livro, há textos de vários ex-presidentes da Assembleia da República : Barbosa de Melo, Almeida Santos e Jaime Gama, para além do já referido Mota Amaral.

Da política, passarão pela Gulbenkian Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Santana Lopes, José Pacheco Pereira, António Barreto, Francisco Louçã, Isabel do Carmo, Rui Tavares, Joana Amaral Dias, Eurico Figueiredo.

Do mundo intelectual e académico, Eduardo Lourenço, Nuno Severiano Teixeira, António Reis, Fernanda Rollo, Fernando Rosas e Pedro Aires de Oliveira.

Do jornalismo e comentário político, António José Teixeira, Anabela Mota Ribeiro, Constança Cunha e Sá, Maria Elisa, Ramon Font, Fátima Campos Ferreira.

Os muitos amigos açorianos também marcam presença: Mário Mesquita, Eduardo Paz Ferreira, Roberto Amaral. Na área militar e da diplomacia, Loureiro dos Santos, Carlos Gaspar, Fernando Neves e Teresa Patrício Gouveia. Nem o comentarismo desportivo foi esquecido, com um painel que junta Ribeiro Cristóvão, Leonor Pinhão, Miguel Guedes e Vítor Serpa, a que se junta o filho, Miguel Medeiros Ferreira.

Um livro com centenas de depoimentos

O livro, "José Medeiros Ferreira. A Liberdade Interventiva", da editora Tinta da China, é lançado na tarde desta quinta. A apresentação estará a cargo de Jorge Sampaio e de Vasco Cordeiro. O volume conta com mais de uma centena de depoimentos sobre o familiar, o açoriano, o socialista, o deputado, o político, o ministro, o benfiquista, o historiador - o cidadão.

Um deles é de Manuel Lucena, também ele investigador e historiador, seu companheiro na crise académica de 1962 e falecido no passado dia 7: "O José Medeiros Ferreira era um realista com graça. Irónico também, mas graça fala de outra luz"...

O amigo Eduardo Paz Ferreira, que chefiou o seu gabinete de ministro dos Estrangeiros, está seguro que "todos os que com ele se cruzaram nunca o esquecerão, a si e à sua imagem tranquila e alegre. A sua gargalhada e enorme cultura tornaram-se património de todos nós. Num país medíocre e cinzento, Medeiros Ferreira foi uma exceção."

Para aceder à última entrevista de José Medeiros Ferreira ao Expresso, clique AQUI

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