Banalizar recordes é com eles

10-12-2014
marcar artigo

Recordes. Os espanhóis chamam-lhes rachas. Como uma fenda que se abre no meio de uma pedra uniforme, onde tudo é igual. É isso que marca a diferença. E hoje, com computadores, dezenas de câmaras a filmar, tecnologias que monitorizam tudo e número de sobra para alimentarem estatísticas, há recordes para tudo e mais alguma coisa. Aparecem em sítios onde antes nem sequer espreitavam. São tantos que já se uniram para cercar dois homens: Lionel Messi e Cristiano Ronaldo.

Quando se deixa de falar sobre golos, vitórias e jogos e, antes, se têm que “inventar palavras”, como disse Sergio Ramos, para descrever recordes e feitos, algo não bate certo. Porque certo é humano, e o que estes dois fazem já há muito que deixou de o ser. Exemplos? Cá vai disto: em 15 jornadas de liga espanhola, os 24 golos marcados por Ronaldo já lhe chegariam para ser o melhor marcador do campeonato em 33 edições anteriores, tendo em conta os golos com que outros o conseguiram; o português é o homem com mais hat-tricks marcados na La Liga: e foi o jogador que menos partidas necessitou (178) para chegar aos 200 golos na liga.

Podíamos escrever mais um, ou até dois parágrafos, só com degraus trepados pelo português. E mais um par de outros sobre Lionel Messi. No futebol, eles são extraterrestres. Habitam quilómetros acima da superfície da Terra, a uma altitude onde, lá está, só chega o ar quente dos recordes. Tantos que já não são novidade. São quase banais. E o próximo que deverá começar a ser falado, no caso do português e do Real Madrid, ligá-los-á ao Coritiba, um clube brasileiro.

É de lá, do sudeste do Brasil, que está o clube que os merengues já perseguem. Porque é ele que ainda hoje segura o recorde de maior número de vitórias consecutivas em jogos oficiais: 24. Duas dúzias. Conseguiu-o de 3 de fevereiro a 5 de maio de 2011, dividindo as vitórias entre a segunda divisão brasileira, o campeonato paranaense (estadual) e a Copa do Brasil. O Real Madrid, guiado por Carlo Ancelotti, vai com 18 e, à tal marca, já só conseguirá chegar em 2015.

A 11 de janeiro, caso, pelo caminho, vença o Ludogorets, o Almería, os adversários das meias-finais e final do Mundial de Clubes, o Valência, o Atlético de Madrid e, por último, o Espanyol.

Aí sim, haverá outro recorde. Dos grandes, e não só para Ronaldo. Se o Real continuar a vencer todos os que lhe apareçam à frente conseguirá então chegar à camada de atmosfera onde Cristiano e Lionel têm morada. Podem ser os únicos com uma bola de futebol nos pés, mas não estão sozinhos. Longe disso. Porque lá as rachas, como dizem os espanhóis, já são algumas. E vão para lá da conseguida pelo Coritiba.

Hoje, de raquete na mão, pés num court e uma rede pelo meio, há Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic a lutarem pelo domínio de uma era do ténis. O primeiro, o suíço, é aos olhos de muitos o melhor tenista de sempre. Talvez. Mas ainda é de Björn Borg, um sueco loiro e de cabelos alongados, que nunca largava a fita da cabeça, a ter vencido 49 encontros consecutivos. O recorde é dele e agarrou-o entre 1973 e 1983, escreveu o site Sphera Sports.

Lá por cima, portanto, também mora alguém de raquete na mão. E vários com uma bola a saltitar nas mãos. Na temporada 1971/72, os Lakers, clube de basquetebol norte-americana de Los Angeles, ganhou 33 jogos seguidos na NBA — entre os meses de novembro, dezembro e janeiro. Ninguém até hoje conseguiu repetir ou superar o feito da equipa então liderada por Wilt Chamberlain. Ele que, em 1962, quando os Philadelphia Warriors ainda lhe pagavam o salário, conseguiu marcar 100 pontos num jogo, contra os New York Knicks. Outro recorde.

Há também quem tenha um volante a ocupar as mãos. É o caso de Sebastian Vettel, que em 2013, a conduzir um monolugar da Fórmula 1, conquistou nove Grandes Prémios consecutivos — sim, também há monstros e extraterrestres a acelerarem dentro de carros. Prova disso é Sébastien Loeb, o francês que conquistou nove campeonatos do mundo de ralis em linha. Ou in a row, como se diz em inglês.

Ou seja, Ronaldo e Messi têm alguns vizinhos. Joe DiMaggio é outro, graças aos 56 jogos seguidos de basebol em que pegou num taco e conseguiu acertar numa bola que lhe lançaram. O recorde do norte-americano já dura desde 1941.

Depois há as 21 medalhas olímpicas de Michael Phelps, todas caçadas dentro de água, numa piscina, as 377 semanas consecutivas que a suíça Steffi Graff passou na liderança do ranking feminino da ATP (Association of Tennis Professionals) ou os 11 títulos mundiais de surf que Kelly Slater já colecionou (cinco deles em linha). Dizem que os recordes foram feitos para serem quebrados. Estes nomes preferiram banalizá-los.

Recordes. Os espanhóis chamam-lhes rachas. Como uma fenda que se abre no meio de uma pedra uniforme, onde tudo é igual. É isso que marca a diferença. E hoje, com computadores, dezenas de câmaras a filmar, tecnologias que monitorizam tudo e número de sobra para alimentarem estatísticas, há recordes para tudo e mais alguma coisa. Aparecem em sítios onde antes nem sequer espreitavam. São tantos que já se uniram para cercar dois homens: Lionel Messi e Cristiano Ronaldo.

Quando se deixa de falar sobre golos, vitórias e jogos e, antes, se têm que “inventar palavras”, como disse Sergio Ramos, para descrever recordes e feitos, algo não bate certo. Porque certo é humano, e o que estes dois fazem já há muito que deixou de o ser. Exemplos? Cá vai disto: em 15 jornadas de liga espanhola, os 24 golos marcados por Ronaldo já lhe chegariam para ser o melhor marcador do campeonato em 33 edições anteriores, tendo em conta os golos com que outros o conseguiram; o português é o homem com mais hat-tricks marcados na La Liga: e foi o jogador que menos partidas necessitou (178) para chegar aos 200 golos na liga.

Podíamos escrever mais um, ou até dois parágrafos, só com degraus trepados pelo português. E mais um par de outros sobre Lionel Messi. No futebol, eles são extraterrestres. Habitam quilómetros acima da superfície da Terra, a uma altitude onde, lá está, só chega o ar quente dos recordes. Tantos que já não são novidade. São quase banais. E o próximo que deverá começar a ser falado, no caso do português e do Real Madrid, ligá-los-á ao Coritiba, um clube brasileiro.

É de lá, do sudeste do Brasil, que está o clube que os merengues já perseguem. Porque é ele que ainda hoje segura o recorde de maior número de vitórias consecutivas em jogos oficiais: 24. Duas dúzias. Conseguiu-o de 3 de fevereiro a 5 de maio de 2011, dividindo as vitórias entre a segunda divisão brasileira, o campeonato paranaense (estadual) e a Copa do Brasil. O Real Madrid, guiado por Carlo Ancelotti, vai com 18 e, à tal marca, já só conseguirá chegar em 2015.

A 11 de janeiro, caso, pelo caminho, vença o Ludogorets, o Almería, os adversários das meias-finais e final do Mundial de Clubes, o Valência, o Atlético de Madrid e, por último, o Espanyol.

Aí sim, haverá outro recorde. Dos grandes, e não só para Ronaldo. Se o Real continuar a vencer todos os que lhe apareçam à frente conseguirá então chegar à camada de atmosfera onde Cristiano e Lionel têm morada. Podem ser os únicos com uma bola de futebol nos pés, mas não estão sozinhos. Longe disso. Porque lá as rachas, como dizem os espanhóis, já são algumas. E vão para lá da conseguida pelo Coritiba.

Hoje, de raquete na mão, pés num court e uma rede pelo meio, há Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic a lutarem pelo domínio de uma era do ténis. O primeiro, o suíço, é aos olhos de muitos o melhor tenista de sempre. Talvez. Mas ainda é de Björn Borg, um sueco loiro e de cabelos alongados, que nunca largava a fita da cabeça, a ter vencido 49 encontros consecutivos. O recorde é dele e agarrou-o entre 1973 e 1983, escreveu o site Sphera Sports.

Lá por cima, portanto, também mora alguém de raquete na mão. E vários com uma bola a saltitar nas mãos. Na temporada 1971/72, os Lakers, clube de basquetebol norte-americana de Los Angeles, ganhou 33 jogos seguidos na NBA — entre os meses de novembro, dezembro e janeiro. Ninguém até hoje conseguiu repetir ou superar o feito da equipa então liderada por Wilt Chamberlain. Ele que, em 1962, quando os Philadelphia Warriors ainda lhe pagavam o salário, conseguiu marcar 100 pontos num jogo, contra os New York Knicks. Outro recorde.

Há também quem tenha um volante a ocupar as mãos. É o caso de Sebastian Vettel, que em 2013, a conduzir um monolugar da Fórmula 1, conquistou nove Grandes Prémios consecutivos — sim, também há monstros e extraterrestres a acelerarem dentro de carros. Prova disso é Sébastien Loeb, o francês que conquistou nove campeonatos do mundo de ralis em linha. Ou in a row, como se diz em inglês.

Ou seja, Ronaldo e Messi têm alguns vizinhos. Joe DiMaggio é outro, graças aos 56 jogos seguidos de basebol em que pegou num taco e conseguiu acertar numa bola que lhe lançaram. O recorde do norte-americano já dura desde 1941.

Depois há as 21 medalhas olímpicas de Michael Phelps, todas caçadas dentro de água, numa piscina, as 377 semanas consecutivas que a suíça Steffi Graff passou na liderança do ranking feminino da ATP (Association of Tennis Professionals) ou os 11 títulos mundiais de surf que Kelly Slater já colecionou (cinco deles em linha). Dizem que os recordes foram feitos para serem quebrados. Estes nomes preferiram banalizá-los.

marcar artigo