Novas obrigações do Estado pagam menos que Certificados do Tesouro

28-09-2015
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OEstado prepara-se para lançar um novo produto de poupança direccionado para o retalho. As Obrigações do Tesouro Rendimento Variável (OTRV)serão lançadas ainda este ano e vão oferecer um rendimento indexado à taxa Euribor a seis meses acrescida da ‘yield' das obrigações tradicionais, confirmou o Económico junto de fonte das Finanças. Contas feitas, este novo produto vai pagar menos que os actuais Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) mas, em contrapartida, apenas garante o capital na maturidade.

Este novo produto será lançado com maturidades de médio ou longo-prazo, de cinco a dez anos, comunicou ontem a ministra das Finanças na conferência de imprensa que teve lugar no final do Conselho de Ministros. Ora, numa linha de OTRV a cinco anos, a taxa de juro rondaria hoje os 1,28% - taxa Euribor a seis meses no valor de 0,033% somada a uma ‘yield' das Obrigações do Tesouro (OT) a cinco anos de 1,25%. Já uma OTRV a 10 anos beneficiaria de uma taxa de juro em torno dos 2,58%. Valores que ficam aquém dos actuais Certificados do Tesouro Poupança Mais, que gozam de taxas crescentes com uma rendibilidade média a cinco anos de 2,25%. Os Certificados de Aforro rendem hoje menos de 1%ao ano mas vêem a sua taxa de juro revista a cada três meses. Essa, aliás, era uma das dúvidas que subsistem sobre as OTRV: a periodicidade da revisão dos juros, uma vez que se tratam de taxas variáveis. Ou seja, caso sejam revistas semestralmente, poderão mesmo vir a render mais do que os actuais CTPM, uma vez que poderão usufruir de uma subida quer das taxas Euribor, quer das ‘yields' das obrigações. No entanto, as características deste novo produto não permitem uma comparação apenas ao nível da sua rentabilidade, uma vez que em caso de resgate antecipado, o capital não está garantido.

Recorde-se que tanto nos Certificados de Aforro (CA) como nos CTPM, é possível o resgate antecipado a partir da data do primeiro vencimento de juros - três e 12 meses respectivamente - com reembolso total do capital investido. Ou seja, garantem capital e juros vencidos até à data. Já as novas Obrigações do Tesouro para o retalho serão admitidas à cotação na Euronext e negociarão em mercado secundário. O que é que isto quer dizer? Quer dizer que se quiser resgatá-las antecipadamente terá de as vender em mercado, sujeitando-se ao preço que alguém estiver disposto a pagar por elas. Isto não significa que tenha obrigatoriamente de incorrer perdas, pode até registar ganhos. Mas fica sujeito à incerteza do mercado.

Filipe Garcia, presidente da IMF, acredita, no entanto, que este risco de mercado pode ser diluído. "Em princípio, não é de esperar que o produto esteja a cotar com desconto, a não ser que, por exemplo, os depósitos voltem a pagar muito mais do que a dívida pública ou haja um descrédito quanto à capacidade de o Estado honrar os seus compromissos". Ou seja, não é de esperar que o mercado lhe pague menos do que o valor que investiu a menos que existam melhores alternativas, como pode ser o caso de depósitos com taxas mais atractivas. Isto poderia levar a uma pressão vendedora, na ânsia de reinvestir num produto mais rentável, o que baixaria o preço dos títulos. Também há dúvidas sobre a capacidade de pagamento do Estado, tal como aconteceu em 2011, e culminou com o pedido de resgate internacional do país, pode levar a uma desvalorização dos títulos. "E claro, sendo um mercado, tal poderá acontecer até pela falta de procura", acrescenta Filipe Garcia. Isso mesmo confirma fonte oficial do Ministério das Finanças ao Económico, quando afirma que: "O preço poderá sofrer oscilações relacionadas com a oferta e a procura."

Características que direccionam este produto para um segmento de investidores diferente dos actuais aforradores em produtos de poupança do Estado. "Penso que não devemos falar em perfil de risco, porque para isso será necessário conhecer a ficha técnica do produto, mas o perfil de investidor será claramente diferente. É um produto mais complexo", nota Filipe Garcia. Também António Ribeiro, economista da Proteste Investe, ressalva que se trata de um produto para um segmento diferente, embora aplauda a medida, que era há muito defendida pela Deco. "É algo que vemos de forma positiva até porque há muito tempo que defendiamos que as OT deviam estar disponíveis para o retalho". No entanto estes títulos, e ao contrário do que acontece com os CTPM ou os CA, irão exigir que os investidores tenham alguns conhecimentos de mercado. Isso mesmo nota Luís Laginha, presidente da Euronext, que vê "com interesse esta possibilidade, que pode ser um instrumento de dinamização do mercado e uma forma de promover um primeiro contacto com o mercado de capitais por parte de alguns investidores". Em declaraçõs ao Económico, diz ainda acreditar que este instrumento será bem sucedido, até porque "no passado tivemos várias emissões de empresas com muita aceitação junto do retalho."

OEstado prepara-se para lançar um novo produto de poupança direccionado para o retalho. As Obrigações do Tesouro Rendimento Variável (OTRV)serão lançadas ainda este ano e vão oferecer um rendimento indexado à taxa Euribor a seis meses acrescida da ‘yield' das obrigações tradicionais, confirmou o Económico junto de fonte das Finanças. Contas feitas, este novo produto vai pagar menos que os actuais Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) mas, em contrapartida, apenas garante o capital na maturidade.

Este novo produto será lançado com maturidades de médio ou longo-prazo, de cinco a dez anos, comunicou ontem a ministra das Finanças na conferência de imprensa que teve lugar no final do Conselho de Ministros. Ora, numa linha de OTRV a cinco anos, a taxa de juro rondaria hoje os 1,28% - taxa Euribor a seis meses no valor de 0,033% somada a uma ‘yield' das Obrigações do Tesouro (OT) a cinco anos de 1,25%. Já uma OTRV a 10 anos beneficiaria de uma taxa de juro em torno dos 2,58%. Valores que ficam aquém dos actuais Certificados do Tesouro Poupança Mais, que gozam de taxas crescentes com uma rendibilidade média a cinco anos de 2,25%. Os Certificados de Aforro rendem hoje menos de 1%ao ano mas vêem a sua taxa de juro revista a cada três meses. Essa, aliás, era uma das dúvidas que subsistem sobre as OTRV: a periodicidade da revisão dos juros, uma vez que se tratam de taxas variáveis. Ou seja, caso sejam revistas semestralmente, poderão mesmo vir a render mais do que os actuais CTPM, uma vez que poderão usufruir de uma subida quer das taxas Euribor, quer das ‘yields' das obrigações. No entanto, as características deste novo produto não permitem uma comparação apenas ao nível da sua rentabilidade, uma vez que em caso de resgate antecipado, o capital não está garantido.

Recorde-se que tanto nos Certificados de Aforro (CA) como nos CTPM, é possível o resgate antecipado a partir da data do primeiro vencimento de juros - três e 12 meses respectivamente - com reembolso total do capital investido. Ou seja, garantem capital e juros vencidos até à data. Já as novas Obrigações do Tesouro para o retalho serão admitidas à cotação na Euronext e negociarão em mercado secundário. O que é que isto quer dizer? Quer dizer que se quiser resgatá-las antecipadamente terá de as vender em mercado, sujeitando-se ao preço que alguém estiver disposto a pagar por elas. Isto não significa que tenha obrigatoriamente de incorrer perdas, pode até registar ganhos. Mas fica sujeito à incerteza do mercado.

Filipe Garcia, presidente da IMF, acredita, no entanto, que este risco de mercado pode ser diluído. "Em princípio, não é de esperar que o produto esteja a cotar com desconto, a não ser que, por exemplo, os depósitos voltem a pagar muito mais do que a dívida pública ou haja um descrédito quanto à capacidade de o Estado honrar os seus compromissos". Ou seja, não é de esperar que o mercado lhe pague menos do que o valor que investiu a menos que existam melhores alternativas, como pode ser o caso de depósitos com taxas mais atractivas. Isto poderia levar a uma pressão vendedora, na ânsia de reinvestir num produto mais rentável, o que baixaria o preço dos títulos. Também há dúvidas sobre a capacidade de pagamento do Estado, tal como aconteceu em 2011, e culminou com o pedido de resgate internacional do país, pode levar a uma desvalorização dos títulos. "E claro, sendo um mercado, tal poderá acontecer até pela falta de procura", acrescenta Filipe Garcia. Isso mesmo confirma fonte oficial do Ministério das Finanças ao Económico, quando afirma que: "O preço poderá sofrer oscilações relacionadas com a oferta e a procura."

Características que direccionam este produto para um segmento de investidores diferente dos actuais aforradores em produtos de poupança do Estado. "Penso que não devemos falar em perfil de risco, porque para isso será necessário conhecer a ficha técnica do produto, mas o perfil de investidor será claramente diferente. É um produto mais complexo", nota Filipe Garcia. Também António Ribeiro, economista da Proteste Investe, ressalva que se trata de um produto para um segmento diferente, embora aplauda a medida, que era há muito defendida pela Deco. "É algo que vemos de forma positiva até porque há muito tempo que defendiamos que as OT deviam estar disponíveis para o retalho". No entanto estes títulos, e ao contrário do que acontece com os CTPM ou os CA, irão exigir que os investidores tenham alguns conhecimentos de mercado. Isso mesmo nota Luís Laginha, presidente da Euronext, que vê "com interesse esta possibilidade, que pode ser um instrumento de dinamização do mercado e uma forma de promover um primeiro contacto com o mercado de capitais por parte de alguns investidores". Em declaraçõs ao Económico, diz ainda acreditar que este instrumento será bem sucedido, até porque "no passado tivemos várias emissões de empresas com muita aceitação junto do retalho."

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