Passos e Portas, que tal começarem a trabalhar?

08-06-2015
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Passos e Portas, que tal começarem a trabalhar?

05 Jun 2015 António Costa

antoniocosta.jornalista@gmail.com

Pedro Passos Coelho e Paulo Portas apresentaram um programa eleitoral que, na verdade, não programa nada, tenta resumir tudo, com uma certa narrativa de quatro anos de governação.

É muito curto para convencer algum eleitor.

Por muito que custe a António Costa - e aos portugueses que sofreram o ajustamento -, o programa da ‘troika' foi bem executado. Era um mal-necessário, mesmo com erros, muitos, pelo caminho. Servia para tirar o Estado da bancarrota, e tirou, servia para garantir o regresso do Estado aos mercados, e serviu. Servia para criar novas condições para o crescimento económico, e elas estão aí. Basta olhar para a Grécia. E agora? Não sabemos, aliás, sabemos que a coligação tem um Plano de Estabilidade e metas, muitas, mas em matéria de pensões, por exemplo, nem uma palavra. Quem falava mesmo em estabilidade?

É evidente que Passos e Portas atrasaram-se, foram ultrapassados por Costa, e tentam recuperar o tempo perdido com uma mão-cheia de nada, uma carta de garantias, que tem a sua graça depois das promessas não cumpridas de há quatro anos.

Tiveram azar, Jesus desceu à Terra, e saiu do Benfica ao mesmo tempo que Passos e Portas falavam ao país. Deixaram de existir. Se vão marcar outra conferência, é melhor que seja preparada com alguma coisa que se veja.

Já sabemos o muito que fizeram, e que não fizeram, já sabemos o país que herdaram, já sabemos que é uma injustiça ouvir que o país está pior hoje e tem mais desemprego. Poderia ser de outra forma? Não, claro, mas isso agora não interessa nada.

O consumo e o investimento estão a recuperar, as exportações continuam a crescer acima das importações e, pelo meio, o excedente externo não descambou, nem o défice público. E o desemprego está a descer. Faz toda a diferença. Mas para os próximos quatros anos, não chega. Menos ainda a aposta no azul do mar e no verde da energia.

O conto de sereia de António Costa tem tudo para correr mal, mas soa bem. A prosa de Passos e Costa, pelo contrário, até tem tudo para correr bem, mas soa muito mal.

A coligação deveria começar a trabalhar.

Ai Jesus

Portugal acaba de sair de um programa de ajustamento e o que está em causa nas próximas eleições é saber se os candidatos a primeiro-ministro prometem o que não podem e gastam o que não têm. Foi isto que Bruno de Carvalho fez com a contratação de Jorge Jesus por um valor inacreditável para a realidade portuguesa , mais ainda, do Sporting, depois de ter beneficiado, por exemplo, de perdões de dívida à banca. Ou descobriu petróleo em Alvalade... Jesus fez um grande negócio, sim, mas seria interessante saber a que preço o presidente do Sporting vendeu a alma ao diabo.Os sportinguistas estão hoje como os que votarão naquele que lhes prometer o céu, e foi isso que Bruno de Carvalho fez. Faço uma declaração de interesses, sou do Benfica. Sim, não é só no futebol que a razão cede à emoção. Até os investidores estão eufóricos com um negócio sem qualquer razoabilidade financeira. Jesus fez um grande negócio e, sim, continua a ser um grande treinador.

O melhor. Luís Filipe Vieira fez o que deveria fazer, privilegiou um programa de ajustamento às promessas fáceis.

Quase apetece perguntar: Vieira ou Carvalho, em quem vota?

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Passos e Portas, que tal começarem a trabalhar?

05 Jun 2015 António Costa

antoniocosta.jornalista@gmail.com

Pedro Passos Coelho e Paulo Portas apresentaram um programa eleitoral que, na verdade, não programa nada, tenta resumir tudo, com uma certa narrativa de quatro anos de governação.

É muito curto para convencer algum eleitor.

Por muito que custe a António Costa - e aos portugueses que sofreram o ajustamento -, o programa da ‘troika' foi bem executado. Era um mal-necessário, mesmo com erros, muitos, pelo caminho. Servia para tirar o Estado da bancarrota, e tirou, servia para garantir o regresso do Estado aos mercados, e serviu. Servia para criar novas condições para o crescimento económico, e elas estão aí. Basta olhar para a Grécia. E agora? Não sabemos, aliás, sabemos que a coligação tem um Plano de Estabilidade e metas, muitas, mas em matéria de pensões, por exemplo, nem uma palavra. Quem falava mesmo em estabilidade?

É evidente que Passos e Portas atrasaram-se, foram ultrapassados por Costa, e tentam recuperar o tempo perdido com uma mão-cheia de nada, uma carta de garantias, que tem a sua graça depois das promessas não cumpridas de há quatro anos.

Tiveram azar, Jesus desceu à Terra, e saiu do Benfica ao mesmo tempo que Passos e Portas falavam ao país. Deixaram de existir. Se vão marcar outra conferência, é melhor que seja preparada com alguma coisa que se veja.

Já sabemos o muito que fizeram, e que não fizeram, já sabemos o país que herdaram, já sabemos que é uma injustiça ouvir que o país está pior hoje e tem mais desemprego. Poderia ser de outra forma? Não, claro, mas isso agora não interessa nada.

O consumo e o investimento estão a recuperar, as exportações continuam a crescer acima das importações e, pelo meio, o excedente externo não descambou, nem o défice público. E o desemprego está a descer. Faz toda a diferença. Mas para os próximos quatros anos, não chega. Menos ainda a aposta no azul do mar e no verde da energia.

O conto de sereia de António Costa tem tudo para correr mal, mas soa bem. A prosa de Passos e Costa, pelo contrário, até tem tudo para correr bem, mas soa muito mal.

A coligação deveria começar a trabalhar.

Ai Jesus

Portugal acaba de sair de um programa de ajustamento e o que está em causa nas próximas eleições é saber se os candidatos a primeiro-ministro prometem o que não podem e gastam o que não têm. Foi isto que Bruno de Carvalho fez com a contratação de Jorge Jesus por um valor inacreditável para a realidade portuguesa , mais ainda, do Sporting, depois de ter beneficiado, por exemplo, de perdões de dívida à banca. Ou descobriu petróleo em Alvalade... Jesus fez um grande negócio, sim, mas seria interessante saber a que preço o presidente do Sporting vendeu a alma ao diabo.Os sportinguistas estão hoje como os que votarão naquele que lhes prometer o céu, e foi isso que Bruno de Carvalho fez. Faço uma declaração de interesses, sou do Benfica. Sim, não é só no futebol que a razão cede à emoção. Até os investidores estão eufóricos com um negócio sem qualquer razoabilidade financeira. Jesus fez um grande negócio e, sim, continua a ser um grande treinador.

O melhor. Luís Filipe Vieira fez o que deveria fazer, privilegiou um programa de ajustamento às promessas fáceis.

Quase apetece perguntar: Vieira ou Carvalho, em quem vota?

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