“Qualquer político espera que seja o próximo a fechar a porta”

09-10-2014
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“Qualquer político espera que seja o próximo a fechar a porta”

Marta Marques Silva

00:05

O presidente da APFIPP diz que é preciso encarar o problema de frente.

José Veiga Sarmento, presidente da associação de fundos de pensões, teceu ontem duras críticas à classe política e aos sucessivos governos que se têm abstido de tomar decisões difíceis relativamente ao futuro das reformas em Portugal, tal como o fizeram durante 40 anos de sucessivos défices.E afirma: "Um dia também vamos pagar esta factura e será também dolorosa".

Parece revoltado com a forma como este tema tem sido tratado em Portugal. Sente que tem de endurecer o discurso para que as suas palavras sejam ouvidas, nomeadamente junto da classe política?

Temos efectivamente um problema muito importante para resolver. Sabemos que temos uma Segurança Social que durante muitos anos fez promessas. Sabemos que as pessoas ouviram essas promessas. Mas do ponto de vista económico essas promessas não são cumpríveis. Não há recursos para cumprir essas promessas. É necessário sair desta situação de engano e encontrar uma solução. Outros países já o fizeram. E a minha revolta vem daí: Porque é que nós não começamos a trilhar esse caminho e não aproveitamos experiências de outros países que já tiveram a coragem de o fazer? É um tema que temos de resolver para sobrevivermos como sociedade. Caso contrário teremos 30% ou 40% da população a viver na miséria.

Por que é que os sucessivos governos não têm tratado este assunto com a seriedade necessária? É uma questão de falta de capacidade ou de falta de vontade?

Os governos não resolveram este tema assim como também não resolveram o problema dos défices públicos. Os políticos em Portugal nos últimos 40 anos viveram num ciclo eleitoral em que era sempre possível passar os problemas para o seguinte. Até ao dia em que a conta aparece.

Sente que isso possa mudar?

Acho que está a mudar. Está a mudar na cabeça das pessoas e está a mudar na cabeça dos responsáveis políticos, que sentem que têm uma responsabilidade perante o futuro que só pode ser assegurada tomando decisões que por vezes são difíceis. Dizer que durante muitos anos foram feitas promessas que não podem ser cumpridas é uma situação difícil. E portanto qualquer político espera que seja o próximo a fechar a porta. Mas acho que neste momento existe um consenso alargado de que é necessário encarar a situação de frente e encontrar soluções, como outros já encararam. Portanto, porque é que nós não podemos encarar também?

“Qualquer político espera que seja o próximo a fechar a porta”

Marta Marques Silva

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O presidente da APFIPP diz que é preciso encarar o problema de frente.

José Veiga Sarmento, presidente da associação de fundos de pensões, teceu ontem duras críticas à classe política e aos sucessivos governos que se têm abstido de tomar decisões difíceis relativamente ao futuro das reformas em Portugal, tal como o fizeram durante 40 anos de sucessivos défices.E afirma: "Um dia também vamos pagar esta factura e será também dolorosa".

Parece revoltado com a forma como este tema tem sido tratado em Portugal. Sente que tem de endurecer o discurso para que as suas palavras sejam ouvidas, nomeadamente junto da classe política?

Temos efectivamente um problema muito importante para resolver. Sabemos que temos uma Segurança Social que durante muitos anos fez promessas. Sabemos que as pessoas ouviram essas promessas. Mas do ponto de vista económico essas promessas não são cumpríveis. Não há recursos para cumprir essas promessas. É necessário sair desta situação de engano e encontrar uma solução. Outros países já o fizeram. E a minha revolta vem daí: Porque é que nós não começamos a trilhar esse caminho e não aproveitamos experiências de outros países que já tiveram a coragem de o fazer? É um tema que temos de resolver para sobrevivermos como sociedade. Caso contrário teremos 30% ou 40% da população a viver na miséria.

Por que é que os sucessivos governos não têm tratado este assunto com a seriedade necessária? É uma questão de falta de capacidade ou de falta de vontade?

Os governos não resolveram este tema assim como também não resolveram o problema dos défices públicos. Os políticos em Portugal nos últimos 40 anos viveram num ciclo eleitoral em que era sempre possível passar os problemas para o seguinte. Até ao dia em que a conta aparece.

Sente que isso possa mudar?

Acho que está a mudar. Está a mudar na cabeça das pessoas e está a mudar na cabeça dos responsáveis políticos, que sentem que têm uma responsabilidade perante o futuro que só pode ser assegurada tomando decisões que por vezes são difíceis. Dizer que durante muitos anos foram feitas promessas que não podem ser cumpridas é uma situação difícil. E portanto qualquer político espera que seja o próximo a fechar a porta. Mas acho que neste momento existe um consenso alargado de que é necessário encarar a situação de frente e encontrar soluções, como outros já encararam. Portanto, porque é que nós não podemos encarar também?

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