Emissões poluentes?! Valha-nos a política

28-09-2015
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E vai-se, numa espiral de superioridade intelectual que atormenta e molda cabeças com algum conteúdo. Ungidas na tendência vulgar em mesclar a divergência. No fundo, com mais ou menos cristal, há uma cepa.

O espaço público está, no plano dos princípios e valores, podre de quem pensa ser melhor. Avalia quem escreve, fala, diz e pinta. São, regularmente, avaliados os políticos. Que, por deformação, também escrevem, falam, dizem e pitam. Há uma diferença que faz diferença: eles, os políticos, sujeitam-se; eles, os moralistas, adaptam-se. Ambos contribuindo para o conflito democrático.

Há um mundo em que também vivemos e é, por estranho que pareça e surpreenda cabeças cristalinas, muito pior que este universo da política e dos políticos. Veja-se a Volkswagen. O maior vendedor de carros do mundo, uma referência de seriedade, uma construção consolidada em anos de respeitabilidade. Pior, mesmo pior, não há. Ou está para se mostrar.

Agora, que se descobriu o cambalacho, há que circunscrever danos, directos ou colaterais. Percebe-se que os políticos vão em socorro do artifício da gestão que seduz, constrói e molda grupos sociais triunfantes. A nobreza do exercício da política afirma a sua condição.

Aterremos, em alguns caracteres, no caso Volkswagen. O que explica tão grande desplante, cara de pau, ousadia bacoca? Só encontramos uma razão, básica e recorrente: a raça humana não presta, raramente presta. E é essa a fractura que irriga a ganância, compulsiva e insaciável. Só essa deriva justifica a falsificação de dados nas medições das emissões poluentes de carros da marca líder mundial. Claro que a trafulhice foi feita à socapa das novas tecnologias, um software referenciado como "mágico". Como é descaradamente vendido, em práticas duradouramente triunfantes no universo empresarial e financeiro.

Imagine-se, em poucos caracteres, o que seria se a coisa tivesse dedo político!? Se, porventura, propostas políticas em confronto eleitoral discordassem da forma de aferição de um défice público? É verdade que são eles, os políticos, que constroem e assumem essa divergência. Eis a grandeza da política contra as "emissões poluentes" do negócio.

O presidente da Volkswagen apresentou a demissão do cargo. Garantiu, à cabeça, uma pensão de 29 milhões de euros (ao abrigo do chamado "pára-quedas dourado"). Não é original no negócio. Na política, não há paralelo.

Conteúdo publicado no Económico à Uma. Subscreva aqui.

E vai-se, numa espiral de superioridade intelectual que atormenta e molda cabeças com algum conteúdo. Ungidas na tendência vulgar em mesclar a divergência. No fundo, com mais ou menos cristal, há uma cepa.

O espaço público está, no plano dos princípios e valores, podre de quem pensa ser melhor. Avalia quem escreve, fala, diz e pinta. São, regularmente, avaliados os políticos. Que, por deformação, também escrevem, falam, dizem e pitam. Há uma diferença que faz diferença: eles, os políticos, sujeitam-se; eles, os moralistas, adaptam-se. Ambos contribuindo para o conflito democrático.

Há um mundo em que também vivemos e é, por estranho que pareça e surpreenda cabeças cristalinas, muito pior que este universo da política e dos políticos. Veja-se a Volkswagen. O maior vendedor de carros do mundo, uma referência de seriedade, uma construção consolidada em anos de respeitabilidade. Pior, mesmo pior, não há. Ou está para se mostrar.

Agora, que se descobriu o cambalacho, há que circunscrever danos, directos ou colaterais. Percebe-se que os políticos vão em socorro do artifício da gestão que seduz, constrói e molda grupos sociais triunfantes. A nobreza do exercício da política afirma a sua condição.

Aterremos, em alguns caracteres, no caso Volkswagen. O que explica tão grande desplante, cara de pau, ousadia bacoca? Só encontramos uma razão, básica e recorrente: a raça humana não presta, raramente presta. E é essa a fractura que irriga a ganância, compulsiva e insaciável. Só essa deriva justifica a falsificação de dados nas medições das emissões poluentes de carros da marca líder mundial. Claro que a trafulhice foi feita à socapa das novas tecnologias, um software referenciado como "mágico". Como é descaradamente vendido, em práticas duradouramente triunfantes no universo empresarial e financeiro.

Imagine-se, em poucos caracteres, o que seria se a coisa tivesse dedo político!? Se, porventura, propostas políticas em confronto eleitoral discordassem da forma de aferição de um défice público? É verdade que são eles, os políticos, que constroem e assumem essa divergência. Eis a grandeza da política contra as "emissões poluentes" do negócio.

O presidente da Volkswagen apresentou a demissão do cargo. Garantiu, à cabeça, uma pensão de 29 milhões de euros (ao abrigo do chamado "pára-quedas dourado"). Não é original no negócio. Na política, não há paralelo.

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