O vil metal

09-10-2014
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O vil metal

Luis Vilariça

00:04

Uma boa maneira de causar uma má impressão é entrar num debate sobre remunerações.

Como é comum observar nos argumentos utilizados, que geralmente preenchem toda a escala do mais banal ao mais sofisticado, é território de emoções à solta. As clivagens não são um exclusivo dos profissionais de indústrias diferentes que não se conhecem ou não se entendem. Até entre familiares, amigos ou colegas de profissão que falem dessas coisas, há sempre visões díspares e cada um "puxa a brasa à sua sardinha".

Este facto entende-se. Quem trabalha fá-lo porque precisa do salário e por isso está pronto a defender que quanto mais melhor (quem diz que não trabalha pelo salário, mas por outra coisa qualquer, na verdade tem um hobbie, só que hobbies são uma história à parte...).

Mas não é necessário ser assim. A "essência" do salário é servir para pagar as contas. Ganha-se x pode-se ter x despesas, ganha-se +y pode-se ter +y de despesas. Em teoria, mesmo descontando uma ambição saudável, desde que o salário

dê para pagar as contas, o que também pressupõe um controlo das mesmas, nada mais deveria preocupar quem o aufere.

Acontece que na nossa sociedade a remuneração também reflecte uma medida de valor, que funciona como uma espécie de classificação entre as pessoas. As mais importantes, ou com funções mais difíceis, com mais responsabilidade, as que mais acrescentam, ou com talentos mais raros, são mais valorizadas e pagas acima dos restantes.

Aqui começam os problemas que aquelas discussões evidenciam. É que é humano, e muito frequente, achar-se mais valioso, mais importante, mais contributivo, do que os outros reconhecem.

É inevitável que este sentimento se projecte na classe profissional, e em especial na actualidade de um país que vive em contenção e onde a generalidade das profissões se sentem desvalorizadas, e por isso com mais motivos para reivindicar.

Porém, não vale a pena entrar na comparação.

Já se ficaria satisfeito e daria o dinheiro por bem empregue, se o desempenho dos deputados estivesse acima do de outras importantes profissões tal como está o seu vencimento.

O vil metal

Luis Vilariça

00:04

Uma boa maneira de causar uma má impressão é entrar num debate sobre remunerações.

Como é comum observar nos argumentos utilizados, que geralmente preenchem toda a escala do mais banal ao mais sofisticado, é território de emoções à solta. As clivagens não são um exclusivo dos profissionais de indústrias diferentes que não se conhecem ou não se entendem. Até entre familiares, amigos ou colegas de profissão que falem dessas coisas, há sempre visões díspares e cada um "puxa a brasa à sua sardinha".

Este facto entende-se. Quem trabalha fá-lo porque precisa do salário e por isso está pronto a defender que quanto mais melhor (quem diz que não trabalha pelo salário, mas por outra coisa qualquer, na verdade tem um hobbie, só que hobbies são uma história à parte...).

Mas não é necessário ser assim. A "essência" do salário é servir para pagar as contas. Ganha-se x pode-se ter x despesas, ganha-se +y pode-se ter +y de despesas. Em teoria, mesmo descontando uma ambição saudável, desde que o salário

dê para pagar as contas, o que também pressupõe um controlo das mesmas, nada mais deveria preocupar quem o aufere.

Acontece que na nossa sociedade a remuneração também reflecte uma medida de valor, que funciona como uma espécie de classificação entre as pessoas. As mais importantes, ou com funções mais difíceis, com mais responsabilidade, as que mais acrescentam, ou com talentos mais raros, são mais valorizadas e pagas acima dos restantes.

Aqui começam os problemas que aquelas discussões evidenciam. É que é humano, e muito frequente, achar-se mais valioso, mais importante, mais contributivo, do que os outros reconhecem.

É inevitável que este sentimento se projecte na classe profissional, e em especial na actualidade de um país que vive em contenção e onde a generalidade das profissões se sentem desvalorizadas, e por isso com mais motivos para reivindicar.

Porém, não vale a pena entrar na comparação.

Já se ficaria satisfeito e daria o dinheiro por bem empregue, se o desempenho dos deputados estivesse acima do de outras importantes profissões tal como está o seu vencimento.

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