Congresso PCP. “Cala-te, amarelo!” Jerónimo, o vermelho

22-11-2020
marcar artigo

O momento espontâneo surpreendeu os deputados e arrancou aplausos dentro e fora da bancada do PCP. Foi no final de outubro que Jerónimo de Sousa, de pé no seu lugar e com discurso preparado para ler — recheado de críticas ao Governo —, ouviu uma gargalhada de André Ventura e não se conteve, disparando, de expressão fechada: “Está a achar graça? Eu não lhe acho graça nenhuma”. Foi um instante que surpreendeu quem hoje pensa num Jerónimo eleito de forma constante para o Parlamento e o último dos resistentes da Assembleia Constituinte — já pouco dado a apartes. Mas se o momento protagonizado pelo secretário-geral que se prepara para participar num polémico congresso do PCP por causa da pandemia foi digno de nota, na verdade veio lembrar a muitos quem era Jerónimo nos idos de 1975, precisamente há 45 anos, quando entrou na Assembleia pela primeira vez para participar na criação da nova Constituição.

Os diários da Assembleia Constituinte não enganam: Jerónimo de Sousa, então com 28 anos, acabado de sair da fábrica e a aprender o que era isso de ser deputado, era pouco interventivo — mas quando ia a jogo era aguerrido e sem poupar nos apartes mais agrestes, mesmo durante os próprios discursos. Em outubro de 1975 há várias referências a intervenções do deputado. No dia 11 desse mês Jerónimo tomava a palavra para sublinhar a sua experiência fora do Parlamento, que “deturpava a luta dos trabalhadores da metalurgia”, garantindo que eles, os operários, eram uma “autêntica vanguarda de luta”. E estava longe de ser meigo para as restantes bancadas: “No tempo de Salazar e Caetano, enquanto alguns deputados aqui presentes enchiam a barriga e os bolsos (...), enquanto muitos se prostituíam com a ditadura fascista, lutávamos nós pelos nossos direitos”. Quando era interrompido pelo que os diários da Constituinte identificam apenas como “vozes”, que lhe chamavam “provocador”, não tinha meias respostas: “Cala-te, amarelo!”, um insulto que equivalia a chamar a alguém ‘fura-greves’, como recorda ao Expresso, por entre risos, a também deputada constituinte e ex-PCP Zita Seabra.

O momento espontâneo surpreendeu os deputados e arrancou aplausos dentro e fora da bancada do PCP. Foi no final de outubro que Jerónimo de Sousa, de pé no seu lugar e com discurso preparado para ler — recheado de críticas ao Governo —, ouviu uma gargalhada de André Ventura e não se conteve, disparando, de expressão fechada: “Está a achar graça? Eu não lhe acho graça nenhuma”. Foi um instante que surpreendeu quem hoje pensa num Jerónimo eleito de forma constante para o Parlamento e o último dos resistentes da Assembleia Constituinte — já pouco dado a apartes. Mas se o momento protagonizado pelo secretário-geral que se prepara para participar num polémico congresso do PCP por causa da pandemia foi digno de nota, na verdade veio lembrar a muitos quem era Jerónimo nos idos de 1975, precisamente há 45 anos, quando entrou na Assembleia pela primeira vez para participar na criação da nova Constituição.

Os diários da Assembleia Constituinte não enganam: Jerónimo de Sousa, então com 28 anos, acabado de sair da fábrica e a aprender o que era isso de ser deputado, era pouco interventivo — mas quando ia a jogo era aguerrido e sem poupar nos apartes mais agrestes, mesmo durante os próprios discursos. Em outubro de 1975 há várias referências a intervenções do deputado. No dia 11 desse mês Jerónimo tomava a palavra para sublinhar a sua experiência fora do Parlamento, que “deturpava a luta dos trabalhadores da metalurgia”, garantindo que eles, os operários, eram uma “autêntica vanguarda de luta”. E estava longe de ser meigo para as restantes bancadas: “No tempo de Salazar e Caetano, enquanto alguns deputados aqui presentes enchiam a barriga e os bolsos (...), enquanto muitos se prostituíam com a ditadura fascista, lutávamos nós pelos nossos direitos”. Quando era interrompido pelo que os diários da Constituinte identificam apenas como “vozes”, que lhe chamavam “provocador”, não tinha meias respostas: “Cala-te, amarelo!”, um insulto que equivalia a chamar a alguém ‘fura-greves’, como recorda ao Expresso, por entre risos, a também deputada constituinte e ex-PCP Zita Seabra.

marcar artigo