Jerónimo avisa: “Não vale a pena apressarem-se a sentenciar que o PCP não conta”

09-09-2020
marcar artigo

Política Jerónimo avisa: “Não vale a pena apressarem-se a sentenciar que o PCP não conta” 06.09.2020 às 19h14 Facebook Twitter Email Whatsapp Mais Linkedin Pinterest Link: Ana Baiao Do palco da Atalaia, Jerónimo deixou avisos ao PS - não vale a pena "ameaçar com crises políticas" - e adiantou propostas para o Orçamento do Estado. Marcelo e imprensa tiveram direito a críticas diretas e vaias do público Ana Baião Mariana Lima Cunha Jornalista O recado ficou dado: não é por o PCP vir endurecendo a sua posição relativamente ao Governo, tendo já votado contra um Orçamento do Estado, que se pode concluir já que está fora de jogo. Do palco principal da Quinta da Atalaia, no encerramento da Festa do “Avante!” mais polémica em muitos anos, Jerónimo de Sousa avisou: não é útil nesta altura “vir agitar ameaças de crises políticas”, como também “não vale a pena apressarem-se a sentenciar que o PCP não conta”. Os comunistas “não faltarão” às “suas responsabilidades” - e prometem bater-se por “soluções” neste Orçamento do Estado. A plateia que ouvia Jerónimo estava bem composta: há horas que os altifalantes recordavam que nesta tarde de domingo, pelas seis, seria o momento de os militantes e simpatizantes assumirem os seus lugares - desta vez sentados e distanciados - diante do palco 25 de Abril para mostrarem uma audiência forte no encerramento da Festa. Por isso, a maré vermelha de bandeiras, arrumada e orientada pelos assistentes de plateia, preparou-se cedo para prestar atenção à mensagem do secretário-geral. O simples facto de a Festa existir este ano era a primeira prova de força. Há dias, o PCP fizera outra: depois de ter desmarcado uma reunião com o Governo para negociar o Orçamento do Estado para 2021, Jerónimo aproveitou o palco da Atalaia para ali começar a anunciar as suas condições. E elas passam pelo aumento salário mínimo para 850 euros, assim como pelo aumento geral dos salários; a criação de um suplemento salarial para trabalhadores essenciais; o subsídio de risco; os aumentos e proteção dos trabalhadores por turnos; o alargamento do acesso e reforço ao subsídio de desemprego; mas também pela eliminação dos cortes salariais no lay-off, pela proibição de todos os despedimentos, pelos apoios extraordinários a quem perdeu rendimentos ou pelo reforço do SNS. A somar à criação de uma rede pública de creches, a de uma rede de lares. Para que tudo isto aconteça, o PCP terá de negociar. E assegura que não se furta a isso, apesar do percurso de afastamento que tem feito em relação aos resquícios da antiga geringonça: o discurso endurece, mas os comunistas garantem que não vão retirar-se do debate. Nas palavras de Jerónimo: “Ninguém tenha dúvidas. O PCP não só não faltará como se baterá por soluções para os problemas do País”, discutindo propostas "no concreto". No Orçamento mas também em pontos ainda mais delicados da relação com o PS, como a revogação de “normas gravosas” do Código Laboral. Ana Baiao Vaias para MarceloOs recados para o PS não ficaram por aqui. “De pouco valem declarações do PS de que não quer nada com o PSD se as opções que vier a adoptar forem, mais coisa menos coisa, aquelas que o PSD adoptaria”, avisou. Não é a primeira vez que Jerónimo regista as “relevantes convergências” no centrão - foi, aliás, um dos argumentos que usou para justificar o chumbo do Orçamento do Estado - e que resume a um processo de “rearrumação de forças” patrocinado pelo Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa foi, aliás - e a par da comunicação social - o maior objeto de vaias do público, um dia depois de ter levantado novas dúvidas sobre a realização da Festa e de ter sido desafiado por Jerónimo a visitá-la, para verificar o cumprimento das regras sanitárias. De Jerónimo, não veio ainda o nome do candidato presidencial que o PCP se prepara para apresentar - apenas a promessa de uma candidatura que assumirá a luta pelos “direitos dos trabalhadores”. Sem Carvalhesa, com gritos de guerraEste ano não se dançou a Carvalhesa diante do palco; as cadeiras foram-se esvaziando consoante as ordens dadas pela organização, para garantir o distanciamento social, depois de largos minutos em que os militantes e simpatizantes gritaram à capela pelo PCP - coordenados por um dos homens fortes do partido, Francisco Lopes. Mais uma forma de provar que o PCP foi capaz de organizar a sua rentrée em segurança, e mais uma forma de unir o partido, num cerrar de fileiras contra os inimigos externos. Por isso, Jerónimo fez questão de anunciar, para gáudio da assistência: "Contra chantagens e intimidações, ontem como hoje, somos a força da resistência". Por isso, quis "dar resposta" aos que pensavam que "com a mentira e a afronta" o PCP baixaria os braços e se entregaria ao "pântano do conformismo". E, por isso, falou vigorosamente contra a "insidiosa campanha" que utilizou "os seus poderosos recursos mediáticos e de intoxicação da opinião pública" para enfraquecer o PCP. Entre os mais fiéis, que fizeram questão de assistir ao comício in loco e cantar a Internacional até ao fim, o tom de combate pareceu resultar. Resultará para fora?

Política Jerónimo avisa: “Não vale a pena apressarem-se a sentenciar que o PCP não conta” 06.09.2020 às 19h14 Facebook Twitter Email Whatsapp Mais Linkedin Pinterest Link: Ana Baiao Do palco da Atalaia, Jerónimo deixou avisos ao PS - não vale a pena "ameaçar com crises políticas" - e adiantou propostas para o Orçamento do Estado. Marcelo e imprensa tiveram direito a críticas diretas e vaias do público Ana Baião Mariana Lima Cunha Jornalista O recado ficou dado: não é por o PCP vir endurecendo a sua posição relativamente ao Governo, tendo já votado contra um Orçamento do Estado, que se pode concluir já que está fora de jogo. Do palco principal da Quinta da Atalaia, no encerramento da Festa do “Avante!” mais polémica em muitos anos, Jerónimo de Sousa avisou: não é útil nesta altura “vir agitar ameaças de crises políticas”, como também “não vale a pena apressarem-se a sentenciar que o PCP não conta”. Os comunistas “não faltarão” às “suas responsabilidades” - e prometem bater-se por “soluções” neste Orçamento do Estado. A plateia que ouvia Jerónimo estava bem composta: há horas que os altifalantes recordavam que nesta tarde de domingo, pelas seis, seria o momento de os militantes e simpatizantes assumirem os seus lugares - desta vez sentados e distanciados - diante do palco 25 de Abril para mostrarem uma audiência forte no encerramento da Festa. Por isso, a maré vermelha de bandeiras, arrumada e orientada pelos assistentes de plateia, preparou-se cedo para prestar atenção à mensagem do secretário-geral. O simples facto de a Festa existir este ano era a primeira prova de força. Há dias, o PCP fizera outra: depois de ter desmarcado uma reunião com o Governo para negociar o Orçamento do Estado para 2021, Jerónimo aproveitou o palco da Atalaia para ali começar a anunciar as suas condições. E elas passam pelo aumento salário mínimo para 850 euros, assim como pelo aumento geral dos salários; a criação de um suplemento salarial para trabalhadores essenciais; o subsídio de risco; os aumentos e proteção dos trabalhadores por turnos; o alargamento do acesso e reforço ao subsídio de desemprego; mas também pela eliminação dos cortes salariais no lay-off, pela proibição de todos os despedimentos, pelos apoios extraordinários a quem perdeu rendimentos ou pelo reforço do SNS. A somar à criação de uma rede pública de creches, a de uma rede de lares. Para que tudo isto aconteça, o PCP terá de negociar. E assegura que não se furta a isso, apesar do percurso de afastamento que tem feito em relação aos resquícios da antiga geringonça: o discurso endurece, mas os comunistas garantem que não vão retirar-se do debate. Nas palavras de Jerónimo: “Ninguém tenha dúvidas. O PCP não só não faltará como se baterá por soluções para os problemas do País”, discutindo propostas "no concreto". No Orçamento mas também em pontos ainda mais delicados da relação com o PS, como a revogação de “normas gravosas” do Código Laboral. Ana Baiao Vaias para MarceloOs recados para o PS não ficaram por aqui. “De pouco valem declarações do PS de que não quer nada com o PSD se as opções que vier a adoptar forem, mais coisa menos coisa, aquelas que o PSD adoptaria”, avisou. Não é a primeira vez que Jerónimo regista as “relevantes convergências” no centrão - foi, aliás, um dos argumentos que usou para justificar o chumbo do Orçamento do Estado - e que resume a um processo de “rearrumação de forças” patrocinado pelo Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa foi, aliás - e a par da comunicação social - o maior objeto de vaias do público, um dia depois de ter levantado novas dúvidas sobre a realização da Festa e de ter sido desafiado por Jerónimo a visitá-la, para verificar o cumprimento das regras sanitárias. De Jerónimo, não veio ainda o nome do candidato presidencial que o PCP se prepara para apresentar - apenas a promessa de uma candidatura que assumirá a luta pelos “direitos dos trabalhadores”. Sem Carvalhesa, com gritos de guerraEste ano não se dançou a Carvalhesa diante do palco; as cadeiras foram-se esvaziando consoante as ordens dadas pela organização, para garantir o distanciamento social, depois de largos minutos em que os militantes e simpatizantes gritaram à capela pelo PCP - coordenados por um dos homens fortes do partido, Francisco Lopes. Mais uma forma de provar que o PCP foi capaz de organizar a sua rentrée em segurança, e mais uma forma de unir o partido, num cerrar de fileiras contra os inimigos externos. Por isso, Jerónimo fez questão de anunciar, para gáudio da assistência: "Contra chantagens e intimidações, ontem como hoje, somos a força da resistência". Por isso, quis "dar resposta" aos que pensavam que "com a mentira e a afronta" o PCP baixaria os braços e se entregaria ao "pântano do conformismo". E, por isso, falou vigorosamente contra a "insidiosa campanha" que utilizou "os seus poderosos recursos mediáticos e de intoxicação da opinião pública" para enfraquecer o PCP. Entre os mais fiéis, que fizeram questão de assistir ao comício in loco e cantar a Internacional até ao fim, o tom de combate pareceu resultar. Resultará para fora?

marcar artigo