PCP visita “aldeia de Asterix” no ex-Cavaquistão

28-06-2020
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"Batam palmas, carago!", disse um homem ao pequeno grupo de mulheres que, de bandeira ao ombro, esperavam Jerónimo de Sousa à saída do comboio. Estamos na Lapa do Lobo, um pequeno apeadeiro a três minutos de Canas de Senhorim, que tinha ordem de encerramento passada em Lisboa. Mas as gentes da terra não deixaram e, dois anos depois da "luta", receberam em festa o líder comunista que "foi o único que nos ajudou".

Jerónimo nunca tinha posto os pés naquela terra, nem a caravana eleitoral comunista alguma vez passou por aquelas bandas, onde em tempos reinou o Cavaquistão e nunca, mas nunca, o PCP conseguiu eleger qualquer deputado. Mas as coisas mudaram quando conseguiram colocar esta lança em África e abrir terreno em território hostil. E, de repente, a Lapa do Lobo é uma espécie de aldeia de Asterix, uma ilha eleitoral que, mesmo não ganhando aos 'romanos' acaba por moer e muito os adversários políticos que dominam a freguesia, o concelho e o distrito.

“Não se recebe ninguém na rua!”

Fernando Oliveira Correia toma a palavra pela primeira vez perante as câmaras de televisão e, ainda para mais, lado a lado com Jerónimo de Sousa. Fala escorreito, mas no final lamenta em privado ter "falado um pouco baralhado", tal era a "confusão" e o "stress" de entrar numa campanha eleitoral.

É ele o autor da proeza de ter conseguido organizar uma pequena população de 800 almas, e travar os planos da CP de encerrar o apeadeiro da Lapa do Lobo. Missão cumprida, e, nas eleições seguintes ganhou um lugar nas listas da CDU e um posto como autarca na assembleia de freguesia da terra.

"Não é fácil", confessa perante as camaras de televisão e os camaradas da direção nacional do partido. Mas com o balanço da vitória recente, acredita que ainda é possível melhorar o estado do apeadeiro, onde não há espaço para os utentes esperarem pelos comboios, nem resguardos para o sol ou a chuva, nem casas de banho. Não há nada e sobra um caminho de pedras, ingreme e perigoso, para aceder ao comboio.

Mesmo perante os jornalistas, Fernando não consegue deixar a franqueza de lado. O problema é que "a minha esposa já não sobe a ladeira, mas tambem não desce", reconhece. A prova de algodão fez-se levando o secretário geral comunista a, literalmente, fazer esse caminho das pedras.

Jerónimo supera a prova, mas reconhece a dificuldade do percurso. Deste, entre o apeadeiro e o local onde presta declarações aos jornalista, mas também do outro caminho que falta percorrer: o que leva da campanha em Viseu à eleição de um deputado por aquele distrito no Parlamento. "Mesmo muito difícil, esse é o grande objetivo", reconheceu, horas antes, na Urgeiriça o secretário geral do PCP.

Jerónimo nota diferenças. Tal como Miguel Tiago, o cabeça de lista da CDU por Viseu, ambos veem "diferenças significativas" no contacto de rua com as populações. "Podemos andar por qualquer sítio, sem hostilidade e até com o reconhecimento pelo nosso trabalho", diz o líder. "Não tenho razões de queixa, fui sempre bem recebido", completa Miguel Tiago.

Duas mulheres da freguesia da Lapa do Lobo, porém, não estão contentes com a recepção dada aos visitantes ilustres. "Não se recebe ninguém na rua!", diz Maria Aurora, descontente por ver Jerónimo ao sol, "ali de pé, quando há um salão da junta tão lindo". A terra ainda tem muito para fazer como trabalho de casa eleitoral. "Isto aqui é muito tristinho", dizia outra mulher do apeadeiro ferroviário de onde Jerónimo de Sousa partiu para uma viagem de três minutos de comboio. O líder comunista estava, porém, contente. "É uma grande satisfação estar perante um povo lutador", disse aos que o aplaudiram à chegada.

A pequena aldeia ouviu e viu a comitiva seguir caminho.

"Batam palmas, carago!", disse um homem ao pequeno grupo de mulheres que, de bandeira ao ombro, esperavam Jerónimo de Sousa à saída do comboio. Estamos na Lapa do Lobo, um pequeno apeadeiro a três minutos de Canas de Senhorim, que tinha ordem de encerramento passada em Lisboa. Mas as gentes da terra não deixaram e, dois anos depois da "luta", receberam em festa o líder comunista que "foi o único que nos ajudou".

Jerónimo nunca tinha posto os pés naquela terra, nem a caravana eleitoral comunista alguma vez passou por aquelas bandas, onde em tempos reinou o Cavaquistão e nunca, mas nunca, o PCP conseguiu eleger qualquer deputado. Mas as coisas mudaram quando conseguiram colocar esta lança em África e abrir terreno em território hostil. E, de repente, a Lapa do Lobo é uma espécie de aldeia de Asterix, uma ilha eleitoral que, mesmo não ganhando aos 'romanos' acaba por moer e muito os adversários políticos que dominam a freguesia, o concelho e o distrito.

“Não se recebe ninguém na rua!”

Fernando Oliveira Correia toma a palavra pela primeira vez perante as câmaras de televisão e, ainda para mais, lado a lado com Jerónimo de Sousa. Fala escorreito, mas no final lamenta em privado ter "falado um pouco baralhado", tal era a "confusão" e o "stress" de entrar numa campanha eleitoral.

É ele o autor da proeza de ter conseguido organizar uma pequena população de 800 almas, e travar os planos da CP de encerrar o apeadeiro da Lapa do Lobo. Missão cumprida, e, nas eleições seguintes ganhou um lugar nas listas da CDU e um posto como autarca na assembleia de freguesia da terra.

"Não é fácil", confessa perante as camaras de televisão e os camaradas da direção nacional do partido. Mas com o balanço da vitória recente, acredita que ainda é possível melhorar o estado do apeadeiro, onde não há espaço para os utentes esperarem pelos comboios, nem resguardos para o sol ou a chuva, nem casas de banho. Não há nada e sobra um caminho de pedras, ingreme e perigoso, para aceder ao comboio.

Mesmo perante os jornalistas, Fernando não consegue deixar a franqueza de lado. O problema é que "a minha esposa já não sobe a ladeira, mas tambem não desce", reconhece. A prova de algodão fez-se levando o secretário geral comunista a, literalmente, fazer esse caminho das pedras.

Jerónimo supera a prova, mas reconhece a dificuldade do percurso. Deste, entre o apeadeiro e o local onde presta declarações aos jornalista, mas também do outro caminho que falta percorrer: o que leva da campanha em Viseu à eleição de um deputado por aquele distrito no Parlamento. "Mesmo muito difícil, esse é o grande objetivo", reconheceu, horas antes, na Urgeiriça o secretário geral do PCP.

Jerónimo nota diferenças. Tal como Miguel Tiago, o cabeça de lista da CDU por Viseu, ambos veem "diferenças significativas" no contacto de rua com as populações. "Podemos andar por qualquer sítio, sem hostilidade e até com o reconhecimento pelo nosso trabalho", diz o líder. "Não tenho razões de queixa, fui sempre bem recebido", completa Miguel Tiago.

Duas mulheres da freguesia da Lapa do Lobo, porém, não estão contentes com a recepção dada aos visitantes ilustres. "Não se recebe ninguém na rua!", diz Maria Aurora, descontente por ver Jerónimo ao sol, "ali de pé, quando há um salão da junta tão lindo". A terra ainda tem muito para fazer como trabalho de casa eleitoral. "Isto aqui é muito tristinho", dizia outra mulher do apeadeiro ferroviário de onde Jerónimo de Sousa partiu para uma viagem de três minutos de comboio. O líder comunista estava, porém, contente. "É uma grande satisfação estar perante um povo lutador", disse aos que o aplaudiram à chegada.

A pequena aldeia ouviu e viu a comitiva seguir caminho.

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