O Grande Satã e o Eixo do Mal chegam a acordo

19-07-2015
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É uma notícia da primeira hora de um dia que, confirmando-se, será histórico: há acordo do grupo de seis países liderado pelos Estados Unidos com o Irão para limitar o programa nuclear em troca de alívio de sanções. A notícia foi dada em primeira mão pela Associated Press, aqui citada pela BBC .

Outra New York Times explica. Foram vinte meses de negociações e, segundo as primeiras informações, ainda não oficiais, o grupo constituído pelos EUA, Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia aceitou levantar sanções financeiras e petrolíferas a Teerão, que por sua vez limita o seu programa nuclear durante uma década.

Já segundo a CNN, os representantes das partes vão reunir-se em Viena ainda esta manhã antes dos anúncios oficiais. Assim se conclui a última maratona de negociações, com vista a impedir que o Irão se tornasse uma potência nuclear. O acordo, que há de ser felicitado por Barack Obama, tem enfrentado forte contestação dos republicanos no Congresso norte-americano, e será criticado pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

Estados Unidos e Irão poderão deixar de tratar-se reciprocamente como “Eixo do Mal” e “o Grande Satã”. São tempos históricos. Como explica o El Pais, “o acordo, que trava o acesso dos iranianos à bomba atómica em troca do levantamento de sanções, abre a porta à reconfiguração do Médio Oriente”.

O OUTRO ACORDO

O da Grécia, claro: ontem, falhou um pagamento do empréstimo do FMI no âmbito do segundo resgate; hoje, o Syriza terá a sua primeira demissão de peso, a do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, que irá votar contra o plano acordado por Alexis Tsipras; amanhã, o Parlamento terá de aprovar o documento; e entretanto os sindicatos já estão a marcar greves contra o acordo.

São as sequelas ao acordo de domingo, que pode ler aqui em português, e que abre espaço ao terceiro resgate da Grécia que, como explica o Negócios, será muito diferente dos anteriores, até porque “a Grécia ficará mais à mercê dos riscos de não cumprir o prometido”, explica a jornalista Eva Gaspar.

Difícil é encontrar quem defende o acordo. Assim de rajada: “Pela terceira vez, Alemanha contra a Europa”, escreve Daniel Oliveira no Expresso Diário, onde Henrique Monteiro afirma que “um acordo é um acordo - não tem derrotados” e Henrique Raposo defende que “a Finlândia tem razões de queixa da Grécia”. Eu próprio escrevi sobre “O maior resgate de sempre. O maior perdão de sempre. A maior depressão de sempre?”. Já o Nicolau Santos exclama “Olha se não fosse o Pedro!”, ironizando com a tirada de Passos Coelho, que se gabou de que por acaso foi uma ideia sua que desbloqueou o último pormenor do acordo, o que aliás deu azo a galhofa nas redes sociais. No Expresso online, o Ricardo Costa escreve sobre “Passos, do conto de crianças aos louros da madrugada” e, na SIC, Miguel Sousa Tavares afirmou que a Grécia foi submetida a “condições medievais de conquista e saque”.

Noutros jornais, neste caso no DN, André Macedo diz que o acordo “é um desastre” e Wolfgang Munchau titula que “os brutais credores da Grécia têm arrasado o projeto da zona euro”. “A Europa deixou de ser Europa”, escreve Mariana Mortágua no Jornal de Notícias, depois da “noite zombie do euro”, expressão de Fernando Sobral no Negócios. É “o princípio do fim do euro como o conhecemos”, concorda Paulo Ferreira no Observador. “É oficial, o euro deixou de ser uma divisa irreversível”, conclui o blogue Economiainfo. Já no Público, Teresa de Sousa avisa: “Mais insustentável que a irresponsabilidade do Governo grego é um domínio alemão que dispense a França”.

Lá fora, não é muito diferente: O The Guardian diz que o acordo “não resolve nada e mantém muitos perigos”, o New York Times diz que ele prejudica a Grécia e o Financial Times assevera que o acordo é custoso tanto para a Grécia como para a Europa. O El Pais assume “o fracasso de Tsipras.”

OUTRAS NOTÍCIAS

O Banco de Portugal acusa Ricardo Salgado de ter mentido já depois de se saber da dívida oculta da ESI, noticia o Negócios em manchete. O supervisor justifica parte da sua atuação nos meses antes da queda do BES precisamente com a informação falsa prestada de forma deliberada por Salgado. “Esta é apenas uma das cinco infracções de que o antigo banqueiro está acusado no primeiro processo de contra-ordenação do supervisor”, adita o diário.

Carlos Tavares apresenta hoje uma proposta para o reembolso integral do papel comercial do GES, explica o Negócios.

No Expresso Diário explicamos como António Costa esteve em braço de ferro na Madeira - e perdeu. Segundo o Económico, a rutura de Costa com o passado começa nas listas do PS: só dois cabeças-de-lista de 2011 se mantêm. Saiba no Negócios quem são os cabeças-de-lista que António Costa escolheu.

Já o PSD quebra a tradição e leva CDS à festa do Pontal, avança o Público. E a CDU quer mais mulheres nas listas para o Parlamento, nota o muito atento Miguel Santos no Observador: 14 homens e 8 mulheres nas listas.

Na Rádio Renascença, Maria de Belém comentou esta noite a sondagem do Expresso que lhe dá 25% de preferências à esquerda para as eleições presidenciais. “Acho que é uma sondagem interessante uma vez que eu não me afirmei como candidata”, disse. Continuando a não dizer se avança, a socialista afirmou: “Não posso esconder que tem havido muitas pessoas que cruzando-se comigo ou enviando e-mails coloca essa questão”.

Já Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio, que estão na comissão de candidatura de Sampaio da Nóvoa a Presidente da República, estão a pressionar António Costa a pronunciar-se sobre quem apoia – e se apoia o candidato independente. No Diário de Notícias.

O fim da linha de produção do Volkswagen Eos leva ao desaparecimento de 200 postos de trabalho no parque industrial da Autoeuropa, em Palmela. Notícia do Económico.

O sheik Hamad Bin Jassim Bin Jaber Al Thani comprou 10% do El Corte Inglès, conta o El Pais .

O BBVA vai deixar de conceder crédito à habitação em Portugal, noticia o Económico. Exceto para quem comprar imóveis do banco.

O Deutsche Bank está a ser investigado por alegada lavagem de dinheiro russo. O jornal i explica.

Gil Martins, antigo comandante da Proteção Civil, foi condenado por desvio de fundos: quatro anos e meio de prisão com pena suspensa por peculato. Em causa estão almoçaradas e jantaradas que chegaram a custar 684 euros. Notícia do Público. Mas também equipamentos informáticos, vídeo e áudio comprados com dinheiros destinados ao combate aos incêndios.

A sonda “New Horizons” conseguirá hoje a sua aproximação máxima a Plutão. O EL Mundo mostra o que está em causa.

FRASES

“É mais difícil ao tribunal absolver um arguido mediático do que uma pessoa que não tenha esta mediatização.” Tiago Rodrigues Bastos, advogado de Armando Vara, no Expresso Diário.

“Neste acordo ninguém saiu vitorioso: nem os que humilharam, nem os que se submeteram”. Fernando Sobral, no Negócios.

“É definitivo? Pode não ser, pois a rua em Atenas talvez não goste do acordo nem de ter sido enganada por Tsipras e pela retórica colorida mas enganadora da extrema-esquerda.” Paulo Sande, no Observador.

O QUE EU ANDO A LER

Faz vinte anos. Foi em julho de 1995 que, naquele que ficou conhecido como o massacre de Srebrenica, quase oito mil muçulmanos desarmados foram executados por forças sérvias bósnias. O crime horrendo - o maior massacre em solo europeu desde a II Guerra Mundial - levou a bombardeamentos da Nato, numa guerra que toda a gente na Bósnia e Herzegovina ainda se lembra com as feridas abertas. Porque afinal, “Na Bósnia 20 anos são dois dias”, título da reportagem multimédia de Catarina Santos na Rádio Renascença, que não pode perder, mesmo que lhe tire a respiração. É uma reportagem muito dura de ver (e ler e ouvir), a partir do lugar onde ainda se está “a aprender a pronunciar a palavra democracia. Em três idiomas diferentes.”

E pronto, este Curto já vai Comprido. Acompanhe-nos em tempo real no Expresso Online e às 18 horas, como sempre, no Expresso Diário.

Tenha um óptimo dia!

É uma notícia da primeira hora de um dia que, confirmando-se, será histórico: há acordo do grupo de seis países liderado pelos Estados Unidos com o Irão para limitar o programa nuclear em troca de alívio de sanções. A notícia foi dada em primeira mão pela Associated Press, aqui citada pela BBC .

Outra New York Times explica. Foram vinte meses de negociações e, segundo as primeiras informações, ainda não oficiais, o grupo constituído pelos EUA, Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia aceitou levantar sanções financeiras e petrolíferas a Teerão, que por sua vez limita o seu programa nuclear durante uma década.

Já segundo a CNN, os representantes das partes vão reunir-se em Viena ainda esta manhã antes dos anúncios oficiais. Assim se conclui a última maratona de negociações, com vista a impedir que o Irão se tornasse uma potência nuclear. O acordo, que há de ser felicitado por Barack Obama, tem enfrentado forte contestação dos republicanos no Congresso norte-americano, e será criticado pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

Estados Unidos e Irão poderão deixar de tratar-se reciprocamente como “Eixo do Mal” e “o Grande Satã”. São tempos históricos. Como explica o El Pais, “o acordo, que trava o acesso dos iranianos à bomba atómica em troca do levantamento de sanções, abre a porta à reconfiguração do Médio Oriente”.

O OUTRO ACORDO

O da Grécia, claro: ontem, falhou um pagamento do empréstimo do FMI no âmbito do segundo resgate; hoje, o Syriza terá a sua primeira demissão de peso, a do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, que irá votar contra o plano acordado por Alexis Tsipras; amanhã, o Parlamento terá de aprovar o documento; e entretanto os sindicatos já estão a marcar greves contra o acordo.

São as sequelas ao acordo de domingo, que pode ler aqui em português, e que abre espaço ao terceiro resgate da Grécia que, como explica o Negócios, será muito diferente dos anteriores, até porque “a Grécia ficará mais à mercê dos riscos de não cumprir o prometido”, explica a jornalista Eva Gaspar.

Difícil é encontrar quem defende o acordo. Assim de rajada: “Pela terceira vez, Alemanha contra a Europa”, escreve Daniel Oliveira no Expresso Diário, onde Henrique Monteiro afirma que “um acordo é um acordo - não tem derrotados” e Henrique Raposo defende que “a Finlândia tem razões de queixa da Grécia”. Eu próprio escrevi sobre “O maior resgate de sempre. O maior perdão de sempre. A maior depressão de sempre?”. Já o Nicolau Santos exclama “Olha se não fosse o Pedro!”, ironizando com a tirada de Passos Coelho, que se gabou de que por acaso foi uma ideia sua que desbloqueou o último pormenor do acordo, o que aliás deu azo a galhofa nas redes sociais. No Expresso online, o Ricardo Costa escreve sobre “Passos, do conto de crianças aos louros da madrugada” e, na SIC, Miguel Sousa Tavares afirmou que a Grécia foi submetida a “condições medievais de conquista e saque”.

Noutros jornais, neste caso no DN, André Macedo diz que o acordo “é um desastre” e Wolfgang Munchau titula que “os brutais credores da Grécia têm arrasado o projeto da zona euro”. “A Europa deixou de ser Europa”, escreve Mariana Mortágua no Jornal de Notícias, depois da “noite zombie do euro”, expressão de Fernando Sobral no Negócios. É “o princípio do fim do euro como o conhecemos”, concorda Paulo Ferreira no Observador. “É oficial, o euro deixou de ser uma divisa irreversível”, conclui o blogue Economiainfo. Já no Público, Teresa de Sousa avisa: “Mais insustentável que a irresponsabilidade do Governo grego é um domínio alemão que dispense a França”.

Lá fora, não é muito diferente: O The Guardian diz que o acordo “não resolve nada e mantém muitos perigos”, o New York Times diz que ele prejudica a Grécia e o Financial Times assevera que o acordo é custoso tanto para a Grécia como para a Europa. O El Pais assume “o fracasso de Tsipras.”

OUTRAS NOTÍCIAS

O Banco de Portugal acusa Ricardo Salgado de ter mentido já depois de se saber da dívida oculta da ESI, noticia o Negócios em manchete. O supervisor justifica parte da sua atuação nos meses antes da queda do BES precisamente com a informação falsa prestada de forma deliberada por Salgado. “Esta é apenas uma das cinco infracções de que o antigo banqueiro está acusado no primeiro processo de contra-ordenação do supervisor”, adita o diário.

Carlos Tavares apresenta hoje uma proposta para o reembolso integral do papel comercial do GES, explica o Negócios.

No Expresso Diário explicamos como António Costa esteve em braço de ferro na Madeira - e perdeu. Segundo o Económico, a rutura de Costa com o passado começa nas listas do PS: só dois cabeças-de-lista de 2011 se mantêm. Saiba no Negócios quem são os cabeças-de-lista que António Costa escolheu.

Já o PSD quebra a tradição e leva CDS à festa do Pontal, avança o Público. E a CDU quer mais mulheres nas listas para o Parlamento, nota o muito atento Miguel Santos no Observador: 14 homens e 8 mulheres nas listas.

Na Rádio Renascença, Maria de Belém comentou esta noite a sondagem do Expresso que lhe dá 25% de preferências à esquerda para as eleições presidenciais. “Acho que é uma sondagem interessante uma vez que eu não me afirmei como candidata”, disse. Continuando a não dizer se avança, a socialista afirmou: “Não posso esconder que tem havido muitas pessoas que cruzando-se comigo ou enviando e-mails coloca essa questão”.

Já Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio, que estão na comissão de candidatura de Sampaio da Nóvoa a Presidente da República, estão a pressionar António Costa a pronunciar-se sobre quem apoia – e se apoia o candidato independente. No Diário de Notícias.

O fim da linha de produção do Volkswagen Eos leva ao desaparecimento de 200 postos de trabalho no parque industrial da Autoeuropa, em Palmela. Notícia do Económico.

O sheik Hamad Bin Jassim Bin Jaber Al Thani comprou 10% do El Corte Inglès, conta o El Pais .

O BBVA vai deixar de conceder crédito à habitação em Portugal, noticia o Económico. Exceto para quem comprar imóveis do banco.

O Deutsche Bank está a ser investigado por alegada lavagem de dinheiro russo. O jornal i explica.

Gil Martins, antigo comandante da Proteção Civil, foi condenado por desvio de fundos: quatro anos e meio de prisão com pena suspensa por peculato. Em causa estão almoçaradas e jantaradas que chegaram a custar 684 euros. Notícia do Público. Mas também equipamentos informáticos, vídeo e áudio comprados com dinheiros destinados ao combate aos incêndios.

A sonda “New Horizons” conseguirá hoje a sua aproximação máxima a Plutão. O EL Mundo mostra o que está em causa.

FRASES

“É mais difícil ao tribunal absolver um arguido mediático do que uma pessoa que não tenha esta mediatização.” Tiago Rodrigues Bastos, advogado de Armando Vara, no Expresso Diário.

“Neste acordo ninguém saiu vitorioso: nem os que humilharam, nem os que se submeteram”. Fernando Sobral, no Negócios.

“É definitivo? Pode não ser, pois a rua em Atenas talvez não goste do acordo nem de ter sido enganada por Tsipras e pela retórica colorida mas enganadora da extrema-esquerda.” Paulo Sande, no Observador.

O QUE EU ANDO A LER

Faz vinte anos. Foi em julho de 1995 que, naquele que ficou conhecido como o massacre de Srebrenica, quase oito mil muçulmanos desarmados foram executados por forças sérvias bósnias. O crime horrendo - o maior massacre em solo europeu desde a II Guerra Mundial - levou a bombardeamentos da Nato, numa guerra que toda a gente na Bósnia e Herzegovina ainda se lembra com as feridas abertas. Porque afinal, “Na Bósnia 20 anos são dois dias”, título da reportagem multimédia de Catarina Santos na Rádio Renascença, que não pode perder, mesmo que lhe tire a respiração. É uma reportagem muito dura de ver (e ler e ouvir), a partir do lugar onde ainda se está “a aprender a pronunciar a palavra democracia. Em três idiomas diferentes.”

E pronto, este Curto já vai Comprido. Acompanhe-nos em tempo real no Expresso Online e às 18 horas, como sempre, no Expresso Diário.

Tenha um óptimo dia!

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