Jerónimo de Sousa: “Comunicação social dominante criou onda de medo e alarmismo”

10-05-2020
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Começou por falar de uma “lógica alarmista” no que toca à pandemia e, mesmo após os efeitos do surto se terem feito sentir em Portugal e em consequência a economia ter praticamente paralisado, o PCP mantém a mesma opinião - e aponta um responsável.

“A comunicação social dominante - alguns, não todos - criou a onda do medo e do alarmismo. Fiquei uns dias em casa, devido à situação, e sentava-me perante as televisões e ficava esmagado. Não é a questão da necessidade de informar, isso é o elemento fundamental e o papel da comunicação social. Agora, assisti muitas vezes a peças que conduziam ao medo, ao alarmismo, às vezes à resignação”, defende Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, em entrevista ao Expresso, a publicar na íntegra na edição deste sábado.

Apesar do tal “alarmismo” que continua a acreditar ter existido relativamente à pandemia, as medidas tomadas para conter o surto “percebem-se perfeitamente”, assume o líder comunista, que não notou “abusos” na aplicação das regras por parte do Governo. Exceção feita, ressalva, à falha em proibir despedimentos, sobretudo de quem tinha contratos precários: “Isto a mim inquieta-me, porque eu ainda sou do tempo em que na fábrica o patrão chegava ao pé de si e dizia: ‘está despedido. Por que razões? Porque eu quero’. Esse período não devia voltar”.

Ainda assim, os comunistas continuam a considerar a declaração do estado de emergência “desnecessária”, porque “a esmagadora maioria do povo português não teve qualquer reação negativa a medidas de prevenção e contenção”. “Dito assim, o que é o estado de emergência, em termos de conteúdo?”.

Há "preocupações legítimas" sobre o 25 de abril

E será a comemoração do 25 de abril, que acontecerá este sábado no Parlamento, em versão reduzida e depois de muitas emendas aos moldes iniciais, prudente? Jerónimo de Sousa reconhece que há “preocupações legítimas” sobre o confinamento, mas garante que “alguns, não todos, usam a forma para esconder a substância”. E o objetivo desses será “esconder, particularmente à juventude, o que foi o 25 de abril”.

“Uma vez fui a uma escola fazer um debate com os alunos. Falei de abril, do que havia antes e o que aconteceu depois em termos de reconquista da liberdade, do que era o fascismo", recorda o líder comunista. "No fim da sessão, um jovem levantou-se e disse: porque é que vocês nunca nos disseram isto? Em muitas situações os jovens não sabem o que foi abril, mesmo que muitas vezes lutem pelos valores de abril. Mas nunca me esqueci dessa expressão. Hoje a maioria dos portugueses não tinha nascido ou era bem pequenino. E é preciso dizer-lhes o que foi”.

Será também para “valorizar” a data que será Jerónimo de Sousa, este sábado, o responsável por fazer o discurso do PCP na Assembleia da República, por “determinação dos camaradas” - não só é secretário-geral do partido como é também o deputado “mais resistente” do Parlamento, tendo assento desde os tempos da Assembleia Constituinte.

Mas será um sinal de despedida com olhos no congresso marcado para novembro, como por vezes se especula? Jerónimo repete a fórmula costumeira - “a questão do secretário-geral não vai ser um problema do congresso”. Porque não acontecerá, porque já está tratada ou porque não será esse o timing da sucessão? “Naturalmente em relação à direção do partido há um desenvolvimento de trabalhos, de auscultação, de saber a opinião dos militantes, dos membros do comité central... é uma ampla discussão democrática. Vamos eleger o comité central e é o comité central que elege o secretário-geral. É uma discussão que está em desenvolvimento, mas esta é uma garantia que gostaria de dar: é que, de facto, não vai ser um problema”.

Começou por falar de uma “lógica alarmista” no que toca à pandemia e, mesmo após os efeitos do surto se terem feito sentir em Portugal e em consequência a economia ter praticamente paralisado, o PCP mantém a mesma opinião - e aponta um responsável.

“A comunicação social dominante - alguns, não todos - criou a onda do medo e do alarmismo. Fiquei uns dias em casa, devido à situação, e sentava-me perante as televisões e ficava esmagado. Não é a questão da necessidade de informar, isso é o elemento fundamental e o papel da comunicação social. Agora, assisti muitas vezes a peças que conduziam ao medo, ao alarmismo, às vezes à resignação”, defende Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, em entrevista ao Expresso, a publicar na íntegra na edição deste sábado.

Apesar do tal “alarmismo” que continua a acreditar ter existido relativamente à pandemia, as medidas tomadas para conter o surto “percebem-se perfeitamente”, assume o líder comunista, que não notou “abusos” na aplicação das regras por parte do Governo. Exceção feita, ressalva, à falha em proibir despedimentos, sobretudo de quem tinha contratos precários: “Isto a mim inquieta-me, porque eu ainda sou do tempo em que na fábrica o patrão chegava ao pé de si e dizia: ‘está despedido. Por que razões? Porque eu quero’. Esse período não devia voltar”.

Ainda assim, os comunistas continuam a considerar a declaração do estado de emergência “desnecessária”, porque “a esmagadora maioria do povo português não teve qualquer reação negativa a medidas de prevenção e contenção”. “Dito assim, o que é o estado de emergência, em termos de conteúdo?”.

Há "preocupações legítimas" sobre o 25 de abril

E será a comemoração do 25 de abril, que acontecerá este sábado no Parlamento, em versão reduzida e depois de muitas emendas aos moldes iniciais, prudente? Jerónimo de Sousa reconhece que há “preocupações legítimas” sobre o confinamento, mas garante que “alguns, não todos, usam a forma para esconder a substância”. E o objetivo desses será “esconder, particularmente à juventude, o que foi o 25 de abril”.

“Uma vez fui a uma escola fazer um debate com os alunos. Falei de abril, do que havia antes e o que aconteceu depois em termos de reconquista da liberdade, do que era o fascismo", recorda o líder comunista. "No fim da sessão, um jovem levantou-se e disse: porque é que vocês nunca nos disseram isto? Em muitas situações os jovens não sabem o que foi abril, mesmo que muitas vezes lutem pelos valores de abril. Mas nunca me esqueci dessa expressão. Hoje a maioria dos portugueses não tinha nascido ou era bem pequenino. E é preciso dizer-lhes o que foi”.

Será também para “valorizar” a data que será Jerónimo de Sousa, este sábado, o responsável por fazer o discurso do PCP na Assembleia da República, por “determinação dos camaradas” - não só é secretário-geral do partido como é também o deputado “mais resistente” do Parlamento, tendo assento desde os tempos da Assembleia Constituinte.

Mas será um sinal de despedida com olhos no congresso marcado para novembro, como por vezes se especula? Jerónimo repete a fórmula costumeira - “a questão do secretário-geral não vai ser um problema do congresso”. Porque não acontecerá, porque já está tratada ou porque não será esse o timing da sucessão? “Naturalmente em relação à direção do partido há um desenvolvimento de trabalhos, de auscultação, de saber a opinião dos militantes, dos membros do comité central... é uma ampla discussão democrática. Vamos eleger o comité central e é o comité central que elege o secretário-geral. É uma discussão que está em desenvolvimento, mas esta é uma garantia que gostaria de dar: é que, de facto, não vai ser um problema”.

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